Capítulo Quarenta e Nove

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Ela salta em minha direção. Suas mãos agarram meu pescoço e nós caímos no chão. Mesmo com a queda forte contra o piso duro, não sinto dores em nenhuma parte de corpo — além da cabeça.

Ela me enforca com força, fazendo minha garganta fechar e eu não conseguir dizer uma palavra.

— Você não é ninguém sem mim, Claire — ela fala. — Não é ninguém sem deus poderes.

Então, ela levanta o punho e leva ele até meu rosto. Sinto o soco atingir meu nariz e eu grito. Minha cabeça bate contra o chão e uma dor atravessa meu corpo inteiro.

Sei que estamos dentro da minha cabeça. Sei que isso está acontecendo na minha cabeça. Mas é extremamente real e não se parece nada com um sonho.

Quando ela levanta sua mão novamente para começar uma sequência de socos, eu dou uma forte joelhada em suas costas.

A Outra Claire solta um grito e eu aproveito para socar seu estômago com toda a força que tenho. Ela sai de cima de mim cambaleando.

Tento me levantar, mas as dores que dominam meu corpo não deixam. Me arrasto pelo corredor, indo para longe dela. Quando volto meu olhar a ela, levo um susto ao vê-la saltar e vir em minha direção com o punho fechado.

Tenho sorte em desviar por pouco. A mão dela bate contra o chão, que desaba com nós duas.

Caímos dentro de um buraco infinito escuro. Meu corpo gira no ar enquanto desce fundo. Olho para a Outra Claire e a vejo com olhos vermelhos brilhantes. Ela urra como um monstro. Seu corpo também gira no ar.

Então, bato contra o chão de madeira. Meu coração dispara. O corpo da Outra Claire atinge o chão e desaparece em uma explosão de poeira.

Zonza, eu levanto. Ao olhar ao redor, percebo que estou na sala do meu apartamento. No condomínio. Sozinha. Parece que faz mil anos desde que eu deixei esse lugar. Desde que deixei a cadela que encontramos na casa de Tomás...

Desde que deixei minha irmã.

Isso precisa acabar. Eu não posso deixá-la vencer essa luta.

— Acha mesmo que vai conseguir? Sem a minha ajuda? — ouço a minha voz atrás de mim e me viro rapidamente.

E ali está ela. De olhos vermelhos. Ardendo como chamas.

— Já parou para pensar em quantos tiros você já tomou só nesses últimos dias? Acha que sobrevive sem se curar? — ela fala, rindo.

Não respondo. A encaro, com os fixos naqueles olhos de sangue.

Lembro-me de quando ela conseguiu tomar conta do meu corpo por completo aquele dia na rua. Foi como se eu não conseguisse me mover dentro de mim. E ela me fez destruir aqueles carros com os meus amigos perto. Eu quase os matei.

Talvez o meu impulso de fazer as coisas sem pensar... esse tempo todo... tenha sido ela.

Eu preciso me livrar dela. Eu preciso tirar o Parasita de mim.

Corro em sua direção e pulo para cima dela. Eu a agarro e nós vamos para o chão. Quando nossos corpos atingem a madeira, um estrondo ocorre e um buraco de forma, nos derrubando para o apartamento debaixo.

Escolhida || Livro 2 da Trilogia SinistraOnde histórias criam vida. Descubra agora