VII

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Tudo seguia o seu rumo.

Juliette regressou à faculdade e nas horas vagas auxiliava o pai que aos poucos vinha levantando a empresa.

Os clientes e fornecedores aos poucos foram regressando.  Alguns funcionários antigos também.

Orlando fechou portas não por grandes dívidas mas por não ter capacidade de realizar negócios futuros.  Os funcionários estavam com os salários em dia, só não tinham garantias de pagamentos futuros, daí a opção ter sido o encerramento.

Com os concelhos e acessoria de Bernardo as coisas haviam melhorado bastante.

Juliette sempre que precisava de conselhos,  fazia uma visita ao banco.  Nunca mais apareceu na casa dele apesar dos protestos.

O filho de Bernardo,  vulgo, Rodolffo Ochoa,  tentou por diversas vezes desculpar-se com ela, mas ela simplesmente ignorava as suas chamadas.  Atendeu a primeira vez e assim que ele se identificou, ela desligou o telefone.

Hoje, Juliette saiu de casa bem stressada em direcção à faculdade.

O dia ia ser todo preenchido com aulas.

Eram 17,30 horas quando ela abandonou a sala da última aula e se dirigiu ao ponto de ónibus.

Mal atravessou o portão deparou-se com uma pessoa, a segurar um enorme buquê de rosas que lhe tapavam completamente o rosto.
Por baixo um enorme cartaz onde se podia ler em letras garrafais:
       Desculpa Juliette

Juliette olhou em volta e não soube como reagir.

Vendo todos os olhares cairem sobre si, dirigiu-se à pessoa.

- Que vergonha!  Pare com isso, disse ao perceber quem era o autor de tamanha cafonice.

- Só depois de entrares no meu carro e ouvires as minhas desculpas.

Com raiva ela entrou batendo a porta com força.  Ele entrou no lado do motorista,  colocou as flores no colo dela e o cartaz no banco de trás.

- Vamos daqui para fora, depressa.  Que vergonha.  Com que cara eu vou chegar aqui, amanhã?

- Vergonha porquê?  É só um pedido  de desculpa.

Rodolffo conduziu por um bocado até parar numa zona deserta.

- Precisava de me expor assim?

- Precisava recusar todas as minhas chamadas?  Eu só quero pedir desculpa por aquele dia.  Fiz julgamentos precipitados.  O meu pai já sofreu muito por outras jovens que só quiseram aproveitar-se da falta que ele sente da Bella.

- E foi logo igualar-me a todas elas.  Sem nem me conhecer.

- Sim.  Fiz julgamentos precipitados.  Depois o meu pai contou-me a tua história.  Eu só quero que me desculpes e voltes lá a casa.  O meu pai sente falta das vossas conversas.

- Eu costumo visitá-lo no banco.

- Não é igual.  Lá em casa estão mais à vontade. A saúde dele está bem frágil.  Não quero que ele se aborreça.

- Então é por isso que quer as minhas desculpas?  Só pela saúde do seu pai?

- Também,  mas eu sei que não agi bem.  Não tinha o direito de te insultar daquela maneira.

- Está bem.  Eu visito o Dr. Bernardo no final de semana.  As aulas da faculdade estão a ocupar-me muito tempo e ainda tenho que dar apoio ao meu pai.

- E como vai o negócio?

- Crescendo devagarinho.  Mas estamos muito satisfeitos.

- Ainda não disseste que me desculpavas.

- Está bem.  Está desculpado.

- Janta comigo, como prova que me desculpaste.

- Aí já é querer demais. 

- O que tem?  É só um jantar.

- Fica para outra noite.  Deixe-me em casa por favor.

Conformado e não querendo forçar, Rodolffo dirigiu em direcção à casa de Juliette.

Sentiu que precisava de conversar mais com ela mas resolveu não apressar as coisas.

Juliette saiu do carro e pousou as flores no banco.

- Nem as flores vais aceitar?  Por favor, aceita como um sinal do meu arrependimento.

Juliette sorriu e então pegou no buquê  fechando a porta enquanto soltava um até depois.

- Vais mesmo lá a casa no sábado?  Posso dizer ao meu pai?

- Sábado ou Domingo.   Depois eu ligo.  Tchau.

- Obrigado.  Tchau.

Rodolffo ficou a olhá-la até ela entrar em casa.

Ligou o motor do carro e partiu.

Meu lírio roxoOnde histórias criam vida. Descubra agora