10 - Meu nome é Diego

192 22 3
                                    

Era macia. Já tinha notado quando ele colocou a cabeça no meu pescoço que a barba não era dura, mas quando a senti roçando no meu buço e no meu queixo, pude comprovar que foi a coisa mais macia, mais deliciosa e mais impressionante que já senti contra o meu rosto, mesmo considerando os preciosos momentos em que eu estive entre as pernas da minha querida Laura.

Pensar nela me puxou para trás, mas a mão dele na minha nuca me impulsionava para frente, pro seu rosto, para sua boca deliciosa. Sem poder me conter, abri os lábios e senti sua língua invadir meu espaço e minha alma. Soltei um gemido quando ele mordeu meu lábio inferior e repeti o movimento mordendo sua boca. Ele suspirou e me apertou ainda mais no abraço.

Ele inclinou a cabeça para invadir minha boca de outro ângulo. Eu era um pouquinho só mais alto que ele, então o empurrei para trás e afundei minha língua, rocei os seus dentes de encontro aos meus e assumi o controle do beijo. Ele se inclinou e se apoiou no banco. Sua outra mão que estava na minha cintura subiu até o meu peito e se insinuou pelo vão entre dois botões da minha camisa e eu senti a região queimar, minhas bolas doloridas e meu coração fora de ritmo. Só pude atribuir essa reação ao fato de que nunca estive intimamente com um homem dessa maneira, ou de nenhuma outra.

Me dei conta de que era a primeira vez que estava beijando um homem. Era a primeira vez, porra! Eu tinha 30 anos, sempre gostara de homens, e estava dando meu primeiro beijo num cara, e esse cara era alguém que eu não conhecia de nenhum jeito a não ser através de uma tela e nas minhas fantasias de desejo frustrado em noites solitárias ou quando busquei algum alívio sozinho sob a água do chuveiro. Me senti nostálgico e completamente confuso quando tudo começou a rodar na minha cabeça. Laura voltou aos meus pensamentos e ocupou um espaço enorme que forçou meus braços a agirem e afastarem Samuel com firmeza.

Eu não era um filho da puta. Estava mais para puta, mas não podia agir assim com a Laura.

Uma buzina me tirou da letargia. Vi Samuel se erguer e desamarrotar a roupa. Percebi que ele ia se afastar porque o carro que buzinou era o Uber que ele chamara há alguns minutos. Fiquei desesperado com a consciência de que ele ia embora e eu não fiz nada e nem saberia direito o que fazer, e sabe-se lá se eu o veria de novo. Ele começou a se afastar, então saltei do banco e segurei seu braço.

— Diego, meu nome é Diego. — Sussurrei e estranhei meu timbre. Minha voz me pareceu estranha, como de outra pessoa. Na verdade, eu estava me sentindo como outra pessoa.

Ele sorriu para mim. O sorriso me aqueceu como um milhão de sóis, então deu meia volta, entrou no automóvel e partiu.

Fiquei vendo as luzes se afastando e suspirei. Só podia ser brincadeira. Eu, um cara adulto e noivo, estar me apaixonando por um outro cara que conheci num site pornô. Eu não era um filho da puta.

Mas era uma puta sem mãe.

Do lado de lá (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora