3 - Enrustido

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– Quantos anos você tem? – o moreno de cabelos enrolados me perguntou do outro lado da tela. Fiquei pensando se falava a verdade ou inventava uma idade para o meu personagem que claramente não se chamava Diego. No meu perfil, meu nome era Josh.

– 28 anos. 

Fiquei com medo de falar que já estava na casa dos 30, mas também não queria parecer tão falso e dar uma idade que deixasse clara a mentira.

– Você é delicioso... não quer tirar essa cueca?

Eu já tinha tirado a camiseta e a calça, e estava só com uma cueca boxer. Recebi a notificação de mais uma entrada de dinheiro então fiz o que ele pediu.

Tinha três dias que eu estava experimentando essa nova vida de me exibir online, e já havia arrecadado quase 3k. Fiquei chocado porque o pessoal realmente dava dinheiro para essas coisas. Do lado de cá, nunca entrei nesses lances, sempre me resignei a assistir vídeos e nada mais. Se soubesse que tirar a roupa dava tanto dinheiro, tinha tentado isso antes.

Eu estava numa chamada privada com Silas, o moreno. Havia dois dias ele tinha pedido uma sessão, e voltou hoje. Ele pareceu bem interessado no meu corpo e eu fui aprendendo, assistindo outros vídeos, que o segredo era não mostrar tudo de cara. Tinha que ser aos poucos e deixar o público ficar com vontade de ver mais.

– Se você me der mais um pouco de agrado, posso "bater uma" pra você.

Por "agrado", entenda "dinheiro". Eu realmente estava me saindo muito bem como puto online. Vi os olhos do rapaz estreitarem e a notificação de entrada no celular me fez levar a mão até a base do pau. Imediatamente, ele ficou em pé, principalmente porque Silas me olhava através da tela com a boca aberta, tão bem aberta que tive certeza de que meu pau caberia perfeitamente nela. Fechei os olhos, comecei a mover a mão para cima e para baixo e deixei escapar um gemido que Silas espelhou do outro lado.

– Caralho, meu Adônis... nunca cheguei a isso, mas faria qualquer coisa pra te ver pessoalmente.

Parei com a punheta e abri os olhos.

– Isso não é apropriado.

– Não pode me impedir de sonhar, gostoso.

Voltei a mover minha mão e fiquei imaginando como seria me encontrar com um cara. Qualquer cara. Eu estava no meu limite e precisava urgente fazer algo a respeito disso.

Nos três primeiros dias que recebi visitas no meu perfil, a maior parte do público foi feminino. Me diverti tirando a roupa para garotas e mulheres de todos os tipos, mas a curiosidade e excitação quando recebi rapazes foi muito maior. Não que todos me agradassem. Dos cinco caras que me chamaram no privado, apenas dois me interessaram de fato. Um homem lindo e  forte com uma barba curta e semblante fechado, e esse rapaz moreno de cachos exuberantes.

– Você não pode pagar o meu preço... – grunhi antes de gozar na minha mão. Ouvi Silas gemer e vi que ele também batia uma e tinha acabado de gozar.

– Talvez não, mas quem sabe um dia a gente se encontre por acaso...

Sorri pra ele, me despedi e encerrei a chamada, depois fui tomar um banho. Era final de semana, em breve veria a Laura, então procurei planejar melhor o restante da minha tarde antes de sair para encontrá-la. 

Eu estava com fome então resolvi dar uma passada numa padaria perto do prédio onde morava para tomar um café e filar um pão de queijo. A padaria em questão ficava num complexo comercial que contava com várias lojinhas menores e pequenos escritórios. Eu me sentei no balcão e estava prestes a dar a primeira mordida no salgado quando meus olhos pousaram numa mesa do lado de fora. Quase cuspi tudo no balcão.

Bem na minha frente, dividindo a mesa com uma loira estonteante, estava o homem de barba que eu tinha atendido dias atrás.

Ele não me viu, mas eu o vi muito bem. Mais alto e forte do que parecia na câmera, a pele clara porém bronzeada, a barba curta e bem feita, a musculatura dos ombros evidente pelo tecido apertado da polo escura que ele trajava, sentado com as pernas afastadas num jeans surrado cujo volume na virilha não deixava nada pra imaginação. Ele parecia uma versão barbada do Soldado Invernal. Senti meu corpo endurecer na hora.

– Caralho, que mundo é esse que bota esse cara fodido de bonito bem na minha frente?

O homem se levantou, pediu a conta e deu um beijo na loira. Como eu, ele devia ser outro enrustido. Que merda!

Do lado de lá (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora