Na véspera do dia combinado, Álvaro voltou a casa de Orlando para indicar qual o cartório onde se iria realizar o casamento.
- Por favor, liberta a minha filha desse compromisso.
- Tens como pagar as promissórias? É um acordo válido, o dinheiro em troca da liberdade dela.
- Espero até às 11 horas a vossa presença. Não pensem em não aparecer.
Juliette sentiu um baque no coração. Numa tentativa desesperada ligou novamente para Bernardo. A mesma voz feminina e a mesma resposta. Nada de chamadas e nada de visitas.
- A senhora, por favor, podia só dar-lhe um recado. Por favor, é a minha vida em jogo. Diga ao senhor Doutor que eu caso-me amanhã às 11 horas. Só isso, eu sou Juliette.
- Pode ficar descansada. Eu dou esse recado.
No entanto Juliette não ficou descansada. Chorou o resto do dia e não conseguiu pregar olho em toda a noite.
De manhã, conformada com o seu destino, tomou um banho e vestiu um vestido qualquer do seu guarda roupa. Colocou uns sapatos rasos e prendeu o cabelo num rabo de cavalo.
Com as olheiras muito acentuadas, passou apenas um correctivo e deixou de lado qualquer maquilhagem.
O seu pai já a esperava no exterior da casa. Estava com o semblante carregado e também não conteve as lágrimas ao pensar onde ia entregar a sua menina.
Sentiu-se a pior pessoa do mundo por ter permitido que as consequências dos seus actos caíssem sobre a sua única filha.
Ia dizer alguma coisa, mas Juliette colocou a sua mão na frente dos seus lábios.
- Não digas nada, pai. Nada do que dissermos vai alterar qualquer coisa.
Vamos enfrentar isto e seguir em frente.Álvaro e um outro homem de aspecto duvidoso estavam à porta do cartório e sorriu quando Juliette e o pai desceram do carro.
- Bom dia minha noiva e meu sogro.
Vamos despachar logo este assunto.- Onde é que eu vou morar, depois de casada? Eu quero ficar com o meu pai.
- Na minha casa, princesa. Não é como a do teu pai, Mas depois de lhe dares uma boa limpeza ela ficará aceitável.
E o teu pai pode ir lá quando quiser.Cada vez que olhava para aquele homem, Juliette sentia náuseas. Meu Deus como vou viver diáriamente com este homem?
- Quero ver as promissórias do meu pai.
- Aqui estão minha linda. Não confias em mim? Álvaro retirou-as do bolso da camisa.
- Não confio em quem usa truques sujos para atingir os objectivos.
- Fala aí com o teu pai que não controla o impulso do jogo. Quando ele passava as tardes e noites nos casinos aqui do meu amigo, ele não protestou.
- Esse aí é que é o causador disto tudo? Casas clandestinas para extorquir os mais fracos. Bandido.
- Vê lá como falas do meu sócio. Quando chegares a casa eu ensino-te o que é respeitar as pessoas.
- Ai de ti se tocares num fio de cabelo da minha filha.
- Fazes o quê? Já a vendeste. Há lá pior coisa que isso?
O escrivão veio chamá-los. Estava na hora deles.
Depois de conferidos todos os dados, identificadas as testemunhas que no caso eram o pai da Ju e o dono das casas clandestinas, o escrivão passou a ler as condições do matrimónio.
Mediante um sorriso debochado, Álvaro assinou o documento e passou a caneta a Juliette para que ela fizesse o mesmo.
Quando ele se inclinou sobre a mesa para proceder à assinatura ouviu chamar.
Juliette!!!!!
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Meu lírio roxo
FanfictionQuando os erros ultrapassam o bom sendo e o castigo recai em inocentes...