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𝓙𝓮𝓼𝓼𝓮 𝓡𝓾𝓽𝓱𝓮𝓻𝓯𝓸𝓻𝓭 - 𝓷𝓸 𝓬𝓸𝓻𝓹𝓸 𝓭𝓮 𝓒𝓪𝓼𝓼

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- Jessica... - eu ouvia alguém me chamar, resmungava um pouco... acabei despertando, abri os olhos com um pouco de dificuldade, Tom e eu esquecemos de fechar a varanda de novo na noite passada, a luz estrava em todo o lugar.

- senhor? - eu via uma figura entre a luz, depois dos meus olhos se acostumares um pouco. Me senti envergonhada por não estar totalmente coberta, peguei o lençol e puxei o mesmo, me cobrindo e indo até ele. - o que faz aqui? - eu olhava para trás e Tom ainda estava dormindo profundamente

O senhor sorria para mim, eu não entendia

- está na hora de se despedir, Jess.

- o que... por que? Não, eu não fiz nada certo! Eu fumei, eu bebi, eu dei drift em um carro e apanhei da mãe da menina que está nesse corpo, como eu posso voltar?!

- sua missão não era ser uma "santa na terra..." sua missão era ser feliz, se você foi feliz assim, você cumpriu sua missão. Fez 18 anos, se apaixonou... eu posso sentir, posso sentir que você quer viver.

- pela primeira vez na vida eu quero viver, e agora eu não posso... - eu ria sarcástica - então qual era o sentido de tudo isso? Me diz! - uma lágrima escorria

- essa era sua consequência, querer viver, e não poder... essa é a consequência de quem comete suicídio.

Eu passava a mão nas bochechas assim que senti o gosto salgado das lágrimas na minha boca

- me desculpa, são as regras. - ele falava

- o que você é? - eu perguntava séria

ele puxava o ar para me responder quando Tom se mexia na cama

- eu tenho que ir... se despeça dele.

eu fechava os olhos esperando ele ir embora, assim ele fez.

- Jess? - Tom me chamava com a voz rouca - o que está fazendo? você já puxa o lençol de noite, vai puxar de dia também? me deixar pelado? - ele ria mas seu sorriso se desfazia assim que ele via meu rosto vermelho - o que foi?

Eu ia até ele

- Jess o que foi? - ele segurava meu rosto esperando a resposta, eu tinha dificuldade em jogá-las para fora

- eu vou morrer de verdade, Tom... meu tempo acabou.

- não... não por que?

- é a minha consequência.

- você não pode ir, não pode! - eu via ele procurar uma saída, eu não queria que ele tentasse achar uma solução, não tinha.

- para, por favor. - eu segurava as mãos dele - você sabia desde o começo e eu também, me desculpa...

eu novamente passava a mão nos olhos

- eu só quero me despedir de você e dos meninos, vamos voltar para a Alemanha.

- quanto tempo você tem? - ele me olhava

- talvez um dia, talvez dois... não sei se consigo chegar lá e ver eles, mas quero tentar.

Ele passava a mão na testa

- vou reservar o voo, vá arrumar as malas.

{...}

Arrumamos as malas, ao contrário da vinda, a volta foi silenciosa, foi o luto... todas aquelas horas no avião, nós três mantínhamos contato físico e era só isso que sabíamos fazer, não tínhamos palavras para descrever a dor, pelo menos eu não.

{...}

Horas depois, chegamos.

- em casa... - eu abria a porta da frente ainda carregando as malas quando acendi a luz, e várias confetes voavam, quase morri de susto.

- BEM VINDOS! - Gustav e Georg junto com alguns amigos dos meninos estavam ali, eu sorria e os abraçava

- Cass! Vai me matar assim. - Georg falava ao sentir meu abraço apertado, eu olhava para Gustav do seu lado e dava um do mesmo jeito, ele fazia sinal que estava sem ar e eu ria.

- desculpa, fiquei com saudades.

- nós também ficamos... - Gustav dizia, eles nem imaginam.

Comemos pizza e bebemos muito, muito refrigerante a noite toda. As pessoas foram indo embora e eu ajudei Bill e Tom a limparem as coisas, estávamos nos arrumando para dormir

- queria ter te levado em um parque de diversões, ter ido em várias pistas de corrida... feito tantas coisas. - ele falava me olhando deitar de frente para ele

Eu sorria

- você é novo... vão ter outras pessoas

- não vão ser você.

Eu passava a mão no rosto dele, observava mais uma última vez seu piercing preto, sua pele clara e seu nariz perfeito.

- eu te amo. - eu dizia

- eu também, Jess... eu te amo mesmo.

Trocávamos olhares, como se estivéssemos nos conhecendo de novo.

- vou me despedir do Bill. - eu não ia aguentar ver ele chorando, precisava sair dali. Me levantei e fui até o quarto do mais novo, batia na porta algumas vezes e ele abria

- ei... posso entrar? Prometo que não quero transar com você. - eu ria

- claro. - ele ria e dava espaço na porta

Eu o olhava um pouco, e o abraçava

- obrigada por ser meu melhor amigo

- sou seu melhor amigo? - ele ria

- sim.

A mão leve dele passava ao topo da minha cabeça

- você é uma boa pessoa, vai dar tudo certo.

- você não falaria isso se me conhecesse antes...

Bill... a última coisa que eu senti foi o coração dele batendo perto do meu ouvido e o cheiro doce da sua blusa anestesiando meu nariz, minha visão embaçou e eu perdi as forças das pernas, vi apenas alguns momentos passando pelos olhos e algumas vozes se passando longe

- Tom, ela tá indo! Tom!

Eu via os pés do Tom se aproximando e ele segurando minha cabeça, a última coisa que eu vi, foi o rosto dele.

Tom, meu Tom... eu te descreveria como café forte e doce.

Com amor, Jess.

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