III

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Bernardo analisou os vários documentos que estavam na pasta deixada pelo pai da Juliette.

- Uhmmm!  Tem aqui material muito interessante.  Confias em mim para eu levar e analisar melhor?

- Neste momento não me resta mais nada.  Eu confio.

- Olha!  Toma o meu cartão com os contactos.  O Banco onde trabalho tu sabes onde é.
Não faças nada precipitada.  Se o fulano aparecer, vai enrolando.

- Obrigada.  Fico a aguardar noticias.

Dois dias depois Álvaro apareceu em casa de Juliette.  Ao saber que Orlando estava internado, -por ter tentado suicidar-se, precisou de ser avaliado por um psiquiatra, - ficou muito furioso.

Com medo do que ele pudesse fazer, Elisa foi logo adiantando que tinham acordado o casamento com a Juliette.

O animal arreganhou a dentuça mostrando a podridão dentro daquela boca.
Juliette ao ver aquilo correu para o banheiro e vomitou.
Meu Deus, como vou conviver com isto? pensou só para si.

Sara foi avisar que ele queria a presença dela na sala.
Juliette fez um esforço e regressou.

- Minha querida noiva.  Casaremos dentro de 15 dias.  Vou mandar o local da cerimónia.

- Antes de eu assinar, quero as promissórias do meu pai na minha mão.

- Lá estarão na hora.

Depois dele sair, Juliette foi ligar para Bernardo a contar o sucedido.

- 15 dias não é muito tempo, Juliette.
Vou ver se posso acelerar as coisas.

- Obrigado,  senhor Bernardo.

Mas os dias passavam e as notícias que Juliette queria não chegavam.  O pai teve alta e regressou a casa onde teve que lidar com a indiferença de Elisa e Sara.
Agora que já não havia dinheiro, vinha o desprezo e a humilhação.

Juliette passou a cuidar do pai e resolveu trancar o próximo semestre na faculdade.

Reuniu com a madrasta e a meia irmã e aconselhou-as a procurar emprego para se manterem pois do dinheiro dela, ela não teriam nem um pão.

Elisa debochou e simplesmente virou costas.

Enquanto Orlando esteve no hospital as duas andaram ao ataque.  Elisa conhecia muita gente de dinheiro do tempo que era GP e tratou logo de reatar contacto com alguns.

Um dos trouxas tinha tido um acidente e tinha perdido uma das pernas.  Outrora tinha sido apaixonado por ela, mas por ser casado nunca a quis assumir e nessa altura ela não queria ser exclusiva.  Ganhava mais como GP do que fixando apenas com um mesmo ele sendo rico.

Almoçou com ele, disse que tinha casado e não tinha dado certo e que estava sem ter onde morar.  Ainda lhe falou ao coração dizendo não ter a certeza de quem era o pai da filha, mas poderia até ser dele.

Antes do acidente ele tinha-se divorciado da esposa e Elisa logo lançou o anzol.  O patinho caiu depressa e as duas já estão de mudança.

Perante o olhar incrédulo de Orlando, Elisa e Sara arrastavam as malas pela sala.  Juliette abriu a porta e ajudou a empurrar as malas.

- Quanto mais depressa as pragas saírem, mais depressa se desinfecta o local.  Vão pela sombra que o sol pode derreter todo esse betume.

Mal elas saíram, bateu a porta com força e foi consolar o pai.

- Amanhã vamos tratar dos papeis do divórcio.   Depois de estar assinado, vamos resolver a hipoteca desta casa.  Para isso eu tenho dinheiro suficiente.

- Estou tão arrependido de não te ter dado ouvidos.

- Não penses nisso agora.  Uma coisa de cada vez.

O prazo de 15 dias estava a esgotar-se e não havia notícias de Bernardo.

Juliette não queria ser chata mas estava angustiada.  Lutou muito para não ligar, mas não teve jeito.  Ela precisava de uma luz.

Pegou no cartão e ligou.  Do outro lado da linha, uma voz feminina respondeu que o Dr. Bernardo tinha tido um problema grave de saúde e estava totalmente proibido de contactar com quem fosse.  O filho tinha proibido as chamadas e as visitas.  Estava em casa totalmente isolado.

Juliette desejou as melhoras, agradeceu e desligou.

Se alguma esperança tinha passado pelo seu coração, nesta altura perdeu-a completamente.  Não via outra solução senão casar com Álvaro.

Não contou nada ao pai.  Também ele estava esperançoso que o bancário ajudasse a filha e ela não queria aborrecê-lo agora.
Foi para o seu quarto e chorou.  Ultimamente tinha chorado mais que durante grande parte da sua vida.

Meu lírio roxoOnde histórias criam vida. Descubra agora