. Aos poucos Rodolffo foi retirando a medicação que mantinha Juliette a dormir.
Hoje ia ver os estragos que o acidente causou. Embora ele estivesse confiante, só poderia ter a certeza quando ela acordasse.
Sentado a seu lado, fazia festinhas no seu rosto e segurava a sua mão. Esgotado psicológica e fisicamente, deitou a cabeça ao lado dela.
Cochilou, mas logo despertou com uma mão afagando os seus cabelos.
- Ju! Finalmente.
- O que aconteceu?
- Não te lembras?
- Lembro-me que estava a chegar à faculdade.
- Sofreste um acidente. Alguém foi contra ti.
Ela sentiu um ligeiro desconforto na cabeça e levou a mão.
- O que tenho na cabeça?
- Tiveste uma fractura e também não braço. Tens dores?
- Não. Só um aperto. Quem me operou?
- Fui eu.
- Estás com ar cansado.
- Estive sempre contigo.
- Vai descansar. Eu fico bem.
- Não te quero deixar. Dormi aqui no sofá.
Nos dias seguintes ele fez questão de estar sempre com ela em todas as horas livres.
Hoje ia dar-lhe alta. Juliette regressava a casa e ele estava triste.
- Porquê essa cara?
- Vais para casa. Quem vai cuidar de ti?
- Eu mesma. Ainda tenho uma mão livre.
- Há coisas difíceis de fazer só com uma mão.
- Tenho o meu pai, Rodolffo, mas aceito se quiseres ir lá ajudar.
- Posso?
- Sempre que quiseres.
Rodolffo deu-lhe um beijo na testa e esperou com ela que o pai dela chegasse para a levar.
- Assim que sair, passo lá em casa.
- Se for tarde não vás. Vai descansar que bem precisas.
- Vou descansar depois de te ver.
Juliette chegou a casa e encontrou Beatriz, uma jovem da idade dela, que o pai contratou para a ajudar nas tarefas básicas.
- Olá Beatriz. Esta é a Juliette, minha filha.
- Olá dona Juliette. Prazer em conhecê-la.
- Muito gosto Beatriz. Trata-me só por Juliette.
- Está bem. As suas rápidas melhoras.
- Obrigada.
Beatriz ajudou Juliette com o banho e a vestir-se. As duas tinham simpatizado uma com a outra e conversavam alegremente.
No final do dia Rodolffo chegou e Beatriz foi dispensada.
- Podes ir Beatriz. Obrigada. Chegou o meu médico preferido.
Beatriz sorriu e depois de cumprimentar Rodolffo saiu.
- Vês? Tenho a Beatriz, não precisas de te preocupar.
- E se eu quiser preocupar-me?
Terminado o jantar, Orlando recolheu-se ao seu quarto. Porque já lhe custava subir as escadas, adaptaram uma pequena sala no piso inferior para ser o seu quarto.
- Anda. Vem para o meu quarto para não fazermos barulho. O meu pai já vai dormir aqui mesmo ao lado.
Subiram as escadas e entraram no quarto da Ju.
- Ju. Eu preciso ir embora. Já está tarde e precisas descansar.
- Fica comigo.
- O quê? Dormir aqui?
- Sim.
- Tens a certeza?
- Tenho. Há uns meses tive medo, mas hoje não tenho mais. Eu quero-te e se tu ainda me quiseres então vamos tentar.
- Eu quero tanto como lá atrás. Todo este tempo sonhei com este dia.
Queria ter planeado algo bonito mas contigo tudo se torna bonito.Queres ser minha namorada?
- Eu quero muito.
Rodolffo debruçou-se sobre ela e beijou-a apaixonadamente.
- Vou dormir contigo, apenas. Quero que a nossa primeira vez juntos seja especial. Vou esperar que estejas recuperada.
- Obrigada por seres esse ser tão paciente. Amo-te.
Amanhã sais a que horas?- Tenho que estar no hospital às 8 horas da manhã. Vai ser o dia todo.
- Mas vens dormir cá?
- Se der eu venho. Preciso ir a casa. Aqui não tenho roupa.
- Traz alguma para deixar cá.
Juliette dormiu muito bem nessa noite aconchegada no seu peito.
Rodolffo acordou cedo. Beatriz fazia o café quando ele desceu e Orlando já estava sentado à mesa.
- Bom dia doutor.
- Bom dia. Só Rodolffo por favor.
Orlando desculpe ter dormido cá. Eu e Ju estamos namorando. Espero que nos dê a sua bênção.- Toda. Finalmente. Já não podia ver a tristeza no olhar da minha filha e eu sabia que que era por sua causa.
Sente-se e tome café comigo.- Obrigado.
Beatriz, pode preparar uma bandeja para a Ju. A seguir eu levo.Conversaram um pouco, Orlando saiu para o trabalho e Rodolffo subiu com o café da Ju.
- Dorminhoca. Aqui tem o seu café.
É favor comer tudo porque o seu pai confidenciou-me que a menina não come direito.- O meu pai sabe que dormiste cá?
- Claro que sabe. E já sabe que namoramos. Tivemos a sua bênção.
- Preciso ir, Ju. Acho que vou passar em casa primeiro. Preciso de um banho e trocar de roupa.
A Beatriz já está lá em baixo, qualquer coisa, chama.- Tá bom. Obrigada amor.
- Juízo que esse braço e essa cabecinha ainda não estão curados.
Eu volto assim que puder.
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Meu lírio roxo
FanfictionQuando os erros ultrapassam o bom sendo e o castigo recai em inocentes...