{22} 𝘼𝙘𝙤𝙧𝙙𝙤 𝙛𝙞𝙣𝙖𝙡

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"𝑉𝑒𝑟𝑚𝑒𝑙ℎ𝑜 𝑚𝑎𝑟𝑠𝑎𝑙𝑎"

— 𝐒ã𝐨 𝐏𝐞𝐭𝐞𝐫𝐬𝐛𝐮𝐫𝐠𝐨...

  Os passos são firmes no chão. O sujeito, vidrado à minha frente, está orgulhoso de nossa chegada. A Rússia, um lugar frio e de pessoas rígidas. O cheiro de ferocidade invade minhas narinas, ou melhor, é o cheiro do meu sangue fervendo, sedento por hostilidade. As luzes são vastas, deixando à mostra o cor do tapete vermelho que cobre cada centímetro do chão por onde pisamos.

O ar é palpável, não sinto frio, principalmente coberto pelos trajes de tecido bouclé. Porém, ainda é possível sentir rastros de ventos gélidos entre minha pele revestida. O caminho é percorrido ao lado de uma forte segurança, que Bravta tanto sonha em ter ao seu lado. Seguimos até uma sala que me chama bastante a atenção pela sua estrutura, com quadros e mais carpetes vermelhos como vinho.

O olhar de Nikolai Bravta é criterioso, e sua mente parece percorrer várias ideias e incógnitas. No entanto, o homem puxa a cadeira na qual se senta.

- Não fique aí parada vá, sente-se - articula ele para uma cadeira à sua frente. Um homem da segurança se aproxima, puxando a cadeira, e, com seu gesto, me convida ao assento.

- Vamos começar por partes - seus lábios são curvados, dando a vista para seus pares de dentes. - Quero já adiantar a lista de convidados para os suspeitos de assassinatos.

Algo e entregue em suas mãos na qual Bravta o adere abrindo o então documento da pasta. Posso imaginar que ele já tenha previsto bastante ideias de alguns possíveis assassinos.

- Aqui e o nosso suspeito número um! O tal de Marco Hadouken. - e sua altivez já e percebida.

- Não seja tão presunçoso. Temos uma lista em frente. - Vejo o olhar pessimista de Bravta.

- Calma querida, eu ainda não acabei. Aqui veja! - E outro papel e retirado - Violeta Moreia, a nova integrante da família Hadouken.

- E oque isso pode me dizer?

- Isso quer dizer que o relacionamento de Marco e Violeta se perpetuou entre as linhagens Hadouken. - Suas mãos se cruzam entre a mesa - Os Hodouken são uma família muito rica e tradicional, eles eram bem próximos de Frederio. Tanto que estava previsto que Frederio participasse no dia do casamento para realizar a função de juíz. Porém, o casal não queria antecipar o patrimônio, então decidiu pôr fim no Frederio.

- E por quais motivos iriam querer antecipar?

- Simples, adiando o casamento, os dois teriam tempo de esperar pela morte de Giorgio Hadouken e ficariam com a herança. Caso contrário, o pai passaria a herança para a filha mais velha

- Recebi notícias que Giorgino estava muito doente por isso não pode comparecer no dia do Velório.

- Exatamente, o velho tem grandes chances de morrer, e a família faria de tudo para ter a sua herança em mãos.

Correspondo minha postura em mãos unidas e as pernas juntas. - Bom, como posso confiar nas informações que está me passando?

- Isso é simples. Sou um homem de grandes averiguações por toda parte. Eu não posso ter estado presente no dia do velório, mas posso presumir as causas da morte daquele sujeito neurótico. Frederio tinha muitas ambições, porém, às vezes, em momentos errados , o que irritava ainda mais seus inimigos. Ele também tinha muita influência e dinheiro, se alguém o matou com certeza foi um dos magnatas.

- Vou acreditar no que o senhor está me dizendo, mas isso não significa que acabou por aqui. Quero que continue me auxiliando e me passe cada informação que estiver.

- A com certeza irei tem ajudar nessa parte - Um sorriso sagaz passa entre seus lábios - Aliás temos agora um outro assunto para discutimos.

- Sim, e claro - Mantenho a compostura em ordem ainda avisando os olhos do homem.

- Quero que começamos com uma lista de trocas, pedi para que meus homens mandassem averiguar as redes entre os magnatas e comunicasse principalmente o senhor Mende'l.

