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Quatro meses se passaram.  Eu já era a Juliette enfermeira.

Fizemos uma pequena festa para comemorar, mas só para a família.

Eu sabia que estava grávida, mas escondia do Rodolffo todos e quaisquer sintomas.  Ele por vezes parecia um pouco desconfiado, mas até agora tem dado certo.  Todos estes meses eu procedi como se minha menstruação viesse.

Fui fazer uma consulta com a médica do hospital que Rodolffo me tinha indicado logo no início e contei-lhe que queria fazer um ultrassom que fosse surpresa para ele.

Ela agilizou com a colega obstetra e hoje era o dia.

Chamei o Rodolffo para me acompanhar.

- Amor, isso não é consulta de mulheres?

- Mas eu quero-te do meu lado.  Eu não gosto desses exames que mexem muito na gente.

- Está bem, eu vou.  A que horas?

- 14 horas.  Estás de plantão?

- Não.   Meu plantão termina às 13 horas.

- Eu vou lá ter.  Encontro-te no gabinete da médica.

- Está bem.

À hora marcada entrámos os dois para a sala da médica já informada da surpresa.

- Colega, esse ultrassom tem algum objectivo?

- Não,  colega.  Apenas verificar o estado do útero e ovários. - a médica disse o que primeiro lhe veio à cabeça.

- Juliette,  dispa-se naquele gabinete e depois vista a bata.

Juliette regressou e deitou-se na marquesa.

A médica passou o gel e demorou um pouco para começar o exame.

Respirou fundo e começou.  Rodolffo olhava atento para o ecrã e Juliette apertava com força a mão dele.

Ele olhou por um instante para ela e viu ela de lágrimas nos olhos.

- Que foi, amor.  Está a doer?

- Não.   Olha o ecrã.

Rodolffo olhou atentamente e no mesmo instante o bater do coração foi ouvido em toda a sala.

- Surpresa, pai!

- O nosso bébé,  Rodolffo.

Nesse instante o coração de Rodolffo parou.  Olhou Juliette que continuava a chorar, olhava a colega e o ecrã e não sabia se ele próprio havia de rir ou chorar.

Abraçou Juliette fortemente e começou a chorar.

- O meu bébé,  o meu bébé.

- Não,  disse a médica.   O seu bébé não,  os seus bébés.  São dois.

- Dois, gritou Juliette.
Amor, são dois.

Rodolffo não tirava os olhos do ecrã.  Queria ver todos os pormenores e ouvia todas as explicações da colega.

- Vou fazer a foto. 

- Já dá para saber o sexo? perguntou Juliette.

- Não.   De um eu desconfio,  mas é melhor esperar o próximo exame.

Juliette ouviu todas as explicações da médica sobre precauções e depois saíram.

Já no carro, Rodolffo estava sem palavras.

- Amor, desculpa ter demorado para te dizer, mas eu queria uma revelação surpresa especial

- Não peças desculpa.  Eu amei.
Dois Amor.  Tens noção que logo teremos duas pestinhas aqui connosco?

- Olha aqui a foto.  Dois Rodolffo!

- Pois é.  Para quem não queria já!

- Não estás triste por isso, não?

- Não.   Estou super feliz.  No fundo eu sempre quis.   A minha vida é que estava um trabalho só.

- E agora,  como é que fica a medicina?

- Agora vou ser mãe, enfermeira  e esposa.   No futuro logo se verá.

- A minha enfermeira,  minha esposa e mãe dos meus filhos.   Sou um sortudo.

Sei que a tua vida não vai ser fácil.  Duas crianças não são fáceis de criar ao mesmo tempo,  mas conta sempre comigo para te apoiar e ajudar em tudo.

Rodolffo nem queria acreditar, colocou a mão na barriga dela e beijou-a.

- Daqui a cinco meses, amor.  Cinco meses e as nossas crianças vêm conhecer estes pais maravilhosos.

- Obrigado, meu lírio roxo.

Obrigado por gostares de mim e me amares.
Obrigado pelo presentão de hoje.

Juliette acariciou a barba dele é beijou-o.

- Obrigada meu chão, minha rocha, onde me encontro e renasço a cada dia.
Obrigada por sempre me apoiares, por esperares e me ajudares a curar as feridas.
Obrigada por me amares e me fazeres feliz, todos os dias.

Fim

Meu lírio roxoOnde histórias criam vida. Descubra agora