Capítulo Trinta e Dois

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*desde que comecei a reescrever o Escolhida eu estava ansioso para chegar nessa parte...*

Corro.

O mais rápido que eu consigo correr.

Em um corredor branco com lâmpadas brancas iluminando o ambiente.

Olho para trás e vejo a extensão branca do corredor que parece infinita. Não me lembro de ter corrido tudo isso. Não me lembro nem o motivo de estar correndo.

Quando meus pés vão parar, eu colido contra algo. Vidro. Me afasto um pouco do vidro que continua limpo mesmo comigo encostando minhas mãos totalmente sujas nele. Não vejo meu reflexo, mas vejo a continuação do corredor do outro lado do vidro. É quase a mesma visão da extensão branca do corredor que tem atrás de mim, exceto pelo fato de estar completamente escuro no final do corredor.

No meio da escuridão, consigo ver algo. Uma silhueta. A sombra de uma pessoa. Ele se aproxima. Ouço o som de seus sapatos batendo contra o chão. Com rapidez.

Antes da silhueta ganhar sua forma verdadeira, eu já sei quem está se aproximando.

Com as mesmas roupas que eu, com o mesmo rosto que eu, com a mesma altura que eu. Ela se aproxima. Ela avança. Com seus olhos vermelhos e seu sorriso amedrontador. Quando ela chega perto do vidro, eu a vejo levantar seu cotovelo e avançar na minha direção.

Antes de que a ponta de seu cotovelo acerte o vidro e o faça se estilhaçar em minha direção, sou acordada.

Demi me balança. Por alguns segundos, penso que estou no condomínio. Penso que ela está me acordando para irmos sair em busca de suprimentos. Mas ao perceber o tecido que forma a barraca atrás dela, eu me lembro de que estou no parque.

— Claire, Tomás está nos chamando — ela fala.

Já? Tomás provavelmente nos quer fora daqui o mais rápido possível. Talvez ele também se sinta ameaçado com a minha presença. Eles estão atrás de mim, podem aparecer aqui a qualquer momento. Eu o entendo.

Balanço a cabeça, tentando me despertar totalmente. Coloco minhas mãos no chão, procurando os mapas. Assim que os encontro, me levanto em um pulo. Sigo Demi para a cabana que Tomás sempre faz suas reuniões conosco.

Assim que entramos na cabana, somos recebidas por quatro olhares. Harry parece ter acabado de acordar também. Ele está sentado em uma das cadeiras em volta da mesa e veste as mesmas roupas pretas que estava ontem à noite. Isso me faz lembrar de que também estou com as mesmas roupas que usei no funeral de Luiz. Niall está de pé, roendo as unhas. Ariana está de braços cruzados e de pé também. Dylan está sentado na cadeira e com a cabeça deitada na mesa.

Todos exibem sorrisos, mas nenhum feliz o bastante para me convencer de que estão felizes com a ideia de que sairemos desse parque daqui alguns minutos.

— Onde está Tomás? — pergunto, indo em direção a uma das cadeiras e me sentando.

— Não sabemos, ele saiu e disse "já volto". — fala Dylan. — Pensei que tinha ido buscar vocês.

— Ele passou na nossa barraca, mas pensei que já estivesse aqui — fala Demi.

De repente, a abertura da barraca fica maior e a luz do sol invade metade da barraca. Tomás passa junto com outra pessoa que tem o nariz coberto por gazes. Louis.

A abertura da barraca se fecha e Louis nos encara por longos segundos. Ninguém diz nada, apenas encaramos Louis. Tomás não parece entender o que está acontecendo, então resolve quebrar o silêncio:

— Sentem, preciso falar com vocês antes de partirem.

Os que estavam de pé se sentam. Louis senta um pouco longe de mim. Percebo que seu olhar está voltado para o chão e para o teto. Ele evita olhar para mim.

Escolhida || Livro 2 da Trilogia SinistraOnde histórias criam vida. Descubra agora