XI

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Bernardo melhorou e as visitas de Juliette começaram a ficar mais espaçadas.

Já tinham passado 3 meses desde a conversa que Rodolffo e Juliette tiveram na varanda da casa dele e ainda não tiveram oportunidade para o tal jantar.

A saúde de Juliette melhorou e felizmente todos os exames realizados não mostraram nada de anormal.

Viram-se no hospital em várias consultas.

Na última visita à médica,  Juliette passou primeiro na sala de Rodolffo.  A porta estava entreaberta e ela escutou vozes.

Não conseguiu decifrar o que diziam, mas espreitou levemente e viu Rodolffo sentado à secretária e uma moça sentada na perna dele com os braços dela ao redor do pescoço dele.

Voltou atrás e foi directamente para a sua consulta e após terminar regressou imediatamente a casa.

Já faz uns dias que não  vejo Juliette.   Hoje liguei e achei que ela não me falou como era habitual.  Talvez esteja stressada com as aulas.
Vou fazer-lhe uma surpresa.

Eu já conhecia bem os horários dela por isso hoje resolvi ir buscá-la à faculdade.

Esperei uns 10 minutos e quando os alunos começaram a sair, procurei-a entre todos.
Vejo-a já no final do grupo à conversa com outro jovem da sua idade.  Falavam e riam.  Por certo a conversa era interessante e animada.

Os nossos olhares cruzaram-se, ela fez um leve aceno, mas continuou para a saída, acompanhada do jovem.  Entraram os dois num carro desportivo e foram embora.

Eu senti-me um bôbo.  Fiquei sem reacção.   Por isso ela estava diferente ao telefone. 
Sei que não temos nada, nem devemos nada um ao outro, mas a indiferença dela incomodou-me.

Segui em direcção à casa dela e fiquei de longe vendo ela chegar.

O moço saiu do carro, foi abrir a porta dela e deu-lhe a mão para a ajudar a sair.  Trocaram dois beijos na face e ela entrou em casa.

Liguei o carro e parti a rasgar pneus.

Vi o Rodolffo na entrada da faculdade.   Não tínhamos combinado nada por isso deduzi que não estava à minha espera.  Talvez a outra moça seja estudante de enfermagem ou quem sabe de medicina e ele tenha vindo esperá-la.
Acenei-lhe num cumprimento ligeiro e vim para casa, aceitando a boleia de Vítor, meu colega de curso.

Voltei para casa.  O meu pai já se tinha recolhido, Maria também.   Tomei um banho, fui olhar no forno e tinha um prato de comida que ela deixava pronto para mim.  Comi e regressei ao meu quarto.

Tive muita dificuldade em dormir.  Para me distrair foi olhar as redes sociais, ou melhor, as dela.

Não havia nada de especial.  A última pastagem era de há um mês atrás e era a foto de uma flor com a inscrição.

Tão singela, mas ao mesmo tempo tão forte que nasce em terrenos bravios. Adoro-te meu lírio roxo.

Sorri ao ver o tipo de flores que ela gosta

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Sorri ao ver o tipo de flores que ela gosta.  Normalmente as mulheres são apaixonadas por rosas vermelhas.  Para nós homens vermos o quão pouco conhecemos as mulheres.

Decidi comentar.

Uhmm! Da cor da paixão. Uma canção para ti 💔

Desliguei o telemóvel e fui tentar adormecer.  A imagem dela com o outro rapaz não saía da minha cabeça.

Apesar de não ter visto nada comprometedor,  aquilo incomodava-me e muito.

Por fim, após voltas e voltas na cama fui vencido pelo sono.
Dormi até bastante tarde.  Era sábado e não  ia trabalhar.  Levantei-me a tempo de almoçar com o meu pai.

- Que vais fazer o resto do dia,  filho?

- Ainda não sei.  Ficar por aqui ou sair, logo vejo.

- A Juliette prometeu que vinha ver-me hoje.

- A que horas?

- Às 17 horas.

- Talvez eu saia.  Depois vejo.

- Estais zangados?

- Não pai.  Não nos temos falado.  Andamos ocupados.  Ela com as aulas e eu com o trabalho.

- Sei, mas a vida não é só isso.  Não se escondam atrás dessas desculpas  porque aí tem coisa.
Vou tirar um cochilo agora.  Pede à Maria para me avisar quando a Juliette chegar.

- Eu peço sim, pai.

Fiquei na dúvida entre sair ou ficar, mas resolvi sair.

Meu lírio roxoOnde histórias criam vida. Descubra agora