Amor: Um vínculo inquebrável?

Questionamentos

*Leandra*

Sabem quando as pessoas que passa m por experiências quase morte dizem que viram sua vida passar-lhes em frente? Eu não contei para ninguém mas senti isso. E ao olhar pra trás e analisar friamente o que houve, tudo o que passei, assim como a Laura um dia me ensinou que preciso fazer quando quero analisar meus sentimentos, percebi algo que sempre esteve na minha frente mas eu que tinha e tenho medo de admitir. O papel do Leo na minha vida.

Eu acho que tudo o que passei nos aproximou e afastou ao mesmo tempo. O meu pai o mandando pra longe, a volta dele quando eu estava prestes a me casar, o tempo que passamos juntos antes disso e quando meu casamento acabou, os momentos com Chris, meu amado e querido filho, esteve tudo perante mim. Ainda não sei nomear o que sinto mas pretendo descobrir, é imperativo que o faça.

Preciso fazer um paralelo sobre a minha relação com o Christopher e a minha relação com o Leo. "Será que eu amo mesmo o Christopher? se sim, o que sinto pelo Leo? Como eu reagiria se ele decidisse seguir em frente e procurar alguém? O que eu faria? como me sentiria? E com o Christopher, podemos ser o que éramos ou melhor? Foi amor?" Tenho tantas perguntas sem resposta e, não sei bem como achar a resposta a elas. Ainda não falei com ninguém sobre o assunto mas definitivamente não falarei com o Leo. Nunca lhe dei falsas esperanças e não é agora que vou começar a dar. eu vou resolver isso e só depois vejo o que fazer em relação a ele mas e se eu descobrir que o amo mas ele já estiver com outra pessoa? Céus!!! Preciso de respostas.

Fiquei pensando nisso na minha estadia no hospital e, como que querendo me forçar a enfrentar algo que admito que pensei em só ignorar, depois de sair do hospital e estar já em casa, o Leo veio me ver.

-Oi.- Eu disse calorosamente o dando um abraço apertado que ele retribuiu de bom grado

-E aí como estás?-Ele falou assim que entramos e caminhou para sentar-se na mesa de jantar como indiquei

-Te devendo uma.- Falei fazendo uma careta enquanto pegava um suco

-Sabes que não precisa disso. Além do mais eu nem fiz muito foi a Laura que encontrou o local depois que você criou essa abertura.- ele respondeu bebendo um pouco de suco. Olhei pra ele que parecia ter algo a dizer que o trouxe aqui

-De qualquer maneira obrigada. Foi por nos conhecermos tão bem nós quatro, cinco agora com o Lauro que está se integrando no grupo, que isso foi possível.- falei sorrindo

Ele esboçou um sorriso triste encarando o copo diante de si, pensando.

-Que foi me fala.- Pedi o vendo pensar tanto

Ele suspirou e por fim falou.- Preciso de um tempo longe. Me reorganizar, saber o que fazer a seguir.- ele olhou pra mim

-Porquê? Pensei que tava tudo bem.- falei

Ele sorriu sem humor algum e depois falou- Eu fiz parecer que estava- ele suspirou soltando uma risada seca- Ela não me contou que era tão difícil doar-se aos outros.- voltou a encarar o copo.

-De quem falas?- perguntei prestando atenção a cada detalhe

-Ali Hernández sei que sabes de quem se trata- respondeu

-Lembro. A pessoa que conheceste durante o tempo que estivesses longe.- respondi não gostando muito de lembrar

-Sim. Ela me ajudou muito quando me afastei, a bem dizer, me afastaram. Acho que vou vê-la novamente e ficar por lá por um tempo.- Ele respondeu ainda sem me encarar 

-Vocês continuam conversando?- perguntei como quem não quer nada

-Sim. Ela tem passado por cada coisa, a vida dela não é fácil mas ela lida muito bem com isso. Gostaria de ser forte assim.- ele respondeu. Olhos brilhando de carinho ao lembrar da amiga

-Disseste que fazes parecer que tá tudo bem. Explica-me melhor isso.- falei tentando não disparar perguntas sobre a relação dele com a Ali

-Não é fácil lidar com amor não correspondido Leandra e de verdade que não te cobro mas, não nego meus sentimentos também. Fui forte porque vinha de baterias carregadas pronto para lidar com tudo e permanecer a teu lado mesmo quando te via escolher outro mas, agora estou sem forças de novo. Não posso viver assim sabes, acho que seria bom recomeçar, conhecer novas pessoas e me reconectar com algumas de meu passado que me ajudaram antes.- Ele explicou olhando pra mim

Eu entendia. A verdade é que tomei a presença dele como garantida e nunca realmente refleti sobre como ele estava lidando com os sentimentos que ele nunca negou sentir por mim. Nem sei bem o que dizer. Ele vendo a minha hesitação suspirou. 

-Não precisas pensar muito no assunto. Faço isso por mim, preciso de tempo. Além disso, não é como se eu fosse desaparecer do mapa. Vou estar sempre em contato.- Ele sorriu dessa vez com sinceridade- Acho que já era tempo pra fazer isso.-

Quando eu queria responder, apareceu o Chris com sono ainda vindo em minha direção.

-Que foi meu amor?- perguntei o sentando em meu colo

Ele bocejou e se enroscou em mim. -boa noite padrinho- falou

-E aí pequeno astronauta. Porquê acordaste?- ele perguntou passando as mãos nos cabelos dele

-Fiquei sem sono e quis vir abraçar a mamãe pra sentir que ela tá bem já.- ele respondeu se aconchegando mais em mim

Doeu ouvir. Ele tinha medo, como não ter depois que não só desapareci como fiquei em coma por mais de um mês.

Fiz ele olhar pra mim- Mamãe tá aqui e não vai mais embora. Não te preocupes meu amor.- dei um beijo na sua testa e o aconcheguei para que ele dormisse em meu colo

O Leo se aproximou e começou a fazer carinho em sua cabeça enquanto o observava adormecer. eu fiquei olhando pros dois e em como parecia certo. Era uma cena repetida tendo em conta que o Leo tem criado o Chris comigo desde o princípio mas com um sentimento diferente, da despedida. Ele vai embora logo, reconstruir sua vida, focar um pouco mais me si, se cuidar. Não sei bem como vou lidar com isso já que me acostumei com ele aqui mas, seria egoísta da minha parte pedir que ele fique. 

Olhei pra ele e de novo pro Chris que já dormia.- Vou dormir também para que ele durma comigo hoje- falei- e quantos dias precisar- ele completou levantando-se também com toda atenção para o Chris.

-Nos vemos ainda antes de partires?- perguntei com o coração apertado.

-Sim. Ainda tenho coisas a organizar e pessoas para despedir como essa miniatura de pessoa em teu colo.- Ele disse olhando carinhosamente pro Chris. 

-Vou sentir saudades, mas sei que é o melhor. - falei não conseguindo esconder minha tristeza e o aperto no coração

Ele me abraçou e deu um beijo na testa do Chris e na minha e sem se desfazer o abraço falou:

-Eu também Leandra, sempre.-