"𝐴𝑧𝑢𝑙 𝑃𝑟𝑢𝑠𝑠𝑖𝑎"- 𝘼𝙢𝙞𝙨𝙩𝙚𝙧𝙙ã...
As ruas são movimentadas, com pessoas andando continuamente por todo lado, saindo de seus trabalhos como qualquer pessoa normal. Às vezes me pergunto como seria ser alguém normal ou, pelo menos, agir como tal.
De acordo com a localização que a chefe me deu, procuro por Heron Bonetti, que mora em Amsterdã. Digo que ele tem ótimo gosto, a cidade é linda, banhada pelo mar e repleta de construções históricas, assim como Liverpool. O horizonte é bem iluminado.
Andando pelas ruas da vila, encontro a casa de Heron. Ela é bem bonita, mas eu não entraria pela porta principal, aliás, não posso ser vista. Observando o interior pela janela, de um vitral alto, vejo apenas uma sala vazia, branca e com poucas decorações. Não há nada que chame a atenção.
Então, ouço o som de saltos se aproximando da sala. Logo avisto uma mulher alta, de longos cabelos loiros, é a mesma da foto. Atrás dela aparece um homem bem vestido, noto que é o Heron. Os dois parecem estar conversando, mas não consigo ouvir o que dizem. Um beijo é depositado no rosto da loira pelo homem, e então, ao se dirigirem à porta, uma criança corre até ela, também aparenta ser a mesma criança da foto.
A família está prestes a sair, talvez eu não tenha chegado na melhor hora. Parto da janela, seguindo próxima a porta da frente e, de canto, observo a criança e a mulher entrando no carro, enquanto Heron se despede.
- Boa aula, querida - fala, acariciando as bochechas da criança.
Ele fecha a porta do veículo, que dá partida, eu me mantenho escondida para não ser vista. No entanto, vejo Heron passando as mãos pelos bolsos, parecendo procurar algo. Essa é minha chance. O homem está prestes a sair de novo com algo nas mãos, e, em um momento de distração, ele se assusta com a minha presença atrás dele.
- Então você é o Heron Bonetti? - pergunto, e ele me olha de forma curiosa e assustado.
- Quem... quem é você?!
- Entra! - digo, retirando uma arma do meu traje e apontando para o homem à minha frente.
Em silêncio, seguimos para dentro da sala, aquele espaço branco e com poucas decorações. Posso sentir o ar gelado e o cheiro doce que vem de dentro.
- Quem é você? O que quer comigo? - ele pergunta, cada vez mais assustado.
- Bom, Heron Bonetti, vou ser direta com você - abaixo a arma na sua direção. - Eu não vim até aqui para machucar você.
O rosto do homem parece cada vez mais perdido, mas ele suspira, tentando se acalmar.
- Eu vim aqui na verdade para te matar - Ando em voltas pela sala, observando aquele rosto que ficou incrédulo diante minha resposta.
- O que!...me matar? - Expressa o homem
- Conhece os dragões de Belovsk? Foi eles que ordenaram que te matasse.
- Dragão de Belovsk? Eu não sei o que e isso...
- Como você não os conhece? Eles são da máfia russa.
- Máfia russa!? - Seu rosto se expressa de forma atordoada.
- Sim, a máfia liderada por Nikolai Bravta, um antigo conhecido seu. Você não sabe?
- Eu juro que não sei de nada, muito menos sobre Nikolai Bravta.
Me questiono, confusa pelas palavras do homem, mas não posso garantir que ele esteja dizendo a verdade. Novamente, aproximo a arma na direção dele.
- Não sabe quem ele é?!
- Por favor! Não me mate, eu tenho família, uma filha. Por favor!
Diante de mim , há uma pequena cômoda próxima ao sofá, onde percebo um porta-retrato. Nele, Heron e sua esposa abraçam a criança que se diz ser sua filha.
- Tem certeza de que não conhece nenhum Nikolai Bravta? - Reforço mais uma vez, focando o olhar no homem assustado.
- Eu juro, não sei de quem está falando!
- Você tem algum inimigo, Heron? Sei lá, alguém que já o tenha ameaçado.
- Não, ninguém!
Sinto um estado de estase pela situação; as coisas vão ficando confusas. - Ninguém!?
- Bem, uma vez fizeram uma ameaça, mas isso foi há muito tempo.
- Por que estavam te ameaçando?!
O homem hesita em responder, um tanto perdido. - Eu... tinha uma certa proximidade com a esposa dele, e ele não gostava muito.
- Como chamava o cara?
- Mion Vagner. Era um antigo vizinho que morava aqui perto, mas depois ele sumiu junto com a esposa. Nunca mais os vi.
Minha mente é invadida por uma série de pensamentos. Será mesmo que esse é o cara certo? Heron ainda se mantém diante de mim, a arma apontada em sua direção. E se ele não for o alvo? Eu estaria cometendo um grande erro ao matá-lo, ou talvez ele apenas esteja tentando me persuadir. "Droga."
Guardo a arma no bolso e uma ideia surge repentinamente. Se ele não é o cara, talvez a única coisa que eu precise descobrir agora é por que Bravta queria tanto vê-lo morto. Qual o interesse dele na chefe, assim, de repente? Talvez eu devesse ligar para ela.
- Me passa sua carteira - Peço, olhando atentamente para o homem confuso.
Sem hesitar, ele entrega a carteira em minhas mãos. Guardo-a no meu bolso e, com um último olhar para ele, parto em direção à janela dos fundos, saindo por ela.
......
Em um lugar mais privativo, as águas se movem em sintonia com as árvores e um silêncio predomina. Retiro do bolso o celular que a chefe me havia dado e, então, ligo para ela.
- Dominique, encontrou o cara? - Sua voz soa do outro lado da linha.
- Sim, encontrei - respondo, um tanto aflita.
- O que houve, Dominique?
- O cara... eu não matei ele.
- Então mate-o já conversei com Bravta, e nosso acordo está garantido.
- Não posso, estou voltando para a Inglaterra. - O sinal aqui é horrível, a ligação é interrompida por ruídos.
- O quê?!
- Não rolou. Houve uma mudança de planos.
- O que você está falando, Dominique? - As palavras da mulher se agitam em apreensão.
- Quando você volta? - Questiono tentando ouvir sua voz.
- Ainda não sei, talvez amanhã.
O sol vai se abaixando mais pelo céu, e o tempo vai se perdendo. - Ótimo. Eu tenho que ir agora... - desligo rapidamente, seguindo meu caminho.
É hora de voltar para a Inglaterra. Estou com um ressentimento de que algo errado está acontecendo, algo precisa ser esclarecido nessa história.
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𝐐𝐮𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐨 𝐜𝐫𝐢𝐦𝐞 𝐬𝐞𝐝𝐮𝐳 (Mafiosa Siciliana e Mercenária Britânica)
RomanceDominique Anderson, uma mulher habilidosa com um passado enigmático, se vê envolvida em uma teia de intrigas e perigos quando é capturada pela temível máfia siciliana. Liderada por uma mulher implacável, cheia de segredos e determinada a gerar mais...