Seis meses depois tudo caminhava de igual modo.
Juliette mergulhou nos estudos e apenas saía de casa para a faculdade ou para se reunir na empresa com o pai.
Comprou um carro e assim evitava a longa espera pelos ónibus.
O pai estava sempre a alertá-la. Cuidado, filha. Precisas de descansar. Esta noite nem te deitaste que eu vi.
- Tenho muito para estudar. Depois eu descanso.
Mas nunca descansava. Perdeu alguns kgs e o seu semblante era de uma pessoa triste.
O pouco contacto com Bernardo era porque ele sempre telefonava. Nunca mais se encontraram pessoalmente e também nunca mais viu Rodolffo.
Rodolffo tentava saber dela através do pai. Após a última conversa decidiu esperar que ela tomasse a iniciativa de se aproximar o que não aconteceu.
Deixou rolar e foi aceitando que ela não queria ter nada com ele. Durante estes seis meses teve uns afaires mas após a primeira saída descartava logo a moça.Por muito que não quisesse, ele sempre fazia comparações delas com Juliette e apesar dela não querer nada com ele, ele continuava apaixonado.
Juliette deitou-se tarde. Era mais uma noite de estudo e foi dormir quando sentiu os olhos arderam de tanto fixar letras.
Já era madrugada. Tinha 3 horas até se levantar para a faculdade.Adormeceu rapidamente e sonhou com ele o tempo todo.
No sonho, ela estendia o braço e chamava, mas ele começou a afastar-se até desaparecer por completo. Sentiu-se a cair num precipício e entretanto acordou assustada.A cabeça parecia querer estalar. Levantou-se e foi em direcção ao banheiro. Sentou-se no chão e deixou a àgua cair sobre a cabeça e as lágrimas rolar pela face.
Terminou de se arrumar, tomou um café e pegou numa maçã.
Entrou no carro e dirigiu até à faculdade.No momento em que estacionava, um carro desgovernado descia a rua e veio embater directamente contra a porta do lado dela, fazendo o carro capotar.
Juliette sentiu o embate e não sentiu mais nada.
Uns alunos que acabavam de chegar, tentaram socorrê-la mas ela estava encarcerada na carroçaria do carro. Não era possível movê-la e também estava desacordada.
O pronto socorro chegou rápido. Tiveram que usar uma máquina para cortar o metal que a prendia no interior do veículo. Depois de retirada e estabilizada, apenas era visível uma fractura exposta num dos braços e um grande ferimento na cabeça.
Rodolffo estava de plantão quando foi avisado de um sinistrado resultante de acidente rodoviário, com fracturas.
Seguiu rapidamente para a urgência e após ver Juliette naquela maca entrou em desespero.
A equipe viu a reação dele e perguntou se queria ser substituído.
- Não. Eu consigo fazer isso.
Respirando fundo, foi retomando a serenidade normal e começou a assistir Juliette, encaminhando-a depois para o centro cirúrgico.
Foram longas horas. O raio X não mostrava outras fracturas além de braço. O que o preocupava era o ferimento na cabeça.
Depois de cortarem o cabelo dela, - foi como uma facada no coração dele, pois ele adorava o cabelo,- ele inspeccionou a àrea e começou a cirurgia. Precisava desobstruir uma àrea afectada pela fractura do crânio.
Depois de terminado o procedimento ele respirou de alívio. Parecia pior do que era, mas ainda precisava esperar que ela acordasse para perceber as sequelas.
Depois de engessarem o braço, levaram-a para um quarto isolado.Rodolffo cuidou que nada lhe faltasse.
O pai da Juliette foi avisado, assim como Bernardo. Só por causa de Rodolffo eles puderam vê-la por 10 minutos. Estava sedada por precaução, logo não havia necessidade de estarem ali.
Rodolffo terminou o seu turno e manteve-se junto dela. Queria acompanhá-la em tudo. Pediu dispensa do trabalho durante dois dias para poder estar à sua cabeceira.
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Meu lírio roxo
FanfictionQuando os erros ultrapassam o bom sendo e o castigo recai em inocentes...