── 𝓜𝖺́𝗊𝗎𝗂𝗇𝖺𝗌 𝖽𝗈 𝗍𝖾𝗆𝗉𝗈?

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Estávamos todos juntos à mesa. Hyunjin continuava preso em meu quarto, e por um instante me perguntei o que ele poderia estar fazendo — provavelmente encarando o teto, fuçando meus livros ou coisas do tipo.

Vovô colocava os pratos prontos e bonitos sobre a mesa com um sorriso satisfeito. Era macarronada com queijo e carne de boi. Sempre que ele fazia pratos com massa, o sorriso estampado em seu rosto era quase tão largo, que eu temia que as rugas nas bochechas pudessem rasgar — vovó costumava adorar as massas de vovô, e ele adorava passar tempo fazendo junto à ela.

     Vovó partiu ano passado, por causa de uma doença chata e mal-educada, que chegou de repente e levou vovó sem pedir licença. AVC.

     De qualquer jeito, pessoas mais velhas parecessem superar melhor essas perdas. Jeongin quer chorar sempre que tocamos no assunto. Eu, não sei bem como reagir, mas sinto saudade da companhia dela. Já vovô, lembra dela como uma memória bonita e vívida. Não hesita em recordar dela, e de tocar a música preferida dela todos os dias de manhã como um hino — Let's Groove, do Earth Wind & Fly. Era como se vovó não tivesse de fato falecido. Vovô fazia parecer que vovó foi tirar umas férias em um lugar que ela gostasse, e ligasse para ela sempre que pudesse.

      Eu achava encantador, mas não tinha tamanha maturidade. E, Jeongin, muito menos.

      Assim que avistou o prato com a macarronada e a carne coberta por algumas cebolas douradas pelo fogo — um dos pratos prediletos da vovó —, o pequeno se sentou em sua cadeira lentamente, a cabeça baixa e os olhinhos insistentes. Ele não queria que aquelas lágrimas caíssem, pois vovô adorava fazer essas coisas como se vovó fosse comer conosco, mas elas caíram; e vovô não viu, mas eu vi.

    Ele passou rapidamente a mão branquela pelo rosto e limpou a pequena gotinha salgada que poderia fazer mais estrago do que parecia. Vovô, depois de pôr a mesa, deixou um beijo desajeitado no topo de minha cabeça e de Jeongin, e se sentou em seu lugar na mesa — ele não era um dos melhores com afeto, pois esse era o papel de vovó; mas já era o suficiente.

— Vamos orar? — perguntou os olhinhos murchos, em meio as rugas discretas, cobertas por algumas sardas escuras.

    Vovô era cristão. Ele adorava ir à igreja nos fins de tarde, e algumas vezes ia de manhã também. Eu e Jeongin não frequentávamos como ele, mas gostávamos de ir aos domingos.

     Nessa hora, fechávamos os olhos para nos ligar aos céus, e juntávamos às mãos em comunhão. Vovó costumava dizer que os momentos de refeições são momentos de união.

𝓐𝗆𝗈-𝗍𝖾, 𝗵𝘄𝗮𝗻𝗴 𝗵𝘆𝘂𝗻𝗷𝗶𝗻.Onde histórias criam vida. Descubra agora