Capítulo Um

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*alguns usuários estão reclamando de que está dando erro neste capítulo, tentei arrumar o problema, mas se acontecer com o seu Wattpad, por favor me informar :)*

Empurro a tampa do bueiro para longe. A luz do sol entra no corredor do esgoto e nos cega. Eu saio. Tento repassar tudo que aconteceu nos últimos minutos:

O monstro. Brenda. A porta abrindo. O corredor vazio. O corredor com uma tropa de soldados. Corremos para outro corredor. Um elevador. Nós subimos por muito tempo. O elevador deu para um corredor escuro. Do corredor, nós subimos escadas e fomos para os corredores do esgoto. Do esgoto, viemos para essas escadas que dão para as ruas.

Tivemos que fugir. Somos 6 contra um exército. Não tinha como lutar. Não sei no que Zayn estava pensando em nós mandar para cá. Será que ele mentiu em ser bonzinho? Será que ele ainda está com a LPB? 

Queria saber como está o condomínio. Queria saber como está a minha irmã. Queria saber como estão todos...

Eu fico ao lado do bueiro enquanto os outros saem. A rua está com carros empoeirados parados encostados na guia ou no meio da rua. As casas ao redor estão destruídas. Não temos para onde ir. Não podemos voltar para o condomínio. Temos que continuar. Talvez encontrar abrigo.

Após Ariana sair do bueiro, nós o tampamos e começamos a andar com passos rápidos pela rua. Não trocamos nenhuma palavra até agora. Ainda continuo meio aflita por saber que Brenda era quem estava de espiã no condomínio, não Clarissa. Mas se Clarissa não teve nada a ver com isso, e aquele frasco que ela pegou no hospital? E aquele papel? Eu tinha certeza que era Clarissa.

— Para onde vamos? — pergunta Dylan.

Ninguém o responde. Ninguém sabe para onde vamos. Nem mesmo eu.

Nós viramos uma rua onde tem alguns zumbis. Pego uma flecha e ajeito no arco. O zumbi mais próximo começa a vir na nossa direção. Disparo minha flecha nele e ela acerta sua cabeça. Eu vou até lá pegar a flecha enquanto os outros vão com luta corporal para cima dos zumbis. Guardo a minha flecha e quando não tem mais zumbis por perto, eu chamo a atenção dos outros.

— Por aqui — falo.

E então vou em direção a uma casa com a porta já aberta. Dou de cara com um zumbi, mas eu pego uma flecha rapidamente e cravo contra a sua cabeça. Sinto uma forte agonia em fazer isso com a mão. Sangue respinga em meus dedos. Tiro a flecha da sua cabeça e sinto mais agonia ainda.

Harry vai para a sala e com as facas, ele mata os dois zumbis que estavam lá. Peço para os outros vasculharem a área e então, Dylan e Ariana vão para o andar de cima e Demi e Niall vão para a cozinha.

Eu e Harry pegamos os corpos e os jogamos para fora da casa. Se vamos ficar aqui por um tempo, não podemos deixar o lugar fedendo. Fechamos a porta e então nós vamos até a sala. Demi e Niall voltam com alguns enlatados e colheres.

— Não tinham zumbis, mas tinha isso aqui. — Niall fala.

Ari e Dylan aparecem descendo as escadas.

— Nada — fala Ari.

— Tem algumas camas lá em cima, talvez possamos usar — fala Dylan.

Nós todos nos sentamos na sala e formamos um círculo. Niall abre uma lata que eu presumo ser de milho. Ele põe uma colher lá dentro, pega o milho e enfia na boca. E então, passa o enlatado e a colher para Dylan. Ele faz uma cara de nojo, mas pega uma colherada de milho e põe na boca.

— O que vamos fazer? — pergunta Ariana enquanto Dylan passa o enlatado para ela.

Eu suspiro. O sol pega na janela e bate em minhas costas.

— Eu não sei — falo. — Talvez devêssemos encontrar algum lugar seguro e ficar lá por um tempo.

— Aqui é um lugar seguro — fala Harry, pegando o enlatado.

Eu não falo nada. Não me sinto segura aqui. Na verdade, acho que agora não me sinto segura em lugar nenhum. E se a LPB ficar atrás de nós agora? Somos como procurados.

