Levei Juliette a casa e recomendei que descansasse bastante. O semblante dela estava mesmo a pedir um banho e uma cama.
- Juliette, andas a comer bem?
- Nem por isso. Não tenho tido muito apetite.
- E tens tido acompanhamento médico? Vitaminas?
- Nada. Tenho andado um pouco cansada por conta das aulas e da empresa do meu pai.
- E ainda queres passar horas ao pé do meu pai. Amanhã vou pedir a um colega que te consulte. Parece-me que há por aí uma falta de vitaminas.
- Em tempos tive uma grande anemia, mas superei.
- Amanhã quando fores ver o meu pai passa primeiro no meu gabinete.
Eu tenho uma cirurgia marcada. Se não estiver deixo indicações para ires falar com a minha colega.
Agora vai e descansa.Até amanhã.
- Até amanhã, Rodolffo.
Juliette entrou em casa, deu um beijo ao pai, trocaram algumas impressões e foi tomar banho. De seguida comeu uma sopa e foi direita para a cama.
No dia seguinte fez o que Rodolffo pediu. Foi ter com ele e ele acompanhou-a ao gabinete da médica Luísa.
Juliette foi consultada, conversou durante muito tempo com a médica e depois de recolher sangue para análise liberou-a. Quando os resultados chegassem ela contactava.
Saiu da consulta e foi para o quarto de Bernardo que estava zangado.
- Estou farto de hospital. Já me indispus com Rodolffo. O que faço aqui, faço em casa.
- Não é bem igual. Em casa cometemos vários erros. Deixe estar que o Rodolffo só quer o seu bem.
- Eu sei, mas estou farto de estar fechado aqui.
- Será que podemos ir ao jardim do hospital?
- Não sei. Vou perguntar ao meu filho.
Ele fez a ligação e ele não atendeu.
- Ele tinha uma cirurgia. Ainda não deve ter terminado.
Vou procurar uma enfermeira.Juliette saiu do quarto e regressou pouco depois.
- Pronto. Temos autorização para sair um pouco. Meia hora no máximo.
- Ai filha! Se não fosses tu.
Juliette ajudou-o a levantar-se, foi buscar o roupão e vestiu-lho.
Caminharam um pouco pelo jardim e depois sentaram-se num banco à conversa.
- Como está o teu pai?
- Está bem. Já conseguiu o divórcio. Está finalmente livre daquelas cobras. Está a levar a empresa nas calmas.
- E os teus estudos? Eu não quero que te prejudiques por minha causa.
- Não vou, garanto.
- E tu e o Rodolffo? Já superaram as diferenças?
- Estamos a dar-nos bem. Eu entendi que ele só o queria proteger.
- Mas não precisava de ser tão grosso. Não foi assim que eu o eduquei.
- Todos temos dias menos bons. Devia estar stressado com alguma coisa.
- Eu gosto que se dêem bem. Que sejam amigos ou quem sabe algo mais.
- Somos amigos sim.
Juliette resolveu ignorar o resto da frase.Rodolffo tinha dez anos a mais que ela e isso na cabeça dela já era um entrave para algo mais.
Depois, ele era já um cirurgião renovado e ela uma simples aspirante a enfermeira.- Juliette, eu soube que o Álvaro e o chefe dele foram mortos na prisão.
Parece que o caso do teu pai não era único. Havia na mesma cadeia alguns que não cederam às chantagens, mas também não pagaram as dívidas. Não têem a certeza mas cuidam que foram esses os autores da morte.
Apareceram enforcados nas celas., Não se perdeu nada. Seres como esses não fazem falta à sociedade.
Desculpe doutor, mas é a minha opinião.- São vidas, mas tens razão, não fazem falta.
- Vamos subir? Não vale abusar no primeiro dia.
Pegaram o elevador e já no corredor encontraram Rodolffo.
- Onde os dois pensam que vão?
- Fomos um bocadinho ao jardim. A enfermeira autorizou.
Bernardo deitou-se e Rodolffo foi medir-lhe a tensão e controlar os batimentos cardíacos.
- Está tudo bem. Se continuar assim vai para casa sábado. E tu Juliette? Como foi a consulta?
- Foi bem. Agora a doutora diz que me chama quando vierem os resultados das análises.
- Estás doente Juliette?
- É o que vamos ver pai, mas eu acho que deve andar ali muito cansaço e alimentação deficiente.
- Eu estou bem. Só tenho um pouco de falta de apetite.
- Cuida-te filha.
Rodolffo já não tinha mais que fazer no hospital, mas ficou por ali à conversa com Juliette e o pai antes de resolver regressar a casa.
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Meu lírio roxo
FanfictionQuando os erros ultrapassam o bom sendo e o castigo recai em inocentes...