Juliette chegou como combinado. Conversou durante um bom tempo com Bernardo pondo-o a par do seu progresso na faculdade.
As provas eram bem difíceis, mas Juliette era aplicada e os livros de Rodolffo que ela pegou, ajudaram imenso.
- Vais ficar mesmo pela enfermagem Ju?
- Ainda não sei. Mas eu quero ter uma profissão e exercer. Talvez depois me decida a cursar medicina. Vamos ver onde a vida nos leva.
- Tu e Rodolffo estão zangados, não estão?
- Zangados não. Um pouco afastados. Não quero atrapalhar a vida dele.
- Atrapalhar como?
- Eu vi ele no hospital com uma moça. Deve ser a namorada.
- Não sei de nada. Ele não comentou nada comigo.
E o teu pai, como vai.- Ai Dr. Bernardo! Não sei mais o que fazer. Anda enrabixado com a secretária. Espero que não cometa o mesmo erro da última mulher.
- Mas pelo que sei, ela já tem alguma idade?
- Sim. Até me parece ser uma boa senhora. É divorciada. Tem cerca de 50 anos.
- Deixa ele viver. A vida é curta.
- É. Felizmente agora eu tenho a parte financeira da empresa sob control. Não vou deixar que nenhuma interesseira se aproveite dele.
Rodolffo entrou naquele preciso momento, mas seguiu directo para o quarto.
Bernardo que não era tolo nem nada pediu a Juliette para aguardar um pouco e foi ter com ele ao quarto.
Bateu à porta e entrou sem esperar o convite.
- Desde quando te tornaste sem educação? Podias ter ido cumprimentar a minha visita.
- Não quis interromper a vossa conversa.
- Rodolffo, responde com sinceridade. Tens alguma namorada que eu não saiba?
- Não tenho ninguém, porquê?
- A Ju diz que te viu com uma moça no hospital.
- Tal como eu a vi com alguém na faculdade.
- Ishiiii! Juntou-se a fome com a vontade de comer. Não eram já amigos? Amigos também têm ciúmes ou não era só amizade?
- Ai pai. É complicado.
- Só porque vós quereis. Vai lá conversar com ela e resolver isso. Não quero esse clima entre os dois.
Rodolffo saiu do quarto juntamente com Bernardo.
- Ju, preciso de sair com a Maria. Surgiu um assunto urgente para tratar. Fiquem aí os dois a fazer companhia um ao outro.
Rodolffo sentou-se junto a Juliette que olhava o telemóvel.
- Como vais?
- Muito bem. Está na minha hora. Preciso ir.
- Não. Vamos conversar. Não gosto deste ambiente entre nós.
- O que queres conversar? Há pouco a dizer.
- Foste tu que disseste ao meu pai que eu tinha alguém?
- Sim. Disse a verdade.
- A tua verdade. Eu não tenho ninguém.
- Eu vi-te lá no hospital. Pareciam bem íntimos.
- Devias ter esperado para ver tudo. Não aconteceu nada. Foi só uma conversa.
- Ah sim. Agora quando eu quero conversar com alguém sento-me no colo dele e ponho os braços ao redor do pescoço.
- E não passou disso. Logo depois eu afastei-a.
- Também não interessa. Não sou dona da tua vida.
- E foi por isso que logo depois parecias tão seca ao telefone. E quando te fui buscar à faculdade e me ignoraste para vires de conversinha com o outro, sei lá quem.
- Pensei que tinhas ido buscar ela.
- Pensaste! Sabes quem ela é?
Como pensaste que ela era estudante?- Não interessa. Fazes da tua vida o que quiseres.
- É só isso que tens a dizer?
- É. Que mais querias que dissesse?
- Que me amas, como eu te amo, que tiveste ciúmes como eu tive.
- Não posso dizer só porque é o que querias ouvir. Não estou certa do que sinto.
- Isso não é verdade. Eu sei que me amas.
- Talvez, mas neste momento não quero entrar numa relação que me deixa dúvidas.
Não por ti, mas por mim.- Gostas do outro. Aquele que te trouxe no outro dia?
- O Vítor é um colega e amigo, apenas. Não tires conclusões.
- É só o que posso fazer. Era mais fácil para mim aceitar se me dissesses directamente que não gostas de mim. Eu sei que é mentira e não vou incomodar-te mais com este assunto.
- Quem sabe um dia mais tarde.
- Um dia mais tarde pode ser tarde demais.
- Então, não era para ser.
Juliette despediu-se saiu sem dizer mais nada. Rodolffo não fez nada para a impedir. Simplesmente deixou-a ir.
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Meu lírio roxo
FanfictionQuando os erros ultrapassam o bom sendo e o castigo recai em inocentes...