Thirty Three

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— Você não precisa aceitar! — gritei

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— Você não precisa aceitar! — gritei

— Ela está fazendo a sua cabeça, meu filho! Eu quero te proteger

— E para isso manda dois horrorosos me matarem? Você é uma louca mãe? 

— Antes morrer por uma bala do que por uma criatura assim — Ela soluçava — Seu pai…

— Pare de meter o papai nisso! Ele nem feitiço tinha. Aceite que ele foi embora pois estava apaixonado. O amor dele não voltou e então ele foi embora. De que adiantaria ter um pai vivo e não presente? Ter que vê-lo em depressão? Você sabe bem, mamãe.

— Ela irá te matar igual fizeram com ele! Eu não aceito isso.

— Eu não preciso que você aceite alguma decisão minha já faz 5 anos. Se diante do governo eu sou maior de idade, não sou sustentado por você, eu tenho o direito de fazer o que dá na telha. — respirei fundo — Tente mais alguma coisa contra nós e será a gota d'água mãe. Tente algo e irei embora, assim você esquecerá que já teve um filho. O que é uma pena, perder tudo o que estou conquistado por ter essa mente tão pequena.

Me virei ao encontro da porta, me negando que ela realmente havia mandado aqueles pescadores me matarem. Ou me ameaçarem. Por favor, isso é ridículo. Eu encostei a porta devagar, mas ainda pude escutar seus cochichos

— Tomara que ela vire peixe empanado! — falou — E que Camila volte e mostre a que mundo pertence.

— Para de falar da Camila! Deixe ela e eu em paz. Isso é passado! — gritei do lado de fora, esperando algum insulto em troca. 

Minha infância depois da morte do meu pai foi no máximo estranha. Minha mãe e eu tomávamos café toda manhã juntos, eu ia para a escola logo depois, então ia para a praia ficar brincando, jogando vôlei ou até pescar um pouco. Então ela brigava comigo por chegar fora do horário. Se estressava, mas eu fingia que não escutava. No outro dia era a mesma coisa, de manhã uma mãe e de noite outra.

Fui insistente, eu queria viver no mar. Queria viver, navegar. Aos dezoito quase tudo melhorou. Agora eu pago minhas contas, não reclamo de lavar a louça pois fui eu quem sujei. Eu estou em todo lugar, no deke, no cais, no porto, na proa, no depósito. E na praia. Não tem como não estar. Ela parou de protestar depois de dois anos. Talvez ela demore a aceitar. 

Andei até em casa com a consciência pesada, não sou de gritar com minha mãe. Mas isso passou bastante do limite. Andei pelo centro observando as casas tão diferentes umas das outras. Buzina de barco ao longe. As colinas se encontrando com o sol. Quando entrei em casa, Hina ainda estava lá, analisava uma folha de papel e perguntava algo a Shivani

— Quem certeza que quer chamar ela?

— Acho que tenho.

— “Acha que tem” é fogo. E o fogo não combina com água. — ela respirou fundo — Ah! Oi Bailey. E o vinho?

Tempestade Marítima • Shivley MaliwalOnde histórias criam vida. Descubra agora