— Talvez possamos achar um outro grupo de sobreviventes — fala Ariana enquanto Harry passa o enlatado para mim. Eu não como, passo logo para Demi. Não estou com fome. — Já ouviram falar do grupo de Ibirapuera?

Eu ergo as sobrancelhas.

— Aquele parque? — falo. — Como tem um grupo de sobreviventes em um parque?

— Bom, eles dominaram a área do Ibirapuera. Parece que dormem nos prédios próximos ao parque, mas que tem guardas rodeando o lugar inteiro. — ela explica.

O Ibirapuera é um parque bem grande. O problema é que fica longe daqui. Se existem sobreviventes lá mesmo, eles têm uma parte bem grande e segura. Talvez possamos ficar lá. Mas de qualquer forma, eu vou ter que voltar para o condômino. Não posso deixar minha irmã lá. E todas aquelas pessoas... Eles protestaram por mim e devem estar falando "nós lutamos por ela e ela vai embora".

Eles acreditavam em mim e eu fui embora. Eu queria muito saber como está o condômino.

— Vocês podem ir para lá — eu falo. — Vou voltar para o condomínio.

Todos olham para mim. Sérios. Niall até abaixa a colher cheia de milho e coloca no enlatado de novo.

— O quê? — Harry pergunta, finalmente.

— Preciso voltar para o condomínio — falo. — A minha irmã está lá.

— Claire, nós entendemos que você quer Bia de volta, mas voltar para o condômino é suicídio. — Demi fala.

Eles não entendem. Eu preciso ir para o condomínio, preciso resgatar minha irmã.

— Bia está em perigo lá dentro! — falo. — Eles me querem! Eu sou a droga da Escolhida e agora eles vão fazer de tudo para me pegar! Vocês não percebem que o meu maior inimigo está com as mãos na pessoa em que eu mais amo?!

Estou brava. Estou triste. Eu quero chorar, mas não na frente deles. Me levanto rapidamente e vou com lágrimas nos olhos até as escadas. Subo, e então sinto a água salgada escorrer pelas minhas bochechas. Minha irmã está lá. Eles podem matá-la. Ela pode já estar morta. Eles estão com ela.

Limpo as lágrimas do meu rosto e entro na primeira porta que vejo. Estou em um quarto. A única iluminação aqui é o sol. O chão é de madeira. Tem um coxão no chão e uma cama de casal aqui. Dá para dormir três pessoas nesse quarto. Talvez eu possa ficar um dia aqui e depois partir para o condomínio.

Ouço passos atrás de mim e então a porta do quarto se fecha. Mesmo antes de virar, eu já sei que está aqui. Harry coloca os lábios em meu pescoço e segura as minhas mãos. Ele suspira e eu também. Seu toque consegue me acalmar. Meu estômago começa a me castigar por ter recusado aquele enlatado.

— Desculpa — falo.

— Pelo quê?

Sinto sua respiração roçar em minha pele.

— Em ter metido vocês nisso. — falo. — Essa luta é só minha e vocês acabaram entrando no meio...

— Quem disse que essa luta é sua? E quem disse que foi você que nos meteu nisso? Nós entramos no meio por escolha própria. Estamos aqui para te proteger.

Eu me viro para ele e então coloco minha cabeça em seu ombro. O seu cheiro é de esgoto, suor, sangue e carne podre. Mas eu não ligo, já que todos estamos com esse mesmo cheiro. Harry coloca a cabeça em meu ombro também e nós permanecemos abraçados.

— O que eu sou? — pergunto.

Apesar da energia que Harry transmite para mim ser quente, eu começo a sentir que o lugar também está quente. Talvez o céu se abra e então o calor irá tomar tudo. Quero permanecer nos braços de Harry para sempre. Quero permanecer nesse quarto para sempre.

— Minha — ele fala. — Você é minha.

E então — depois de muito tempo — eu me sinto confortável. Me sinto segura. E eu me sinto bem.

*Eai? Gostaram? Se vocês preferiram assim do que da outra forma, avisem!*

Escolhida || Livro 2 da Trilogia SinistraOnde histórias criam vida. Descubra agora