Capitulo 45: Exílio.

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Noah Smith.

Final de março

Queria poder sair desse sentimento obsessivo.

Queria poder esquecer tudo com mais facilidade, seguir em frente e ser o melhor para Max.

Eu não consigo, não consigo e me odeio demais por isso.

Vejo Lily com Nick. Ela está diferente.

Cortou o cabelo, soa mais cruel, mais oculta e indecifrável.

Eu queria poder começar com ela, mas não consigo chegar perto de minha família, dos meus amigos.

— Você deveria aparecer mais na Lizzie, Max sente sua falta lá.— Alex fala.

Me isolei, não consigo me importar com muito, só com minha filha.

Sei que não é saudável, sei bem, mas eu queria poder mudar isso.

Max passa todos os dias comigo, mas quando o pessoal quer fazer algo juntos, apenas digo para Alex buscá-la e cuidar dela.

Não posso prender a minha filha ao meu sentimento de angústia.

Não seria a melhor forma de lidar com o luto.

Não é.

— Eu sei, eu também sinto falta de vocês lá.— Olhei o moreno. Estamos na minha sala jogando conversa fora enquanto Max brincava no carpete.

— Por que não volta?

Olhei minhas mãos, pensando na pergunta. Me perguntando o mesmo.

É difícil.

Estou um pouco melhor, mas ainda é difícil.

Ando em uma fase do luto em que questiono tudo o que houve, tanto no ocorrido, quanto nos objetivos de tanto sacrifício.

— Eu não consigo fingir, Alex.— Falei de forma sincera a ele.— Não consigo frequentar os lugares que ela frequentava.

— Sei como se sente, Noah. Sei bem.— Alex quase me corta.— Entendo que lidamos com o luto de formas diferentes, mas eu entendo a sua angústia, eu vivi ela. Eu vi ela.

Me lembro da morte de Jake. Me lembro de Alex passando por tudo.

Ele ficou anestesiado por dois meses, vivendo no automático.

Só conseguiu voltar a viver porque permitiu que ajudássemos.

Deus, eu preciso tanto de ajuda.

— Hoje vou caçar com alguma das meninas, se quiser ir...nós te receberemos com braços abertos. Quem sabe atirar em alguma coisa não te ajude.— Alex toca meu ombro.— Max pode ficar com Lizzie, Leo morre de saudades dela. Vai ser bom para ambos.

Fiquei quieto por um tempo.

— Vou pensar.— Ergo o olhar, Alex sorriu.

— Estamos melhorando, cara...a cada dia que passa, estamos melhorando.— Tocou minha nuca, eu sorri a ele.

Alex se levanta, vai até Max.

— Até mais, pituca.— Estende a mão e a pequena bate empolgada. Alex riu e beijou a cabeça dela antes de sair.

Ficou apenas eu e Max. A mesma me olhou, entornou a cabeça e veio até mim.

Me escalou até estar sentada na minha barriga, agarrada ao meu pescoço.

— Papai, o que 'contece?— Me olhou triste.

Sorri do seu jeitinho desengonçado de falar. Às vezes ela consegue falar uma frase inteira muito bem, às vezes sai bagunçado e é fofo de todo jeito.

𝐁𝐎𝐑𝐍 𝐓𝐎 𝐃𝐈𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora