Capitulo 17: O papai está aqui.

9 1 4
                                    

Noah Smith.

É desesperador.

Todo mundo está correndo, trazendo e tirando coisas.

Maddie sente dor, muita dor.

Lizzie está nos orientando.

— Preciso de toalhas, gelo, muitas toalhas!— Ela gritava.

— Eu pego as toalhas!— Jordan obedeceu.

— Eu pego gelo!— Alex corria pela cozinha.

Estou subindo as escadas, Maddie estava sentada na cama suando e ofegante.

— Você está bem?— Perguntei apavorado.

Ela negou com a cabeça.

— Dói tudo.— Quase chora e eu afasto seu cabelo.

— Vai ficar tudo bem, isso já vai passar, ok?— Falei afastando seu cabelo do rosto, desgrudando fios suados.

Maddie só assente cansada.

— Olhe, aqui vão ficar no máximo nós três, muita gente pode ser perigoso.— Lizzie se sentou na frente de Madde e abriu suas pernas devagar.

— Por que perigoso?— Indago.

— Calor, bactérias, pressão. Tudo de ruim pode acontecer com muita gente em volta.— Lizzie explicou.— E ela estará com as pernas abertas, e isso não é algo que todos precisam ver.

— Por favor, não.— Maddie falou ofegante.

O pessoal entrega o que é preciso e todos saem do quarto, porém curiosos.

Estamos nós três aqui.

— Preciso ver a dilatação, isso vai ser bem invasivo, ok?— Lizzie fala com Maddie, ela quase não sabe responder.

Lizzie estava colocando luvas que Jordan encontrou, depois arrancou o resto das roupas de baixo de Maddie.

— São contrações com pouco tempo de intervalo, provavelmente já dilatou suficiente.— Lizzie analisa lá embaixo.

Estou prestando atenção em Maddie que geme de dor na mesma hora, não porque Lizzie está examinando, mas pelas contrações.

— O bebê já está vindo.— Lizzie anuncia.

— O que?— Maddie e eu falamos em unissom.

— Já dilatou o suficiente. Maddie, preciso que faça força, toda força que conseguir.— Minha irmã olha nos olhos de Maddie que assentiu.- No 3. Um, dois...três.

Maddie força gemendo de dor, apertando minha mão com força.

Parou, encostou a cabeça em mim e respirou um pouco.

A noite é fria, quase congelante, mas o quarto parece um forno com a tensão toda.

As janelas estão fechadas, portas trancadas e luzes baixas demais. Nosso quarto tem mais velas acesas do que luz, na realidade não há nenhuma luz, somente velas, então fica tudo mais baixo e escuro.

— Quando sentir vir, faça mais força, ok?— Lizzie tocava sabe Deus onde, mas acredito que saiba o que estava fazendo.— Você está indo bem, Maddie, está mais rápido do que geralmente era para ser.

— Ah, merda!— Maddie gemeu de dor e apertou mais uma vez a minha mão.

Suas unhas fincam em minha pele, fazendo uma marca dolorosa no dorso da mão, mas estou tão nervoso que nem sinto.

Eu beijava sua cabeça e afastava o cabelo atrapalhando o rosto, na tentativa de ajudar de alguma forma.

Repetimos o processo umas cinco vezes.

— Espere! Espere!— Lizzie pediu.

— O que aconteceu?— Questionei.

— Não é a cabeça.— Arregalou os olhos tão intensamente que o azul dos olhos ficam mais claros, mesmo com a falta de luminosidade.

— O que?— Maddie não tinha forças para falar.

— Temos que ser rápido, se não ele vai sufocar.— Minha irmã alerta.

Não sou e nunca fui muito religioso ou de fazer orações, mas neste instante eu acreditei em cada deus, cada santo e cada divinidade para que meu filho e minha namorada saíssem vivos e bem daqui.

Para mim, foi um borrão, não imagino como foi para Maddie, estava cada vez mais fraca.

Cada segundo tomava cada vez mais as suas energias.

Ouvi um choro.

— É uma menina!— Lizzie exclamou.— É uma menina, Noah!— Repete.

Eu a peguei e meu mundo colidiu no mesmo instante.

Seu corpo é quente, minúsculo e frágil.

Tinha cabelo preto, bem pouco, mas era nítido  a cor puxada para o cabelo de Maddie.

— Oi, minha princesa.— Falei baixo, passando o polegar em sua bochecha.

Ela é linda. Sei que acabou de nascer e se parece com todos os bebês do mundo, mas eu não acho.

Ela é a bebê mais linda que eu já vi no mundo.

A minha filha é a coisa mais linda e graciosa que já vi.

— Ta tudo bem.— Balancei o corpo um pouco para tentar fazer o choro parar.— Está tudo bem, já passou, já passou.— Repeti.— O monstro já foi embora, o papai está aqui.— Sussurrei sorrindo e encantado.

Me sentei e virei para Maddie.

Meu rosto diminuiu imediatamente.

— Anjo?

𝐁𝐎𝐑𝐍 𝐓𝐎 𝐃𝐈𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora