── 𝓟𝗋𝗂́𝗇𝖼𝗂𝗉𝖾 𝖾𝗇𝖼𝖺𝗇𝗍𝖺𝖽𝗈.

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    A aurora do Sol arrasta-se, espalhafatosa, e cobre todo o quintal florido de margaridas, que mamãe costuma regar toda manhã. O dia está quente, de forma que quando chegamos em casa, as bochechas de minha Yang estão enrubescidas, destacando o tom pálido de sua pele de boneca.

   Após tamanha ansiedade, tantas superstições de como seria, o dia, mesmo tardando, chegara  Hyunmin fechará todas as fendas abertas, assim, destruindo a máquina do tempo. Fico tenso de pensar novamente no que há por vir; nem percebi que estava tentando evitar esse pensamento, até ele voltar.

   Estou apoiado no batente de madeira da porta de meu quarto, jogando conversa fora com a pequena Yang,  quando meu irmão vem ao nosso encontro, terminando de exalar um suspiro pesado.

   Preciso admitir que sentirei falta da carranca diária esboçada em seu rosto, sua postura reta como se alguém houvesse cravado uma haste em suas costas, e a forma como sorri para baixo quando está feliz; minha Nabi costuma sorrir com os olhos, mas meu irmão, faz careta com os dele.

— Já contei tudo à mamãe — sua voz sai rala, como se arranhasse sua garganta.

  Respiro fundo, desvencilhando minha mão do quadril fino de minha amada. Seus olhos castanhos me assistem com cautela, como se eu fosse feito de vidro.

— Como ela reagiu? — pergunto, receoso.

— Estava tachando-me de enlouquecido até levá-la para ver a máquina — diz de forma breve — Após finalmente acreditar, contei-lhe que você iria para o século de Yang e ficaria lá até que a viagem seja segura.

   Por um instante, espero o pior; mas como se ouvisse meu pensamento, ele rapidamente continua, de forma tranquila:

— Atrevo-me a dizer que não está brava, por incrível que pareça — ele cutuca a caneta pendurada em sua orelha, a qual Nabi o dera de presente há pouco — Na verdade, acho que não soube como reagir. Parecia em transe.

     Solto minha respiração, sem sequer perceber que estava segurando-a. Olho para os olhos de minha Nabi novamente, e dessa vez eles me assistem como se quisessem me passar a coragem que me falta, sempre me lembrando de que mesmo sendo tão pequenina e frágil, ela é meu pilar, que segura todo o meu peso quando não o aguento. Me sinto momentaneamente grato por tê-la aqui.

— Irei me despedir — digo, por fim.

  Sem delongas, Hyunmin vira as costas e some no corredor; eu, por minha vez, estendo mais alguns trinta segundos em silêncio encarando os olhos intensos de minha amada, tentando acalmar-me,  enquanto ela acaricia minha franja rebelde com seus dedos fininhos. Deixa um selar breve nos meus lábios, e em seguida encara-me em silêncio.

    Costumo gostar de quando ficamos assim, apenas apreciando os detalhes um do outro em silêncio, mas dessa vez, não consigo apreciar nem sequer um milésimo. Quero ouvi-la tagarelar um monte, preciso que sua boca esteja ocupada distraindo meus ouvidos, ou que esteja ocupada com a minha, qualquer forma que me distraia de pensar no que há de vir.

𝓐𝗆𝗈-𝗍𝖾, 𝗵𝘄𝗮𝗻𝗴 𝗵𝘆𝘂𝗻𝗷𝗶𝗻.Onde histórias criam vida. Descubra agora