Capítulo Vinte e Cinco

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Já estava quase escuro quando fomos designados para algumas cabanas. Anne insistiu em querer dividir a dela comigo, mas eu recusei. Quero ir para uma cabana na qual eu fique com meus amigos. Por mais que eu tenha gostado de Anne, ainda não confio nela ao ponto de dormir ao seu lado. Aprendi a não confiar tanto assim nas pessoas. Qualquer um pode ser seu inimigo.

Anne me guia até uma cabana perto de um lugar que um dia já foi o Museu de Arte Moderna.

Quando estamos quase chegando, resolvi perguntar:

— Anne, onde está meu arco?

Ela olha para mim, sem parar sua caminhada. Suas sardas destacam seu rosto como se estivessem brilhando.

— Os Buscadores confiscaram todas as suas armas. Mas não se preocupe, Tomás provavelmente irá devolver.

Tomás... Me lembro que ele disse que iria nos chamar para falar sobre o Centro. Bom, até agora ele não chamou. Talvez ele nem chame. Talvez ele até tenha esquecido.

Daqui, consigo ver diversos lampiões elétricos pendurados em galhos de árvores por todo o parque. Vejo pessoas subirem em escadas para acendê-los.

Em cada ponto do parque há um lampião aceso. A luz amarelada deixa o parque ainda mais bonito.

Chegamos na barraca bem na hora que tem alguém acendendo um lampião pendurado no beliche. A menina se vira para nós e então eu vejo o rosto de Demi iluminado pela lâmpada ao seu lado. Ela sorri ao me ver e eu retribuo. Voltamos a ser colegas de quarto.

— Vou voltar para a minha barraca — fala Anne. — Boa noite.

Dou boa noite para ela e ela vai para fora da barraca, me deixando sozinha com Demi.

Estamos juntas de novo. Dormimos no mesmo lugar juntas novamente e não precisamos nos preocupar com alguém tentando nos matar de noite. Eu acho que não...

— Eu fico com a cama de cima — fala ela.

— Gosto da cama debaixo — falo.

Ela ri e pula para a sua cama. Vou para a minha cama.

Talvez as coisas seriam melhores se eu deixasse tudo para trás e viesse morara aqui. Mas isso seria deixar essas pessoas morrerem e deixar minha irmã com a LPB naquele maldito condomínio. Sinto um pouco de medo do que pode acontecer a cada segundo que passa. Foi sorte que ninguém tenha morrido ainda e tomara que essa sorte continue conosco para sempre.

Caminho até o beliche enquanto vou me sentar, a passagem da barraca de abre novamente e eu me viro. Levo um susto ao ver Tomás. Ele está com as mesmas roupas que estava vestindo hoje cedo e parecia que nenhum fio de seu cabelo havia se mexido até agora. Ele parece estar um pouco cansado, mas isso é a única coisa que mudou.

— Me acompanhem — ele fala.

Eu e Demi nos entre olhamos rapidamente. Ele sai sem esperar respostas. Então, nós o seguimos.

***

Caminhamos até uma outra barraca, um pouco maior que as outras.

Quando entramos, não me surpreendo com a presença de Harry, Ari, Dylan e Niall. Eles estão todos sentados ao redor de uma mesa redonda. Eu já sabia que eles estariam aqui e sei do que se trata essa reunião. Mas não esperava Louis sentado em uma das cadeiras. Ele tem o nariz enfaixado e percebo sua tremedeira. Parece que está... Com medo?

Será que ele tem medo de mim agora? Isso não faz muita diferença para mim, mas não tinha a intenção de traumatiza-lo com meu soco.

Escolhida || Livro 2 da Trilogia SinistraOnde histórias criam vida. Descubra agora