{15} 𝙉𝙖𝙫𝙖𝙧𝙧𝙤𝙨

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Entramos na boate Gallates. O ambiente é cheio e iluminado, porém o cenário já não é dos melhores. As mulheres no palco favorecem os olhares dos homens pervertidos."Hans iria amar ver isso."

Me mantenho próxima de um palco, olhando para uma mulher à minha frente que dança com movimentos exemplares e coreografados.

- Não sabia que gostava de apreciar esse tipo de cenário.

- Ah... eu não gosto!

- Não faz mal nenhum! - Diz a chefe com um tom sarcástico.

- Que nojo!... Eu não tenho interesse por esse tipo de coisa...

- Entendo - Diz a mulher em tom indagador.

- Bom, devíamos continuar...

Há uma porta preta e grande à nossa frente. Pelo que me parece, os Navarros estão lá dentro e nós se prepara para entrar. Me aproximo da porta e aperto a maçaneta.

- Espere! - Profere a chefe, colocando seu braço como barreira à minha frente. - É preciso saber se está realmente apto para entrar!.

- Apto? E o que vamos fazer, Ficar aqui fora esperando?

- Só um momento - A mulher sussurra algo no ouvido do capanga ao lado, e o homem obedece às suas ordens, seja lá quais forem.

Em alguns minutos, o homem de meia-idade retorna e dá um olhar de afirmação para a chefe, que abre a porta subitamente, avançando para dentro. Observamos uma mesa redonda e grande, parecida com a que os magnatas estavam, e ao redor há um grupinho de homens armados. O que chama bastante atenção é um homem de bigodes negros e uma postura de homem velho.

- Senhor! - A mulher atenta seu olhar onipotente para o velho, como se já tivesse muita intimidade com ele.

- Ah, você... eu sabia que viria atrás de mim como um leão correndo atrás de um pedaço de carne.

- Bom, então imagino que já saiba o motivo!

- Ah, sim. Não é à toa que escolhi um lugar mais apropriado para nossa conversa. - O homem sinaliza com a cabeça para que a mulher se sente. Ele parece ocupado com um jogo de truco em suas mãos.

- Frederio fez merda e caiu na forca. - Ele reforça seu comentário irônico.

- Na verdade, ele foi assassinado...

- Podia ter sido morto em uma forca! É assim que ele merecia!- O homem joga as cartas na mesa e dá um grito de vitória.

- Eu sei que vocês dois tinham conexões difíceis...

- E por isso suspeita de mim?!

- Por que não? - Diz a mulher sem sigilo.

- Eu até que poderia, mas tive o azar de perder a chance. - O homem faz um olhar exagerado de arrependimento.

- Ah, não começa com as suas brincadeiras. Você pode ser um mentiroso sujo, porém é muito esperto.

- Se veio aqui para me acusar, pode ir parando na metade. Não vou ficar aqui escutando seu discursinho! - Novamente, um grito de vitória sai estridente de sua garganta.

- Podemos resolver isso de forma mais rápida, se quiser - Observo a mulher contorcer sua mão de raiva, fechando-a sobre a mesa.

- Senhor, se você não o matou, poderia pelo menos nós dizer algum suspeito? - Digo, tentando parecer suave. Preciso evitar um descontrole da chefe.

O homem carrancudo me encara e se levanta, dirigindo-se na minha direção, o que causa um ar de reprovação entre os homens que jogavam truco sobre a mesa. - Hum, você não me apresentou esta!

- Dominique... Dominique Anderson! - Digo, e o homem avança sobre minha mão, beijando-a em um gesto "formal".

- Prazer... Me chame de Navarro para os não íntimos - Ele se despede com sinceridade e volta a sentar-se à mesa, dando um comando para que lhe tragam uma taça cheia.

- Já se conheceram o suficiente?! - Fala a mulher, novamente aflita, e volta a estrelasar seus dedos com mais força.

- Pode ficar plantada aí o dia todo, se quiser, mas você sabe, não tenho culpa, não desta vez! - Ele dá um gole em sua bebida.

- Como pode provar?

- Da mesma forma que não tem provas para me acusar...

Eu imaginava a cena da mulher pulando no pescoço do homem e atirando por toda a sala até exterminar um por um. Porém, não foi isso que ocorreu, ela simplesmente relaxou os músculos e adotou uma postura mais suave.

- O senhor é um homem muito habilidoso e experiente. Sei que daria conta do trabalho.

- Por acaso já imaginou alguma vez o real sentido das coisas? - O homem indaga lamentavelmente. - Eu e Frederio realmente tínhamos um lado bem superior ao outro, porém um exterminador só faz sentido com inimigos ao lado. Me diga, que graça teria se eu saísse matando todos os meus inimigos?

O homem tem um ponto forte, porém ainda vejo uma certa dúvida estampada no rosto da chefe à frente da mesa. "Essa daí não se convence tão rápido". - Então, senhor, como eu estava dizendo... você tem algum suspeito em mente?

- Ah, imagino que não. Frederio tinha tantos inimigos que dava para contar carneirinhos para dormir. - Contenta com desprezo.

- Eu devia ter ido até os russos primeiro - Indaga a mulher em tom baixo, levantando-se e apoiando as mãos sobre a mesa.

- Os russos? Aqueles idiotas estão ocupados jogando golfe com os americanos!

- Imagino que saiba como me levar até eles...

- Ficou maluca?! Da última vez que estive lá, quase perdi minha terceira perna... se é que me entende.

- E se você não me levar até lá, vai perder as três pernas!

- O que faz você achar que exerce poder sobre mim? Sou o Navarro, aliás, meu império todo está incluído nisso.

- Tudo bem... talvez possamos fazer uma troca justa!

O homem escancara os olhos ao ouvir sobre uma proposta. Ele afasta a cadeira, estrelasa as pernas em cima da mesa, e um sorriso de lado escapa de seus lábios, seu olhar fúnebre brilha instantaneamente. - Ah, uma proposta?

- E com o que desejar em troca, então você me leva até os russos... - Exerce a mulher com uma voz convincente.

- Interessante, não conhecia esse seu lado de trocas... O que houve? Mudanças de comportamento?

- Só quero o que é justo!

- Não, a mestra da noite que conheço não ia querer o que é justo.

- Por favor, prossiga! Vai ou não aceitar minha proposta?

- Hum, me deixe pensar. - Ele vira seu pescoço ao redor da sala e para seu olhar diretamente para mim. - Eu admito, odeio propostas... Porém, aceito algumas. Em troca, eu quero ela! - Diz com um sorriso pecaminoso.

Ah não, ele não pode estar falando sério. Que coisa mais ridícula. O que eu tenho que esses homens se exuberam tanto?. Isso é repugnante aos olhos de uma pessoa que só te vê como um objeto "Nojento". É óbvio que a chefe não vai aceitar.

- Acordo fechado! - Diz a mulher, levantando-se e estendendo a mão até o homem.

"O quê! Ela é maluca... Você me paga, sua chefe malandra!"

- Hmm, acordo fechado!

Os dois sorriem e apertam as mãos em formalidade, fechando o contrato "A troca de mim?!"








𝐐𝐮𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐨 𝐜𝐫𝐢𝐦𝐞 𝐬𝐞𝐝𝐮𝐳 (Mafiosa Siciliana e Mercenária Britânica)Onde histórias criam vida. Descubra agora