Capítulo Dois

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Já está de noite. Eu fiquei olhando pela janela o tempo inteiro. Os outros conversavam e se divertiam entre si. Talvez eles saibam que eu prefiro ficar sozinha por enquanto. Eu fico pensando o que aconteceria se eu saísse daqui e fugisse até o condomínio sozinha. Bom, ou eu morreria, ou a LPB me pegaria e me trancaria em uma sala para sempre. Nenhuma das opções são boas. De duas coisas posso ter certeza: seja lá o que estiver acontecendo no condomínio, não deve ser nada bom.

E se Bia estiver com medo? E se Justin precisar de ajuda? Como será que está Lena? Será que eles estão matando todos?

Tento ignorar o último pensamento horrível da minha mente. Bom, eles já sabem que eu sou a Escolhida e estão me caçando, não precisam mais dos outros sobreviventes. É provável que eles estejam matando todos. Mas não quero acreditar nisso. Pelo menos por enquanto.

Iluminamos a casa com velas. Cada um tem sua própria vela. Eu não fico com nenhuma, para não atrair os zumbis de fora enquanto fico na janela.

Eu vi alguns zumbis passarem pela rua, mas eles seguem sempre pelo mesmo caminho. Eu acho isso um pouco estranho, mas agradeço por eles não estarem vindo para a nossa direção.

Ouço passos rápidos vindos das escadas e então eu me viro. Uma luz vem se aproximando e quando chega, descubro que é Dylan segurando uma vela. Ele parece elétrico. Não está feliz ou triste. Apenas elétrico.

— Claire, você precisa ver isso — ele fala.

Ergo as sobrancelhas. Mais notícias ruins? Será que isso só vai piorar?

Dylan deixa a vela no chão e sobe as escadas rapidamente. Eu corro atrás dele. Ele vai até o final do corredor, onde tem escadas para ir até o sótão. Ele as sobe e eu começo a desconfiar um pouco. Nunca fui fã de sótãos ou porões.

Subo as escadas. O lugar é um pouco escuro e lotado de poeira. Droga, odeio poeira. Tenho que ficar agachada para não bater a cabeça contra o telhado. A única coisa que ilumina aqui é o enorme buraco do telhado, que deixou um monte de telhas no chão. Dylan escolha o monte de telhas, indo para o telhado. Não sei nem se ele sabe que eu estou seguindo ele.

Continuo o meu caminho. Começo a subir o morro de telhas enquanto algumas delas caem. Finalmente consigo subir e então vejo Dylan olhando para a rua atrás da casa. Ele parece que está se escondendo de algo, pois está deitado na telha, apenas com os olhos para fora, olhando a rua. Eu me levanto e vou até ele. A lua e as estrelas são as únicas que iluminam aqui. Quando chego ao seu lado, me deito igual e ele aponta para a rua.

Eu viro o olhar para ela e levo um susto. Uma multidão de zumbis caminha lentamente para um local que parece ser bem específico. Sul. Igual os outros.

— Por que eles estão assim? — pergunta Dylan baixo, para que não nos escutem.

Sigo o olhar para o sul. E então vejo sete prédios altos com luzes acesas. Consigo ver também, vários zumbis se amontoando em volta dos prédios.

— O condomínio — falo. — Está com todas as luzes acesas. Está atraindo zumbis. E me parecem que todos os Guardas foram dispensados de seus postos.

Respiro fundo. Só consigo pensar em Bia. O condomínio está repleto de zumbis em volta. Não tem como eu voltar para lá. É impossível passar por todos esses zumbis. Mas agora posso ter certeza de uma coisa: eles não estão matando todos.

— Mas se esses zumbis estão aí... — fala Dylan. — Como os Sinistros vão sair para buscar suprimentos?

— Eles não saem — falo. — A LPB vai sustentar eles com suprimentos.

Escolhida || Livro 2 da Trilogia SinistraOnde histórias criam vida. Descubra agora