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- Juliette!!!!
Não assines nada.

Juliette parou ao ouvir o seu nome e voltou-se imediatamente para trás  como quem desiste à última hora de saltar para o abismo.

Bernardo chegou acompanhado de 6 policiais que imediatamente algemaram Álvaro e o seu sócio.

- Presos por jogo ilícito, actividade criminosa, formação de quadrilha e extorção.

A polícia há muito tinha iniciado uma investigação às casas de jogo ilegais e com as provas apresentadas por Bernardo foi possível chegar aos cabecilhas.

- Neste momento estão a ser efetuadas buscas, tanto nas vossas residências como nas casas de jogo.

Juliette ainda atónita e chorosa, abraçou Bernardo.  O pai dela estava paralisado.  Não conseguia dizer nada.

A polícia preparava-se para abandonar o local quando Juliette os impediu.

- Um momento, senhores agentes.
Este canalha nojento tem uma coisa que me pertence. - chegou frente a Álvaro e retirou as promissórias do bolso entregando-as a Bernardo.  Pensou rasgá-las na frente dele, mas num raio de lucidez decidiu não o fazer.

Depois da polícia abandonar o local, Juliette,  Bernardo o Orlando saíram do cartório.
Já no exterior ela lembrou que ele estava doente.

- Como está Bernardo?  Liguei e disseram-me que estava muito doente.  Desculpe esta brulhada em que eu o meti.

- Estou melhor.  Quando a minha funcionária me disse que ias casar hoje eu sabia que tinha que agir.  Felizmente tenho bons amigos na polícia que agilizaram o processo.  Quase casavas, ein?

- Não tenho como agradecer tanta dedicação.   Muito, muito obrigada.

- Não agradeças.   Fazes-me lembrar da minha filhinha.  Hoje teria a tua idade.  Tenho muitas saudades dela.

Orlando, vê lá se isto te serviu de lição.  Quando eu estiver 100% recuperado vamos conversar para ver se há maneira de reabilitar a tua empresa.  Agora vão para casa e reflete nas más acções que te levaram até aqui. E cuida desta jóia de menina.

Juliette,  vou indo.  Sei que já vou ouvir um sermão do meu filho.  Ele não quer que eu saia ainda, mas já  podes aparecer lá em casa para conversarmos.

- Eu irei sim, Doutor Bernardo.  Preciso de alguns conselhos seus.  Agora vá e recupere rápido.  Muito obrigada novamente.

Num impulso,  Juliette abraçou Bernardo e deu-lhe um beijo na face.

Juliette viu-o seguir para o seu carro onde o seu motorista o aguardava e apoiando-se no braço do pai entraram no carro deste e decidiram almoçar num restaurante.

Não era dia de celebração,  mas Juliette sentia-se em festa.  Tinha-se livrado de um casamento e resolvido uma parte dos problemas do pai.

Orlando estava sentado à mesa do restaurante em frente à filha.  Não tinha palavras para expressar o orgulho que sentia dela.  Culpou-se de não ter sido o pai que ela merecia, mas prometeu que dali para a frente ia ser diferente.

- Pai, vais contar-me todos os problemas que a empresa tinha quando decidiste fechar.  Vamos tentar reabri-la.  Revemos contratos, falamos com o pessoal e negociamos com quem quiser estar connosco.

- Filha, tu tens a tua faculdade.  Quero que voltes a frequentar as aulas o mais depressa possível.   Sobre a empresa, eu vou sim ver o que é possível fazer.  Agora que vamos levantar a hipoteca da casa preciso muito de trabalhar para te ajudar.

- Eu vou falar com o Dr. Bernardo para ele me orientar.   E trata do teu divórcio rápido.   Eu não quero aquelas duas a rondar por aqui novamente.

Terminaram o almoço e seguiram para casa.

Juliette tratou de retirar tudo o que pertencia à madrasta e à filha.   Colocou tudo dentro de sacolas e foi colocá-las no depósito.  Se não vieram reclamar dentro de pouco tempo, vou doar tudo para a caridade.

Uma semana depois Juliette ligou para casa de Bernardo e perguntou se podia visitá-lo.  Resolveu ir depois de almoço, então foi fazer um bolo de chocolate para levar pois  sabia que era o favorito dele.

Meu lírio roxoOnde histórias criam vida. Descubra agora