Demorou cinco dias pra minha mente bugada entrar nos eixos. Durante aqueles dias eu me abstive de entrar no meu perfil, também evitei a Laura. Eu precisava me isolar para entender minha cabeça e meu corpo.
Antes de dar asas ao meu desejo, acreditava que quando tivesse uma experiência íntima com outro homem, me compreenderia melhor, mas não foi o que aconteceu. Eu estava ainda mais confuso e não conseguia me definir. Só sabia que, porra, eu tinha gostado pra cacete da experiência com o Samuel, sentia uma ansia de reencontrá-lo que chegava a doer, mas até certo ponto também gostava da minha relação com a Laura.
Confusão dos infernos!
Depois daqueles dias de molho, criei coragem e chamei a Laura para jantar. Ela veio até minha casa, conversamos por um tempo e eu não consegui contar para ela. Eu fiquei pensando que, se tinha sido uma coisa de uma noite só, se eu não fosse mais fazer aquilo, não tinha por que machucá-la com a verdade.
Um cretino filho da puta. Eu sei.
Enfim, a verdade só iria magoar a pessoa que menos merecia sofrer com aquilo, era o que eu dizia a mim mesmo. Tudo o que afirmei a ela era que minha mente estava confusa. Não entrei em detalhes, mas deixei claro que a amava e que o problema não era ela e sim eu — mais clichê impossível — mas ao menos essa parte era verdade.
Ela chorou, me abraçou e tentou me seduzir. Trocamos beijos quentes que nos levaram até a borda da cama, mas eu não consegui continuar. Talvez fosse muito recente, talvez fosse loucura, mas meu corpo não reagia a ela, e quando desisti, senti a perda de tudo o que havíamos construído como a morte de um ente querido. Fiquei profundamente angustiado.
Ela era minha melhor amiga. Ela foi meu apoio quando não havia mais ninguém, e era a pessoa que eu mais amava no mundo inteiro.
E eu não conseguia mais transar com ela.
No momento, ela estava sentada na beira da cama, aos prantos, olhando para mim como se eu fosse capaz de fazer brotar uma ereção mágica com a força do pensamento.
— Ainda preciso de um tempo, Laura. Eu amo você. Eu juro! Mas sinto que meu corpo está mudando, eu me sinto estranho, me sinto desencaixado... preciso entender essa mudança.
— Você deveria procurar um médico. Talvez um terapeuta. Pode ser Burnout, estresse, estafa ou alguma dessas doenças de quem trabalha demais.
Eu quase disse a ela. Quase contei que eu não tinha nenhum problema anatômico ou emocional, porque meu pau estava muito bem, muito reativo, e a prova era a punheta que eu havia batido no chuveiro ainda pela manhã, claramente não pensando nela. Como eu poderia falar algo desse tipo a ela?
— Talvez eu procure mesmo.
Dei um abraço apertado nela e um longo beijo de boca para ela entender o quanto era especial para mim. Ela deixou o apartamento e eu fiquei um bom tempo deitado de costas, remoendo o fracasso que tinha se tornado minha vida.
Mais tarde, como não conseguia mais conter a ansiedade, abri meu notebook. Acessei meu perfil, vi as mais de trezentas notificações, e zero mensagens de "Paulínia". Esperei um tempo, uma notificação de Silas me chamando no privado surgiu na tela e, foda-se! Eu aceitei.
Eu precisava entender se meu lance era com a Laura ou com o fato de ela ser mulher e eu claramente estar condicionado a desejar homens a partir de agora porque, aparentemente, uma chave foi virada, e não havia mais como desvirar.
Silas tinha cortado o cabelo. Estava bonito, animado e generoso. Eu cumpri meu papel. Tirei a roupa, como imaginei meu pau reagiu a ele sem problema algum, então a pedido dele eu me masturbei.
Mas não consegui gozar.
Menti para ele que eu tinha ficado meio adoentado nos últimos tempos, e para minha surpresa, ele se excitou com isso, fantasiando comigo febril debaixo das cobertas e a brincadeira foi suficiente para deixá-lo satisfeito.
Tem doido pra tudo.
Me despedi dele e, já que já tinha começado, abri as notificações para encontrar mais algum pedido pendente.
Ele lá estava. "Paulínia" aguardando. Quando vi o nome, me dei conta de que não havia sido só uma coisa que acontecera e ia desaparecer. Não com ele. Fiquei triste com a constatação, porque tive que assumir que gostava dele de fato, e que talvez estivesse disposto a arriscar tudo por isso.
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Do lado de lá (romance gay)
Short StoryGAY - LGBTQIA+ 🌈 🥇 #1 Sensível (Fev/2024) 🥈 # Homoerotico (fev/2024) POV: Diego Torres. ---- SINOPSE Meu nome é Diego Torres. Tenho 30 anos, sou designer gráfico e estou noivo há um ano de uma mulher incrível, linda, bem sucedida e boa de cama...