{17} 𝘿𝙞𝙧𝙚𝙩𝙤 𝙖 𝙞𝙧á

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  "𝐀𝐦𝐞𝐫𝐢𝐜𝐚 𝐝𝐨 𝐧𝐨𝐫𝐭𝐞"

 
  O Jato está próximo a pousar na pista e nós se afastamos sentindo um ar constante e aconchego minhas mãos em meu braço. Os cabelos são atiçados no ar por conta do vento que se conduz do jatinho, a mulher ao lado do Navarro me aparenta bem concentrada no veículo, me lembro que mal tive tempo de questionar sua decisão.

   O Navarro se afasta indo em direção ao seu jato que pousa subitamente a nossa frente, então vejo a chance perfeita de conversar em particular com a chefe.

- Bela decisão! Me servir de objeto pra um maníaco

- Acalmasse Dominique eu não "servi" você e só por um tempo até chegarmos aos Russos.

- Isso sem meu consentimento - Evito contato e apenas foco em Navarro a nossa frente acenando para que o seguimos.

- Como eu disse, e só por um tempo.

   Seguimos até o aéreo e ele particularmente e bem grande e moderno, e pela cara de Navarro e tipo seu bichinho de estimação, ele adentra o veículo e nós apresenta de forma contagiante elevando seus braços.

- Bebê essas são minhas amigas... Mestra da noite e a sua companheira Dominique Anderson! Mulheres se sintam a vontade menos em casa! Este aqui e o Navarros meu jato particular.

   Admito sua falta de criatividade para nomes, mas por fim nós sentamos, a mulher se distância a uma outra poltrona frente e eu almejo segui-la

  - Nada disso - O homem impende e sinaliza para que eu sente com ele - "Que droga quanta humilhação" - Trato e trato - Confirma Navarros.

   Tento me esquivar, porém, no que adiantaria. A mulher a frente nem ao menos me olha apenas se senta em silêncio a nossa distância.

- Você é bem quietinha, não é? Gosto de mulheres assim - O homem sentado à minha frente enche uma taça e oferece, porém recuso. Não sou muito fã de bebidas. Além do mais aceitar uma bebida que vem da mão deste homem.

                              .......

   Nossa viagem leva até amanhã. Acordei bem cedo, pois me revirava de ansiedade a noite toda. Até mesmo a chefe percebeu minhas olheiras. No entanto, é culpa dela por ter me oferecido a um homem sem meu consentimento. Isso foi o que me deixou enjoada de manhã. Não consegui nem ao menos comer ou argumentar sobre "quando foi que comecei a perder minha posição" Claro, foi quando aceitei este trabalho. Eu deveria estar mais ciente disso.

- De onde você é? Bom... se me permitir adivinhar, diria, Croácia? - O estúpido mais uma vez abre sua boca, observo que ele coloca álcool em seu café.

- Passou bem longe.

- Ah, que pena. Sou ruim com adivinhação, mas posso dizer que é uma mulher habilidosa e não digo sobre agilidades, e sim sobre segredos. Me parece alguém que sabe bem esconder uma farsa.

  "Onde esse cara quer chegar?" Isso me deixa atenta. Não gosto quando me investigam dessa maneira.

- Acertei?

- Não! E eu sou escocesa, está bom para você?

- Ah, bem que reparei no sotaque. Assim não é nítido, só quando fica nervosa, o que é bem engraçado! - Ri aponhando sua xícara sobre a mesa.

   Depositei novamente meu olhar na chefe, que estava sentada, me aparenta pensativa, provavelmente sem escutar nossa conversa. Ela retira uma caixa de cigarros do bolso de seu terno e acende um. Isso faz com que Navarro se levanta abruptamente em direção a ela. Com o rosto irritado, ele se exalta.

-Não se deve fumar no meu Navarros!

    A mulher o encara sem se comover e coloca seu cigarro na boca - Sinto muito, eu paro assim que terminar - Ela destaca seu rosto intolerante, o que faz Navarro bufar, mas ele volta ao seu lugar.

- Eu não devia me sujeitar a esse tipo de coisa, principalmente sob o comando de duas mulheres.

  "Navarro... eu me coloco no seu lugar". É verdade me sinto como esse cara, sendo contrariado por culpa de uma mulher calculista que está agora fumando em um jato na presença de duas pessoas em um espaço sem ventilação. Bom talvez ele mereça.

  Após algumas horas de voo, o jatinho pousa em uma superfície plana e bem estruturada. Descemos até a costa e observo nitidamente um campo aberto, igual àqueles usados para pastagem de gado. E claramente um campo para gado.

- Sejam bem-vindas à América do Norte! - Anunciou Navarro.

- O que fazemos aqui? - Questiona a mulher.

- Ué, em busca dos russos.

- E então? Onde estão?

- Por aqui...

   A mulher solta já seu terceiro cigarro das mãos e o deixa cair na grama, então agarra o colarinho do homem à sua frente com força. O que deveria fazê-lo tremer, parece deixá-lo ainda mais irritado.

- Diga logo onde estão! Cansei de suas brincadeiras estúpidas!

- Eu estava errado. Você não mudou nadinha - Com um impulso, ele se desvencilha e se afasta da mulher - Aqui a cinco minutos, um carro chegará para nos buscar. Encostamos aqui para evitar radares - Seus olhos vagueiam para o céu enquanto ele tira um par de óculos escuros de sua jaqueta.

   Puxo a mulher distraída para a minha direção, o que faz com que ela se assuste pela repentinidade. Caminhamos um pouco mais próximas do jato.

- Bom, será que podemos voltar ao nosso outro assunto?

- Por que Dominique, isso já não foi explicado? - Suspira a mulher, recostando-se no veículo.

- Tá, chegamos até os russos e depois?! Vai simplesmente me jogar como petisco para esse vira-lata?

- Não é bem assim...

- Então é oquê?!

- Você ainda não entendeu a primeira parte do plano.

- Plano?

- Sim, eu tenho algumas ideias em mente para caso precise.

- Do que está falando? - Escutamos o som de um veículo ao longe, vindo em nossa direção, e Navarro estende os braços para cima, sinalizando onde estamos.

- Confia nele?

- Não confio em ninguém, Dominique. Por isso precisei me manter em constante alerta, buscando um plano.

- Qual?

- Chegaremos lá...

- Eu preciso saber! Lembra? Sem segredos no ambiente de trabalho.

- Neste momento, você é apenas uma distração para ele... Navarros não é um tolo manipulável. Ele não faria uma troca tão irrelevante sem antes ter algo em mente.

- Suspeita de uma certa traição?

- Hum, se ele realmente tem um histórico sujo com os russos, não faria sentido aceitar tão fácil...Então, não tenho dúvidas.

- Mas... - Antes que eu pudesse continuar, Navarros grita ao longe, de dentro de uma caminhonete grande e antiga.

- Vamos ou não?! - Grita o homem.

- É melhor irmos - Confirma a chefe. Caminhamos até o veículo parado, onde um homem barbado e careca nos observa do volante.

- Este é Jeremie. Ele vai nos levar até os russos - Explica, enquanto estica as pernas na caçamba da caminhonete - Gosto do lado de fora, é bem suave em movimento... Vamos, entrem! - Ordena.

   Assim, eu e a mulher subimos na caçamba do veículo, sentando-nos em meio à poeira. O veículo parte pelo deserto, afastando-nos completamente do jato até que ele desapareça no horizonte.

𝐐𝐮𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐨 𝐜𝐫𝐢𝐦𝐞 𝐬𝐞𝐝𝐮𝐳 (Mafiosa Siciliana e Mercenária Britânica)Onde histórias criam vida. Descubra agora