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Depois de deixarmos a mesa, eu e Hyunjin estávamos arrumando o quarto, até então, em um silêncio mortal de inconfortável. Ele não abria a boca, e eu muito menos; era bipolar demais e isso me dava nos nervos.
Eu até entendia a situação de ontem, afinal, acabara de sair de um relacionamento, e se até os anos de hoje não é muito agradável começar outro logo após sair de um, eu imagino como deve ser um estardalhaço na época dele. Também entendo que fora meio inconveniente da minha parte beijá-lo naquele momento, porque:
1.eu estava obviamente carente, e se tem uma coisa que TODO homem odeia, é uma carência causada por outra pessoa que acaba sendo direcionada à ele.
2.em nenhum momento eu disse que sentia algo por ele, e nem ele por mim, então além de desagradável, eu basicamente assediei ele.
3.EU BEIJEI ELE.
4.ELE É DOS ANOS 70.
Pondo os fatos em mesa — acrescentando que eu não coloquei todos —, me sinto uma idiota. Mas não me arrependo. Não mesmo.
E se ele disse que queria ver eu arrumando a confusão para depois tocar no assunto, já estava dando certo. Por que raios eu acharia ele lindo um horário desses, onde ele estava com o cabelo bagunçando, a cara amassada de sono e os lábios tão cheios que ficavam até avermelhados? A resposta pareceria óbvia se não fosse ele, afinal, não consegue ser feio.
Por que fico tão feliz e me sinto tão completa com ele aqui? Por que não quero pensar na ideia de ficar longe dele, e muito menos de aborrecê-lo? Por que no dia em que o conheci, entrei em casa sorrindo feito uma criancinha? Por que fico encantada com os olhos dele, com aquele pontinho abaixo de seu olho, os lábios fartos, a silhueta do corpo, e o modo de falar? Céus! Eram com essas perguntas que eu chegava cada vez mais perto da resposta.
Amor à primeira vista? Cruzes, isso não é possível nem no século dele.
Apaixonada? Eu conheci ele ontem!
— Senhorita? — a mão larga chacoalhou na frente de meus olhos, e quando saí de transe, ele deu risada.
— Hm? — pisquei rapidamente.
— Eu perguntei duas vezes á você onde posso guardar as cobertas, mas estava muito ocupada apreciando-me, não? — ele tombou a cabeça pro lado, abrindo aquele sorriso que fazia minha pupila brigar por espaço no olho.
