Capitulo 41: Reminiscência.

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Maddie Smith.

30 de janeiro de 2033, 4:37 da manhã.

Sabe aquela sensação de estar preso à uma memória específica que se repete em sua mente e você só consegue incorporar a sensação de viver aquilo?

Ando me sentindo assim.

Penso muito na minha vida antes de tudo isso. Eu era totalmente diferente. Bom, era menos cruel, menos egoísta e apaixonada.

Eu era escritora independente e recém formada em psicologia. Quando tudo aconteceu, eu havia acabado de me formar na faculdade e estava estudando para conseguir um doutorado.

Era eu sozinha em uma cidade grande que sempre sonhei em estar. Quando eu era menor, sonhava em morar em cidades grandes como NY, mas eu era uma criança no Brasil que sonhava um pouquinho menos.

Meu sonho estava em São Paulo.

Passei a adolescência inteira me especializando na escrita e tinha um plano perfeito para fazer duas coisas que eu gostava e ganhar dinheiro.

Eu sempre fui espertinha.

Bom, acontece que tive que morar com meu pai aos dezessete anos. Parti para o plano B: NYU.

Eu consegui, mas eu sentia falta da minha família no Brasil, sentia falta do meu irmão.

Mason era minha alma gêmea, o único da família que realmente me entendia e me protegia de nossa mãe. Mas ele precisou ir ao exército, era seu sonho.

Vai entender.

Mas o garoto conseguia fazer o impossível para continuar cuidando de mim de longe.

É essa a minha memória constante.

— O que está pensando?— Lily me pergunta quando vejo o fogo se espalhando pela cidade.

Apertei meu arco em minha mão.

— Reminiscência.— Murmurei.

— O que?— Ela se perde um pouco.

— Memória inacabada.— Eu a olho.— É nisso que estou pensando. E é nisso que mais tenho medo que aconteça.

Lily está olhando em meus olhos.

— Como assim, Maddie?— Virou o corpo para mim.

Engoli seco.

— Se eu te pedir um favor, você faria?

— Maddie, que pergunta idiota.— Lily riu.— É claro que sim.

Assenti satisfeita pela resposta.

— Tudo bem.

Noah Smith.

— Ela só se assustou um pouco com o barulho da explosão e perguntou da mãe.— Lizzie passou a mão no braço de Max que dormia tranquilamente.

Viemos checar as crianças, as coisas estavam fugindo do controle.

Suspirei ao ouvir o que Lizzie acabou de dizer.

— A mãe dela não está bem.— Passei a mão no cabelo, afastando as mechas enroladas iguais as de Maddie do rosto.

— O que houve?— Lizzie me olhou.

— Não se preocupe, eu só sinto que tem alguma coisa errada com ela. Está com um medo imenso de falhar.— Expliquei, Lizzie assente.

— Ela é mãe, Noah. Nós temos esse medo constantemente em nosso corpo, às vezes só é mais forte do que em outros dias.— Minha irmã deu de ombros.— Me sinto assim com Leo, morro de medo de deixar algo acontecer com nossa família.— Ela ajeita a franjinha do cabelo de Leo que dormia ao lado de Max.

𝐁𝐎𝐑𝐍 𝐓𝐎 𝐃𝐈𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora