Sete anos depois

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Meus olhos estavam muito molhados mesmo depois de secá-los duas vezes. Sabia que era
inútil continuar tentando, mas nada tinha me preparado para ver meu filho entrar na escolinha pela primeira vez — e com a maior naturalidade do mundo.

Ao longo dos anos, ouvi muitos relatos de outros pais que diziam como era difícil fazer
suas crianças gostarem de ir para a escola.

Eu me iludi, achei que fosse ser assim comigo. Só que James não era igual a todo mundo.

Meu garotinho tinha completado quatro anos há pouco tempo, possuía os olhos castanhos e os cabelos escuros como os da mãe. Ele era extrovertido e sorridente, mostrando que não tinha herdado quase nada de mim, e fazia amizade com muita facilidade, encantando todas as pessoas por quem passava na rua.

— Não significa que James nunca mais vai voltar, gatinho — disse Jennie, abraçando-me por trás e beijando meu ombro. — No fim do dia a gente volta pra buscá-lo. Tente pensar pelo lado positivo: algumas horas livres pra transarmos bastante.

Abafei a risada ao mesmo tempo em que me virei e tentei tapar a boca infame. Ela sempre foi desbocada, mas não era mais tão engraçado, considerando que tínhamos quase trinta anos e nossos vizinhos não queriam ouvir essas vulgaridades.

— Tente se controlar em público, fofa. — Levei um beliscão, porque minha esposa odiavaesse apelido e eu o usava quando queria me vingar dela. — Para de me bater, olhe lá o seu filho acenando.

James estava prestes a entrar no prédio, de mãos dadas com uma das assistentes
responsáveis por ele. Seu sorriso e suas covinhas aqueceram o meu coração e eu confesso que queria muito derrubar todas aquelas pessoas no caminho e ir até lá para pegá-lo no colo e levá-lo de volta para casa.

Nunca tivemos babá, nunca utilizamos nenhuma creche. Nosso filho foi criado
integralmente por nós dois, pois trabalhávamos em home office nas empresas da minha família, então foram três anos de muito amor, cuidado e carinho. O tempo todo juntos. E eu era apaixonado por aquele garoto.

— Olhe só pra ele — Jennie disse, sorrindo enquanto observava James. — Vai se sair tão
bem, você vai ver. É um menino corajoso demais, como os pais dele.

— Eu sei — respondi, ainda com um nó na garganta. — Só é difícil deixá-lo ir, sabia?
Parece que foi ontem que ele nasceu.

Jennie deu uma risadinha e entrelaçou os dedos nos meus, depois os levou até a barriga de seis meses.

— O próximo está a caminho, gatinho. Não fique tão saudosista.

Minha esposa tinha razão sobre tudo. Eu é que estava mais sensível e pensativo, refletindo sobre os últimos anos e em como nossa vida tinha mudado desde que James chegou. Jennie e eu tínhamos amadurecido, nossas carreiras eram tudo o que sonhamos, agora, nosso pequeno estava dando seus primeiros passos para a futura independência.

Ela se inclinou para me dar um beijo rápido, e eu soube que, apesar do nó na garganta ao
ver James indo para seu primeiro dia de aula, eu me encontrava no caminho certo. Estávamos crescendo como família e mal podia esperar para ver o que o futuro nos reservava.

— Não acredito que você está chorando de novo — murmurou Jennie, enxugando meu rosto.

— Eu amo muito ele.

— Que novidade, eu também, e nem por isso estou me desfazendo aqui.

Ouvimos um pigarro e uma tosse ao nosso lado. Virei minha cabeça e encarei o velho
idiota do meu irmão, que mantinha seus braços cruzados e usava óculos escuros.

— Também vou vir de óculos amanhã — falei, fazendo careta para ele.

Acompanhei a direção para onde olhava e sorri para Suri, minha sobrinha de quatro anos que estava segurando a outra mão da assistente. Seus cabelos eram lisos e compridos, com franjinha, bem castanhos, assim como seus olhos. Por incrível que pareça, ela era a melhor amiga de James e só por isso eu ainda aturava Jungkook, pois era a única coisa boa que ele tinha planejado na
vida.

Quando nossos filhos finalmente entraram e a porta da escola se fechou, o aperto no meu
peito foi intensificado. Eu me virei para ir embora com Jennie e encarei meu irmão, que não conseguiu esconder a emoção antes que eu visse.

— Vai pra casa? — perguntei e ele assentiu. — Então me espera porque preciso pegar o que deixei lá no final de semana.

— Você sabe o endereço. — Ele ergueu os óculos para limpar os olhos. — Tenho coisa
mais importante pra fazer.

— Não fale assim comigo, Jungkook! — ralhei quando me deu as costas e caminhou para seu carro estacionado ali perto, porque sim, ele agora era um pai responsável. — Se não fosse por mim, você nunca teria desencalhado!

O filho da puta ergueu o dedo para mim e continuou andando. Ao meu lado, ouvi a risada de Jennie quando seu braço encaixou no meu e ela me puxou pela calçada.

— Você sempre o defende.

— Eu nem abri a minha boca — retrucou, rindo de novo.

— Nem pra me defender.

— Mas vocês estavam brigando? — Encarei minha esposa e revirei meus olhos para ela,
que apertou meu queixo e me deu um selinho. — Gatinho, sabe que esse é um jogo que sempre vai perder, porque eu amo você e seu irmão e nunca vou escolher um lado.

— E por causa disso, não vai ter sexo hoje — declarei, ouvindo seus resmungos até o
carro.

O babaca do Jungkook quase arrancou a minha porta aberta quando passou, então entrei rápido e acelerei para grudar na traseira dele. Era um incômodo morarmos na mesma rua, mas parecia que o idiota não sabia viver sem mim. Ou sem Jennie, tenho minhas dúvidas. Mas eu também não podia reclamar, porque a pessoa que dividia a vida com meu irmão, jamais poderia não fazer parte da minha.

Só que isso... é assunto para outra história.

E um dia, o Jungkook vai vir aqui contá-la.

O amor não é óbvio - TaennieOnde histórias criam vida. Descubra agora