{14} 𝗢 𝗰𝗿𝗶𝗺𝗲 𝗱𝗮𝗻𝗰̧𝗮

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   Encostada na parede, distante dos demais, apenas observo os magnatas imersos em suas riquezas. Não sei por mais quanto tempo essa festa vai continuar. A reunião transformou-se em um alvoroço, esses abastados realmente agem conforme desejam. O som da música ressoa no ambiente, os criminosos se entregam ao álcool e diversão, imersos em amônia e poder.  Ao vê-los juntos dançantes e felizes, só me vem à mente uma lembrança. O Massacre da Tesoura de Prata. Foi um dia perturbador e obscuro, eternizando meu nome.

   Meus olhos vasculham o ambiente, avisto ao longe Hans dançando com uma mulher. "Pobre moça" Também noto os seguranças que permanecem estacionados em suas posições, mas não consigo ver a chefe. Aonde será que ela foi?

- Você deveria ter se sentado conosco - Uma voz firme soa ao meu lado, então a presença da chefe aparece.

- Romero arrancaria meu pescoço.

- Imagino, vocês devem ser grandes amigos - Ironiza a mulher.

- Sim, com certeza. E você, onde esteve?

- Tomando um ar livre enquanto pensava um pouco.

- Parece que a senhora vai ter que bancar a detetive agora.

- Sempre fui muito próxima do senhor Mende'l, devo esse favor a ele. Aliás, também não podemos deixar um assassino solto no meio do crime.

- Compreendo.

   Ela me percorre com um olhar perpicaz, da cabeça aos pés, e se pronúncia em seu tom de sempre - Essa vestimenta realçou uma elegância.

   Sinto-me um pouco envergonhada, embora suas palavras tenham vindo com uma firmeza vaga, quase indiferente - Ah, sim, confesso que me sinto um tanto desconfortável com a idéia de você escolher roupas para mim.

- Foi destinado a uma ocasião.

- Entendo, há e quanto ao bilhete que deixou, considero-o... afetuoso de sua parte.

- Não foi de minha autoria.

- Bem que presumi, a senhora não e de demonstra muita sutileza - A mulher me olha e seu rosto é totalmente inexpressível.

   A melodia do ambiente troca e cede espaço a uma valsa tranquila e romântica, uma música lenta que faz os criminosos dançarem juntos harmoniosamente com seus pares.

- Por que não se permite relaxar e se entregar à diversão? - Questiono para mulher.

- A noite está avançando e precisamos partir - A mulher diz e, de repente, fixa seu olhar à frente, analisando. Seus olhos se concentram no senhor Mende'l, indicando que percebeu algo incomum. Olho na mesma direção, mas não entendo, apenas vejo o velho conversando com algum sujeito.

- O que você está observando?

- Você sabe dançar valsa, Dominique? - Ela me faz uma pergunta repentina, o que me deixa confusa.

- A...acredito que sim.

- Então, a senhorita, me acompanharia em uma dança?

  Concordo com a cabeça e, juntas, nós dirigimos ao centro do baile. Ali, frente a frente, ela se aproxima com suavidade, indagando - Me permite? - Fala prestes a envolver suas mãos em minha cintura.

- A... sim...

  Suas mãos contornam delicadamente minha cintura, um arrepio percorre em mim, nossos corpos se fundem, e então, seguro seu ombro sentido a textura de seu traje. Iniciamos uma dança em um compasso sincronizado, um sentimento desperta, mas não consigo indentificar. Nossos olhares se entrelaçam, e, por um breve momento, o tempo se submete à magia da valsa.

𝐐𝐮𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐨 𝐜𝐫𝐢𝐦𝐞 𝐬𝐞𝐝𝐮𝐳 (Mafiosa Siciliana e Mercenária Britânica)Onde histórias criam vida. Descubra agora