Bernardo melhorou e as visitas de Juliette começaram a ficar mais espaçadas.
Já tinham passado 3 meses desde a conversa que Rodolffo e Juliette tiveram na varanda da casa dele e ainda não tiveram oportunidade para o tal jantar.
A saúde de Juliette melhorou e felizmente todos os exames realizados não mostraram nada de anormal.
Viram-se no hospital em várias consultas.
Na última visita à médica, Juliette passou primeiro na sala de Rodolffo. A porta estava entreaberta e ela escutou vozes.
Não conseguiu decifrar o que diziam, mas espreitou levemente e viu Rodolffo sentado à secretária e uma moça sentada na perna dele com os braços dela ao redor do pescoço dele.
Voltou atrás e foi directamente para a sua consulta e após terminar regressou imediatamente a casa.
Já faz uns dias que não vejo Juliette. Hoje liguei e achei que ela não me falou como era habitual. Talvez esteja stressada com as aulas.
Vou fazer-lhe uma surpresa.Eu já conhecia bem os horários dela por isso hoje resolvi ir buscá-la à faculdade.
Esperei uns 10 minutos e quando os alunos começaram a sair, procurei-a entre todos.
Vejo-a já no final do grupo à conversa com outro jovem da sua idade. Falavam e riam. Por certo a conversa era interessante e animada.Os nossos olhares cruzaram-se, ela fez um leve aceno, mas continuou para a saída, acompanhada do jovem. Entraram os dois num carro desportivo e foram embora.
Eu senti-me um bôbo. Fiquei sem reacção. Por isso ela estava diferente ao telefone.
Sei que não temos nada, nem devemos nada um ao outro, mas a indiferença dela incomodou-me.Segui em direcção à casa dela e fiquei de longe vendo ela chegar.
O moço saiu do carro, foi abrir a porta dela e deu-lhe a mão para a ajudar a sair. Trocaram dois beijos na face e ela entrou em casa.
Liguei o carro e parti a rasgar pneus.
Vi o Rodolffo na entrada da faculdade. Não tínhamos combinado nada por isso deduzi que não estava à minha espera. Talvez a outra moça seja estudante de enfermagem ou quem sabe de medicina e ele tenha vindo esperá-la.
Acenei-lhe num cumprimento ligeiro e vim para casa, aceitando a boleia de Vítor, meu colega de curso.Voltei para casa. O meu pai já se tinha recolhido, Maria também. Tomei um banho, fui olhar no forno e tinha um prato de comida que ela deixava pronto para mim. Comi e regressei ao meu quarto.
Tive muita dificuldade em dormir. Para me distrair foi olhar as redes sociais, ou melhor, as dela.
Não havia nada de especial. A última pastagem era de há um mês atrás e era a foto de uma flor com a inscrição.
Tão singela, mas ao mesmo tempo tão forte que nasce em terrenos bravios. Adoro-te meu lírio roxo.
Sorri ao ver o tipo de flores que ela gosta. Normalmente as mulheres são apaixonadas por rosas vermelhas. Para nós homens vermos o quão pouco conhecemos as mulheres.
Decidi comentar.
Uhmm! Da cor da paixão. Uma canção para ti 💔
Desliguei o telemóvel e fui tentar adormecer. A imagem dela com o outro rapaz não saía da minha cabeça.
Apesar de não ter visto nada comprometedor, aquilo incomodava-me e muito.
Por fim, após voltas e voltas na cama fui vencido pelo sono.
Dormi até bastante tarde. Era sábado e não ia trabalhar. Levantei-me a tempo de almoçar com o meu pai.- Que vais fazer o resto do dia, filho?
- Ainda não sei. Ficar por aqui ou sair, logo vejo.
- A Juliette prometeu que vinha ver-me hoje.
- A que horas?
- Às 17 horas.
- Talvez eu saia. Depois vejo.
- Estais zangados?
- Não pai. Não nos temos falado. Andamos ocupados. Ela com as aulas e eu com o trabalho.
- Sei, mas a vida não é só isso. Não se escondam atrás dessas desculpas porque aí tem coisa.
Vou tirar um cochilo agora. Pede à Maria para me avisar quando a Juliette chegar.- Eu peço sim, pai.
Fiquei na dúvida entre sair ou ficar, mas resolvi sair.
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Meu lírio roxo
FanfictionQuando os erros ultrapassam o bom sendo e o castigo recai em inocentes...