World behind my wall

27/10

Jesse rutherford

Era noite, estava mais frio que o normal, eu pulava a janela de casa e o ar que eu soltava pela boca se transformava em fumaça. Eu carregava uma mochila vazia, estava esperando passar por alguma construção e pegar alguns tijolos... faria de tudo para que minha mãe não achasse meu corpo.

- finalmente. - eu via um lugar abandonado enquanto andava até a ponte, não achei tijolos mas tinham algumas pedras grandes que dariam para o gasto, a mochila estava pesada, quase impossível de carregar.

Mais algum tempo e aqui eu estava, na ponte.

eu subia, nem pensava no que estava fazendo... eu suspirava e sentia o ar frio uma última vez congelar meu corpo, me inclinei e quando preparei para me soltar eu ouvi uma voz rouca

- não está na sua hora, mocinha.

Eu olhava para o lado assustada, eu olhei em volta antes, tinha certeza de que não tinha ninguém ali, o que um idoso com os cabelos grisalhos fazia nesse frio naquele horário?

- senhor não deveria estar aqui, está frio, vai pegar um resfriado...

- não está na sua hora, você vai ter consequências se fizer isso. - ele me olhava nos olhos, qualquer um me puxaria, imploraria para que eu não fizesse nada, mas ele só... é como se ele soubesse.

eu olhava para baixo, aquele enorme mundo de água embaixo dos meus pés... pensei na minha mãe, ela nunca saberia o que aconteceu com a filha, se eu fugi ou morri com algum coma alcoólico...

Olhei novamente para os lados e o senhor não estava mais lá, como um velho daquela idade andaria tão rápido?

eu voltaria para casa, estava decidida que voltaria... mas eu escorreguei tentando passar a perna para o outro lado.

eu caí na água gelada, ela anestesiava meu corpo e eu afundava rápido por conta da mochila nas minhas costas, eu a soltava mas já estava fundo demais, lutava para voltar a superfície, batia os braços e as pernas mas eu não saía do lugar... talvez eu devesse ter escutado minha mãe quando ela quis me colocar na natação e eu implorei para não ir, foi a última coisa que eu pensei antes de sentir a água entrar nos meus pulmões, invadir eles bruscamente e arder cada centímetro. Mais alguns segundos e eu desisti, parei de lutar e na minha cabeça já não se passava mais nada, apenas via minha visão escurecer e meu corpo começar a se acostumar com a dor.

{...}

𝓒𝓪𝓼𝓼𝓪𝓷𝓭𝓻𝓪 𝓼𝓶𝓲𝓽𝓱

Na semana que vem eu e Tom tiraríamos férias em um navio que iria da Alemanha até Nova York, eu tinha acabado de sair da agência, eles tinham me feito uma proposta de subir minha carreira em um nível... incrível! Estava entrando agora na casa dos meninos para contar a notícia.

- Tom! - eu corria até ele depois de o ver cozinhando algo, o mesmo me pegava em um abraço e me segurava no ar por poucos segundos

- Oi loirinha, está tão feliz assim em me ver?

- também, mas tenho uma novidade - eu dizia animada

Tom me olhava de cima pra baixo e colocava a mão na minha barriga

- você tem certeza que não é bosta?

- que isso Tom! Não tô grávida.

eu revirava os olhos e ele ria

- A Victoria Secrets me chamou pra ser angel! - eu pulava e Tom colocava a mão na cabeça

- Cass! Isso é incrível eu tô muito feliz por você meu amor - o garoto me dava um selinho demorado e segurava meu rosto enquanto eu sorria

- eu te amo! - eu dizia feliz

- te amo mais.  - seus olhos percorriam cada centímetro do meu rosto

Ele me envolveu em um beijo calmo, quente, que não demorou nada para virar algo violento, eu arranhava sua nuca e ele apertava minha bunda com força. Tom me pegava no colo e subíamos para o quarto, eu vivia mais na casa dele do que na minha e os meninos já estavam acostumados com os barulhos noturnos.

Depois de uma longa noite de "amor", pegamos no sono.

{...}

Jesse rutherford

11:45 da manhã

Eu acordava com uma luz invadindo meus olhos, pensei por alguns segundos
"Depois de ter cometido suicídio e depois de tantos pecados... como eu poderia estar no céu?" Abri meus olhos, uma longa cortina balançava com o vento em uma janela, percebi meu corpo nu coberto apenas por um lençol fino, que estranho... o céu tem cama? Até.. até eu olhar pro lado

- que? - um homem, DE TRANÇA, meu Deus medusa veio me buscar para ir pro inferno.

nunca gostei da medusa, e não sabia que no céu existia versão dela homem, então minha primeira reação foi a rejeição, chutei a medusa para fora da cama, obviamente fez um estrondo.

- AÍ CASS! - ele se levantava aos poucos com a voz rouca

- quem é Cass? - eu gritava com ele

- você? - ele agora realmente se levantava e estava pelado, era uma tentação de Deus pra ver se eu era realmente hétero? Porque por aquilo eu estava quase virando.

- pode parar de olhar para o meu pinto?Vê ele quase todo dia, ainda não se acostumou? - ele se ajoelhava e eu me encolhia no canto da cama me cobrindo com o lençol ao sentido em que ele se aproximava

- olha... eu sei que eu morri, mas até onde eu sei no céu nós não fazemos esse tipo de coisa não... - eu virava o rosto tentando evitar olhar para o meduso safado até que vi meu cabelo loiro, loiro? Eu não era loira. - mas que porra é essa?

eu via um espelho próximo no quarto, me levantava embrulhada na coberta e ia até ele, eu estava... diferente, quem era essa? Quem era esse menino? Esse quarto?

- onde eu tô?

- Cassandra, você tá na Alemanha, tá tudo bem?

E de repente eu percebi... eu estava falando alemão.