Capítulo 30: Passou por muita coisa.

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Sam Coleman.

Hannah e eu temos algo.

Tudo bem, é indefinido, mas temos.

Nos beijamos há pouco tempo.

Acontece que tudo o que houve atrasou nossa relação, já que estivemos a maior parte do tempo focadas em não morrer.

Porém, andamos em uma calmaria relativa, o que nos proporcionou momentos a sós.

Harry não é bobo mesmo, sempre nos alfinetando e jogando indiretinhas bem diretas sobre nosso comportamento.

Bom, quem poderia culpá-lo? Mal consigo ficar sem olhá-la ou ficar muito longe dela, é quase como uma necessidade de tocá-la.

Aconteceu algo quando nos conhecemos. Eu mudei de ideia não só porque queria fazer parte de algo, mas porque Hannah me encantou.

— Esse lugar é sinistro, não? — Hannah me pergunta quando estamos vendo o porão da casa.

Escuro e gelado, é tudo o que ele é.

— Bom, dizer isso estando em um porão é um pouco obvio, não acha? — Brinquei e ela riu.

— Mas você sabe o que quis dizer, eu falo da casa, desse lugar inteiro. — Começamos a fuçar nas coisas com lanternas nas mãos.

— Um pouco, os relatos dos meninos e os seus me assustam um pouco. Esse Nick não parece ser esse santinho.

— Acredite, ele é o próprio diabo. — Achamos documentos velhos e empoeirados, moveis antigos, tijolos, nada demais.

— Não há nada aqui. — Olho em volta. — Por que ficamos com a maior casa?

—Nem me fale! Eu preferia ficar com uma dessas casas menores sozinha do que uma casa enorme com Harry e Olivia juntos!

A olho um pouco ofendida.

— Sozinha? — Perguntei.

Hannah hesitou, tentou esconder o sorriso e tenta achar as palavras.

— Bom, com você também. — Me olha envergonhada. Eu sorrio genuinamente.

— Dormiríamos em camas separadas? — Brinquei com a situação.

Hannah enrugou o nariz.

—Não. — Negou. — Acho que não precisa.

Me aproximei dela.

— Por que me trata como se não tivesse me beijado aquele dia? — Perguntei e Hannah fica um pouco surpresa.

Ela hesita.

— Porque pensei que não me visse dessa forma.

Solto um riso.

— Hannah, eu praticamente entro em abstinência quando você se senta em lados opostos de mim. Não é como se eu precisasse ser mais clara para enxergar o que sinto. — Chego mais perto ainda dela.

— Talvez seja. — Hannah se aproximou e eu quase ando para trás.

Tento conter o sorriso.

— Desculpa por isso. — Ela me olhou e eu quase suspiro.

— Tudo bem.

Ainda assim, é estranho estar assim.

Essa tensão entre nós, essa coisa que puxa uma para perto da outra e mesmo assim nós resistimos.

Como se fosse errado.

Talvez seja, mas é o apocalipse.

No apocalipse, o errado se torna necessidade.

𝐁𝐎𝐑𝐍 𝐓𝐎 𝐃𝐈𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora