Eu só queria que minha vida não fosse tão difícil, então eu poderia te amar

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*HENRY*

As coisas no palácio durante a próxima semana foram bastante agitadas. Henry foi proibido de sair de lá até que sua apresentação esteja completa e seu supressor e inibidor de cheiro comecem a fazer efeito. Passar o seu cio sozinho foi uma verdadeira tortura. No dia seguinte à sua saída do hospital, ele entrou para valer no cio, e a dor que ele sentiu foi torturante. A vontade de se aliviar e de não conseguir fazer isso de maneira adequada estava o levando à loucura. Ele não podia nem comprar brinquedos que simulassem o formato de um pênis sem que seus avós descobrissem, todas as encomendas que chegam no palácio têm que ser revistadas, e Henry não iria a um sexy shop ou pediria a alguém para ir por ele. Então, ele passou o cio da pior forma, apenas com a ajuda de seus dedos, o que ajudava a se aliviar um pouco, mas não da forma que ele precisava.

Ele também passou uma grande parte do tempo dopado com fortes remédios para dor. Ele não sabia que ter um novo órgão se formando dentro dele poderia ser assim tão dolorido. As pessoas entravam e saíam de seu quarto com tanta frequência que parecia nem pertencer mais a ele.

Ele ficou tão feliz quando o médico disse que seu útero já estava perfeitamente formado, o que não durou muito, pois logo depois seu médico disse que ele já faria o uso de seus medicamentos.

-Como você descreveria o meu cheiro? - Ele perguntou para Bea, que estava deitada em sua cama no quarto com ele. O cheiro de Henry intensificava a cada dia, e ele ainda tinha um pouco de dificuldade em decifrar qual era, já que nunca teve que fazer isso antes. Ele ficou triste ao saber que, daqui a um tempo, seu cheiro será apenas uma lembrança.

-Como o de morangos frescos, está bem suave ainda. Tenho certeza de que nos próximos dias ele irá ficar forte, - respondeu Bea. Forte até o momento em que ninguém mais poderá sentir.

-É um cheiro bom? - Indagou Henry.

-É reconfortante para mim. - Afirmou Bea. -Você consegue sentir o meu cheiro?

-Sinto cheiro de livros antigos, - disse Henry.

-Esse é o meu cheiro.

-O seu cheiro também é reconfortante, da mamãe e do papai também, - ele disse no momento em que a porta de seu quarto se abriu.

-Escutei o meu nome? - Seu pai perguntou da porta de seu quarto.

-Estávamos falando sobre os cheiros, - explicou para Arthur, que se aproximou e se sentou do outro lado de Henry.

-Henry, querido, você está conseguindo sentir os cheiros? - Seu pai perguntou feliz com essa informação.

-Sim, eu sinto o cheiro de madeira vindo de você e da mamãe de frutas cítricas, - informou Henry. - Mas ainda parece um pouco fraco. Acho que eu posso melhorar essa habilidade com o tempo, - expressou, agradecido por pelo menos a habilidade de sentir o cheiro não ser tirada dele.

Nos próximos dias, Henry pôde sentir seu cheiro se intensificando, e a cada segundo, o medo de chegar o momento de tomar os supressores aumentava. Até que o momento chegou. Ele até tentou se esquivar da medicação quando foi oferecida pela primeira vez. Henry não tem vergonha de quem ele é; ele nunca desprezou os ômegas como alguns fazem. Os efeitos do medicamento foram arrebatadores no início, vômito e dores de cabeça eram os de menos. Henry passava a maior parte na cama sem a menor vontade de fazer qualquer coisa, era como se os medicamentos estivessem afetando a sua saúde mental. Sua mãe entrou em seu quarto um dia e o encontrou chorando. Ela o levou ao psiquiatra para descobrirem que o supressor estava combatendo os efeitos de seus antidepressivos. Depois que mudaram seus medicamentos, Henry começou a se sentir melhor, até cair a ficha de que ele era um beta que se tornou um ômega e um beta de novo. Ele tentou não demonstrar como isso o estava afetando para sua família, mas tem certeza de que não estava conseguindo esconder isso muito bem.

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