Amor: Um vínculo inquebrável?

Mediadora I- Tempo pra pensar

*Leo*

Assim que sai do parque liguei pra Ali. Só ela podia me ajudar agora.

-Leo que houve?- ela perguntou com voz de quem acordou agora

-Desculpa te acordar...- comecei a me desculpar pensando que talvez estivesse incomodando

-Ei Leo, calma. Me diz o que se passa?- Ela perguntou novamente um pouco ofegante como se estivesse a se preparar pra vir a meu encontro

-Eu só...- Eu não conseguia falar

-Leo onde você tá?- Ela perguntou

-No parque.- Respondi simples enquanto sentava na calçada

-Peraí tô indo.- Ela respondeu e não desligou

Ainda pude ouvir ela falando.

"Amor, cê dirige... Me passa teu celular... Oi Jennifer, sim. Vai pegar só a Leandra por favor. Vai com o Lopez. Obrigada..."

-Leo tás me ouvindo?- ela perguntou. Eu sério pensei que ela não havia notado que não tinha desligado

-Leo?- voltei a ouvir dessa vez ela estava caminhando em minha direção já com a chamada encerrada e eu só fui e a abracei forte.

-Ela me ama Ali. Me ama e eu estou perdido porque não sei o que fazer com essa dor e mágoa que ainda reside em meu coração.- foram as únicas coisas que falei.

-Tá tudo bem Leo, a gente vai dar um jeito.- Ela respondeu abraçando de volta.

Depois disso, em silêncio eles me levaram pra casa, a ali preparou um chá de camomila pra mim e sentou-se a meu lado abraçando de lado.

-Eu já vou, qualquer coisa me liga.- O Hames falou se dirigindo a Ali e dando-lhe um beijo não muito demorado. Dirigiu-se a mim apertando de leve meu ombro em sinal de apoio e depois se foi ficando só eu e a Ali. Essa que sei bem que não vai iniciar conversa pelo menos, não hoje e por mim tudo bem que também não queria falar.

A Ali nada disse naquele noite, só me assegurou que estaria na porta ao lado se eu precisasse. No dia seguinte, desci e a encontrei tomando o seu habitual suco de manga enquanto mexia no seu tablet. Assim que notou a minha presença, ela voltou a sua atenção pra mim e esperou que eu falasse algo primeiro e eu comecei já me desculpando porque a tirei de casa sendo que ela tem uma família.

-Ali desculpa por isso...-Ela me cortou logo

-Leo não precisas pedir desculpas, tá tudo bem. Eu disponibilizei-me a ajudar. Além disso, o Hames já passou por aqui.- ela falou mostrando o tablet

-Eu não pensei que pudesse entrar em pânico e te ligar em horas inapropriadas sendo...-

-Que eu tenho uma família.- Ela completou- Sim eu sei Leo e não há problema. Sabes que entendo sobre fazer os outros correrem em teu auxílio.-

-Tens razão.- Suspirei pensando no que houve ontem

-E aí? Vais explicar o que houve?- ela perguntou me indicando a mesa para sentar e servindo suco pra mim

Dei de ombros. -A Leandra me ama e eu entrei em pânico como um idiota.- Respondi pensando na cena que fiz ontem

-Leo, da mesma forma que estar em paz não depende das circunstâncias ou dos outros, estar disposto a superar o passado e fazer as pazes com ele, não significa que ele vai deixar de doer. Leva tempo.- ela respondeu

-Eu só queria não me sentir assim.- confessei suspirando

-Eu entendo mas, para que o passado não te persiga e continue machucando, para que ele assim como uma ferida se torne uma cicatriz, você precisa enfrentá-lo de frente por mais difícil que isso seja.- Ali

-Eu sei. Só não sei que atitude tomar perante essa situação onde me encontro. Eu não pensei que ela pudesse ainda sentir isso. Acho que se formos a perguntar ninguém iria pensar nisso.

As coisas entre ela e o Christopher pareciam bem, certas...-

-E não podes deixar de te questionar "se as coisas tivessem acontecido de maneira diferente?"- A Ali completou

-Exatamente. Se as coisas que a afastaram do Christopher não tivesse acontecido, ela não estaria aqui agora.-

-Eu acho que, mesmo que demore, a gente sente e depois acaba percebendo o que realmente sentimos. Eu acredito que a Leandra realmente chegou a amar o Christopher, se sentia atraída por ele mas não se apaixonou por ele e isso faz toda a diferença- Ali

-Como? Se paixão, atração e amor são coisas diferentes, porque ela tinha que amar e estar apaixonada?- Leo

-Pensemos no nosso caso, eu te amo e não nego que és atraente contudo, não estou apaixonada por você, e isso faz toda a diferença para que sejamos só bons amigos e nada mais.- Ali

-Estás dizendo que a paixão faz toda a diferença?- Leo

-Sim Leo. Amar romanticamente alguém envolve primeiro se sentir atraído pela pessoa, seja pelas suas características físicas, seja pelo seu coração. A partir daí é que a pessoa vai nutrindo o amor ao conhecer a pessoa e se encantar pelas suas qualidades e não se amedrontar e afastar pelos seus defeitos, eventualmente pode nascer a paixão, o olhar diferente, o nervosismo perto, o suar frio, as borboletas na barriga. É um processo diferente em cada um mas, é um processo.

Amar romanticamente envolve isso tudo a atração para olhar só pra essa pessoa, a paixão para as ações 'patetas' o se entregar ao sentimento e o amor companheiro para permanecer aí pelo que a pessoa é no íntimo e não só pelo que ela nos proporciona.- Ela respondeu doce, calma e me deixou pensar

-E achas que ela se sente assim comigo?- perguntei ainda pensando em suas palavras.

-Isso é algo que só a Leandra pode te responder Leo.- Ela levantou-se e sorriu

-Obrigado. Preciso pensar.- Falei puxando-a para um abraço

-Claro. Agora como alguém de família preciso ir.- Ela disse rindo e eu senti meu coração quentinho

-claro. -Me despedi e ela foi.

Acho que ela tem razão. Vou pensar mais um pouco e me preparar e falarei com a Leandra.