- O senhor Mende'l?

- Sim, ele quem comanda tudo agora, não é? Então, preciso que ele confie em mim para ajudá-lo na segurança, mas, para isso, quero que você mexa uns pauzinhos. - A mão do homem chama um guarda até ele, no qual o entrega um envelope - Aqui peça para que ele assine.

Abro o envelope e vejo um papel branco com linhas curvas, impressas pela tinta da máquina. - Por que você mesmo não vai e pede para que ele assine?

- Ah, não, seria muito mais complicado. Você se dá melhor com ele, foi até por isso que a chamei aqui para me ajudar. Ah, por gentileza, faça com que aquele homem confie em mim como confiança em sua própria vida. - A fúria voraz transmitida pelos olhos de Bravta recai sobre os meus

- Qual o motivo de querer tanta influência? - O papel é colocado novamente no envelope.

Ele cruza os braços, observando-me com um olhar perspicaz. - Eu quero ter direitos no Reino Unido também, e para isso preciso de um acordo de paz. Assim como fiz nos Estados Unidos. Se eu conseguir esse acordo, posso andar livremente por toda a Europa, e você sabe bem o quanto a Europa exporta para o exterior

- E se o Mende'l não aceitar?

- Ele aceitará - o homem diz, com uma confiança que beira a presunção. - Afinal, isso séria vantajoso para ambos.

- Hum, muito bem - respondo, finalmente. - Farei o que você pediu, mas lembre-se, a lealdade é uma moeda escassa neste jogo.

O homem sorri de forma contida, como se já esperasse essa indagação. Seus olhos, que antes mantinham um ar de determinação, agora brilhavam com uma mistura de respeito e astúcia. Ele estende as mãos para mim, e respondo pelos seus movimento e um acordo e traslado.

                              ......

  As nuvens carregadas, pesadas e sem vida são guiadas pelo céu. As gaivotas voam livremente sobre o cinza, e o cheiro úmido de chuva preenche minhas narinas. Observo vagamente a vida à minha frente, e algo invade meus pensamentos. Seriam as ideias de Bravta, o homem perspicaz, difícil de confiar, mas não tenho outra escolha.

Acendo o cigarro, deixando que a fumaça se misture à neblina e invada meu corpo. O fogo no pavio queima com precisão, e então solto mais uma vez o gosto amargo entre os meus lábios. Observo de longe o russo, agora ocupado com sua influência, e permito-me relaxar por um momento nas colinas da mansão russa. A paz se instala, mas é interrompida pelo som do aparelho vibrando em meu bolso. Pego o telefone e já posso imaginar quem seja.

- Dominique, encontrou o cara?

- Sim, o encontrei - sua voz soa aflita do outro lado da linha.

- O que houve, Dominique?

- O cara... eu não matei ele.

- Então, mate-o. Já conversei com Bravta, e nosso acordo está garantido.

- Não posso, estou voltando para a Inglaterra.

- O quê?! - A ligação do outro lado se mistura entre ruídos e palavras.

- Não rolou. Houve... uma mudança de planos.

- O que você está falando, Dominique? - Suas palavras são ditas de uma forma que me deixa apreensiva.

- Quando você volta?

- Ainda não sei, talvez amanhã.

- Ótimo. Eu tenho que ir agora... - Sua voz soa trêmula pelo telefone.

- Dominique! Espera! - Mas apenas o silêncio do outro lado da linha se preenche.

Guardo então o telefone e ao me virar para a vista da mansão russa, vejo Nikolai Bravta vindo na minha direção é vou ao seu encontro.

- Tenho boas notícias - expressa ele com um sorriso benevolente. - Descobri algumas informações sobre a família Hadouken. Tenho certeza de que você vai querer ver.

Aceno com a cabeça e seguimos caminho adiante da residência, e a incerteza me passa pela cabeça, porém algo sagaz me preenche mais, algo que quer encontrar o culpado e trazer a paz novamente entre os magnatas. Mesmo que seja necessária a ajuda de um sórdido russo.

𝐐𝐮𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐨 𝐜𝐫𝐢𝐦𝐞 𝐬𝐞𝐝𝐮𝐳 (Mafiosa Siciliana e Mercenária Britânica)Onde histórias criam vida. Descubra agora