Tempestade Marítima • Shivley Maliwal

Twenty Seven

— Eu estou noiva! — gritei ao sentir o abraço de Hina 

— Que? — meu pai estava com os olhos arregalados

— Mentira! — Minha melhor amiga me sacudiu

— Vamos casar! — eu segurei em seu braço, ficando de frente a todos que ainda estavam reunidos no saguão.

— Essa notícia… é incrível! — Justine veio nos parabenizar 

— Isso pede uma festa! — Alex disse, fazendo o povo se agitar

— Sabe o que mais merece uma festa? — perguntei — Obviamente, Sofya subirá ao trono ainda hoje. Precisamos de uma grande comemoração. Estamos salvos e saudáveis! 

— Vida longa às Rainhas! — Bailey gritou 

— Vida longa às Rainhas! — Repetiram.

Claro, vamos juntar o reino inteiro para fazer isso. Todos irão ajudar, não vamos botar pressão em apenas os 15 empregados do Palácio das Pérolas. Justine aparece em minha frente, me abraçando pela primeira vez.

— Eu não acredito que tudo deu certo depois de tanto tempo. — seus olhos marejados encontraram-se com os meus e agora a olhando de perto, posso ver que não puxei nada do meu pai. O formato dos olhos, o nariz arrebitado e a boca em formato de coração.

— Eu também não. Achei que fosse morrer. 

— Não tinha como a Rainha morrer. — ela me deu um beijo na testa, um dos mais ternos e sentimentais que eu já havia sentido.

— Rainha… — era difícil acreditar — Caramba…

— Acho que vocês tem muito que conversar. — Bailey desferiu um beijo em minha mão e saiu, nos deixando sós, ou quase isso.

— Eu sempre tive tanto orgulho de você. Quis te consolar quando chorava, quis te abraçar enquanto sorria, me perdoe por tudo, Shiv.

— Eu perdoo. — senti meus olhos serem inundados, as lágrimas se misturando com a água 

— Eu perdi tanta coisa por causa da Pérola. Não achei que aguentaria. Ah minha menina. — ela afundou o rosto em meu pescoço. Era como se sua dor fosse palpável de tão intensa. Segurei firme minhas mãos em suas costas

— Eu… sempre achei… que talvez eu fosse órfã, ou que fui abandonada, mas descobrir que você estava lá esse tempo todo… Acho que foi o maior choque da minha vida.

Quando falei a palavra choque, imagens vieram à minha cabeça, igualmente um flash de luz. 

“ — Eu sou casado mas claramente amo-te, irei deixar Mila, minha mulher, por ti Shivani”

“ — Sabes que te quero, mas devo teu corpo à Rainha Vitória.”

Eu lembrei de Thomás e o choque que ele sempre me causou. Aquele bigode estranho, aquela roupa. Era de se surpreender que ainda fico surpresa ao lembrar. Eu lembrei da tempestade que criei com minha ira. Nunca foi tão satisfatório assistir alguém afundar. Apesar de ter ficado arrasada depois. Agora descubro que tudo não passou de algo que estava para acontecer. Se não tivesse, eu não teria pensado duas vezes em puxar Bailey para debaixo da água.