𝐐𝐮𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐨 𝐜𝐫𝐢𝐦𝐞 𝐬𝐞𝐝𝐮𝐳 (Mafiosa Siciliana e Mercenária Britânica)

{24} 𝙄𝙣𝙩𝙪𝙞ç𝙤̃𝙚𝙨

  — 𝐋𝐢𝐯𝐞𝐫𝐩𝐨𝐨𝐥...

   Respiro novamente o ar de Liverpool e, admito, sinto uma saudade que não esperava. Mas agora, o foco é outro. Preciso ir atrás da verdade. Talvez a chefe retorne hoje, e é fundamental que ela chegue logo; temos questões urgentes a tratar.

  No entanto, penso comigo mesma que talvez eu devesse pedir ajuda a algum magnata, alguém próximo à chefe. O senhor Mende'l provavelmente será muito útil.

  Chego ao edifício, imponente por fora e ainda mais grandioso por dentro, com lustres majestosos espalhados pelo teto. Lembro-me de que o senhor Mende'l mencionou a chefe que estava hospedado em um hotel nas proximidades do centro, provavelmente buscando refúgio do possível assassino à solta.

— O senhor Mende'l se hóspeda aqui? — Questiono a um balconista bem-vestido

— Senhor Mende'l? Ah, sim ele se hospeda

— Eu preciso falar com ele urgentemente.

— Imagino que esteja ocupado agora, ele está em uma reunião, você terá que esperar.

– Hum, tudo bem - concordo com o homem — "Bom, é melhor eu pensar em outra coisa" — Mas você pode, ao menos, me informar o número do quarto dele? É que ele me fez uma encomenda e preciso mandar pessoalmente para o quarto assim que ele estiver disposto.

  O homem me olha confuso, admito que minha desculpa foi bem esfarrapada, no entanto, ele assente — Quarto 265 senhorita, quando ele estiver disposto eu o aviso.

— Há muito obrigada — Atesto — ah, só mais uma coisa, aonde fica o banheiro?

— No corredor virando a direita, senhorita — instrui o homem sinalizando com a mão.

— Obrigada, tenha uma boa tarde – declaro me afastando do balcão.

— A senhorita também...

  Sem hesitar, ao alcançar o corredor, dirijo-me ao elevador evitando ser vista. O elevador se detém em um corredor banhado por uma luz suave e clara. Embora a incerteza me envolva, os números que se sucedem me fazem pensar que estou no lugar certo.

   Meus olhos percorrem cada porta até que, finalmente, me deparo com o número 265. Ao pressionar a maçaneta, sinto a frustração de que está trancada, como já previa. Com um toque de astúcia, retiro um grampo do bolso — sou alguém que sempre se prepara para o inesperado. Com a habilidade de uma artista em sua obra, consigo abrir a porta e adentro o local.

   Encontro-me em um quarto requintado, repleto de objetos valiosos, e o aroma daqui e adocicado permeando o ar. O tapete de veludo sob meus pés é extraordinariamente confortável, mas e melhor deixar as distrações de lado. Ao redor vejo uma cômoda de madeira marrom, minha curiosidade me instiga então penso em abrir a gaveta. Contudo, não encontro nada de interessante dentro dela, ao menos algo que me cative. O senhor Mende'l, por sua vez, não é um homem muito interessante. Aliás pergunto-me sobre o motivo da sua reunião, preciso falar logo com ele.

— O que está fazendo mexendo nas minhas coisas?! — Ouço a voz autoritária de um velho homem.

   Viro-me e encontro o senhor Mende'l, que avança com uma bengala, seus olhos me encarando com intensidade.

— Ah, olá, senhor Mende'l.

— Dominique, o que você está fazendo aqui?

— Preciso falar com o senhor. Como estava ocupado, decidi vir pessoalmente.

— Por que estava mexendo nas minhas coisas?!

— Por nada... Olha, senhor Mende'l, eu realmente preciso conversar com você.