Não posso ser quem sou? O quê de errado há nisso?

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Nota: Este capítulo contem uma pequena cena obscena, estejam avisados.

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*HENRY*

Toda vez que seu avô o chama para uma caminhada, com o pretexto de que precisam conversar, nada de bom sai, pelo menos não para Henry, e dessa vez não foi diferente.

-Por que Philip não pode ir em meu lugar? Ele é o mais velho. – James é um alfa de 65 anos, muito orgulhoso de seu segundo gênero. Ele faz questão de mostrar isso em toda a sua postura dominante, o que faz com que Henry se sinta uma criança.

-Porque Henry, meu garoto, você também tem seus deveres como príncipe. E Philip já está participando de uma conferência em Paris. – James diz enquanto caminha com Henry pelos jardins do palácio. Henry sempre amou caminhar pelos jardins. Ele pensa que isso é a única coisa em comum que compartilha com seu avô, já seu irmão Philip é a cópia perfeita dele.

-Eu não posso sair daqui, meu pai precisa de mim. – Henry pensa que se ficar muito tempo longe de seu pai, nunca mais o verá, apesar de seu tratamento contra o câncer de tireoide estar evoluindo bastante nos últimos meses. O câncer que existe há dois anos.

-Ele tem uma equipe médica inteira cuidando dele. – Seu avô diz com indiferença. Ele nunca gostou do pai de Henry. Ele tem quase certeza de que ele comemorou o diagnóstico da doença.

-Ele também precisa do filho dele. – Henry sente que pode chorar nesse momento, mas ele não faria, pois, seu avô odeia o fato de Henry demonstrar muito dos seus sentimentos às vezes. Ele diz que isso é ser muito fraco e que ele não pode deixar que as pessoas fora do palácio vejam esse lado dele.

-Ele ainda vai estar aqui quando você voltar.

-Eu não quero ir.

-Em que momento dessa conversa você pensou que teria alguma escolha? – Henry não gosta de pensar em sua família como cruel, mas eles nunca parecem levar os sentimentos a sério. "Faça o que você tem que fazer e não reclame disso", eles sempre dizem.

-E Bea? Pensei que os alfas fossem sempre as primeiras escolhas para esses eventos.

-Sim, mas Bea não está em seu melhor momento, não é? – Ele não diz, mas Henry sabe o que ele quis dizer. O diagnóstico da doença de seu pai foi arrebatador para todos os filhos, mas principalmente para ele e para Bea, que são os mais próximos de seus pais. Henry se afundou na depressão e Bea na cocaína, algo que todos for a do palácio sabem. Ela ficou popularmente conhecida como a princesa do pó, o que não deixou seus avós nada felizes.

-Tudo bem. – diz Henry derrotado. – Como o senhor quiser.

Henry sempre se sentiu o mais excluído dos netos de sua família. Com o seu status, até então, de beta, ele sempre foi a última escolha de seus avós para eventos importantes. Eles sempre esperavam o momento certo para criticar todos os passos que Henry daria, mas ele sempre foi o mais comportado dos irmãos, o que parecia enfurecer seus avós. Eles não tinham muito o que reclamar dele. Quando eles descobriram sobre Bea e seu vício, foi um choque para todos. Seus avós fizeram de tudo para interná-la em clínicas de reabilitação, o que parecia nunca funcionar.

Um dia, então, Henry, em desespero e com medo de perder o pai e a irmã, implorou aos prantos para que Beatrice aceitasse ir para uma clínica. Foi nesse dia que ele também contou a ela que era gay. Henry pensa que naquele momento sua irmã percebeu o quão deprimido ele estava. Ele até vomitou de tanto chorar, algo que ele não fazia desde criança. Então ela aceitou ir e as coisas melhoraram depois disso. Ela ainda não está 100%, mas está no caminho.

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