Capítulo Vinte e Seis

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Muitas informações para um dia só. A única que eu consegui manter fixada em minha mente é a que sou imune. Essa ficou martelando a minha cabeça à noite toda. Não sei se dormi, mas se consegui dormir for por pouco tempo e eu provavelmente sonhei com algo sobre as informações que Tomás esmurrou na minha cabeça.

A LPB me quer pois eu sou a chance mais próxima deles terem a cura para o vírus que criaram. Eu sou a Escolhida pois fiz parte de um projeto deles quando eu era apenas um bebê. Mas por quê? Por que eles fizeram tudo isso?

Tomás conseguiu mexer nos registros e conseguiu descobri isso que nos contou. Mas nunca descobriu o motivo disso. Talvez nem mesmo Max saiba o motivo disso. Qual era o objetivo deles após matar todos da América do Sul?

Além de tudo isso, ainda tem a cúpula. A cúpula que nos impede de sair daqui. O que tem lá fora? O que eles escondem de nós há anos?

São tantos segredos... Tantos mistérios. Será que algum dia nós iremos conseguir desativar essa cúpula e sair daqui?

Tenho medo de sair daqui e descobrir que o mundo já acabou há mais de cinquenta anos. Tenho medo de sair daqui e ver que o vírus está nos outros continentes também. Tenho medo de sair daqui e descobrir que lá fora é pior do que aqui dentro.

Respiro fundo. Não faço a mínima ideia de que horas são, mas ao olhar para o teto da barraca, vejo um pouco de luz solar tentando entrar. Não está forte, então com certeza não está perto do meio-dia. Talvez seja sete ou oito horas.

Me levanto. Percebo que estou usando a mesma roupa que usei ontem. Eu esqueci de me trocar ontem quando fui dormir. Ignoro isso e saio da barraca.

Não estou com fome, nem com sede e nem um pouco afim de voltar para a cama. Sei que não vou conseguir dormir de novo. Se eu me deitar, vou voltar a pensar sobre tudo isso, mas minha mente já está muito confusa.

Preciso me distrato com alguma coisa. Talvez eu possa ajudar em alguma profissão por aqui, afinal, se vamos ficar por um tempo, podemos ajudar pelo menos um pouco.

Caminho pelo parque que não contém nenhuma pessoa presente. Começo a caminhar em direção aos prédios, com a intenção de ir até a Goteira tomar um banho, mas algo me faz parar. Ouço algumas vozes.

Obviamente, troco meu caminho para ir em direção às vozes que estão vindo na frente do Museu de Arte Moderna. Preciso dar uma volta pelo edifício para encontrar de onde estão saindo essas vozes. Assim que chego bem na entrada, vejo várias pessoas reunidas enquanto cinco homens ficam posicionados de costas para mim e na frente de todos com uma prancheta na mão e gritando nomes. Percebo que é uma chamada quando as pessoas falam "presente" ou "aqui". Percebo que todos estão vestidos com roupas a prova de balas.

— Acho que estão todos presentes, menos o Kevin — fala um dos homens que está com a prancheta.

— Esse Kevin é um merda, ele nunca vem, acho melhor expulsar ele da sua turma de Buscadores, Mike — fala outro homem com prancheta.

O homem que se chama Mike ri e se vira. Assim, consigo ver seu rosto. Ele anota algo na prancheta. Seu cabelo é loiro e isso combina perfeitamente com seus olhos azuis. Seu nariz é pequeno e quando ele sorri, percebo que seus dentes são perfeitamente alinhados. Mike é bonito, mas não me impressiono com sua beleza.

Ele tira os olhos da prancheta e olha para frente, olhando diretamente para mim. Eu me assusto.

— Ei! — ele fala. — Quem é você?

— Ér... Eu sou... — gaguejo um pouco por causa do susto.

O homem que estava falando com Mike se vira e me vê também.

Escolhida || Livro 2 da Trilogia SinistraOnde histórias criam vida. Descubra agora