VI

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Bernardo ficou feliz por saber da visita de Juliette.   Desde que a conheceu, sentiu logo uma empatia enorme.

Ainda não estava completamente recuperado do problema cardíaco por que tinha passado, e, constantemente era repreendido pelo filho.

Juliette chegou com o seu bolo de chocolate e cobertura de brigadeiro, passava pouco das 14 horas.

- Olá Juliette.   Mesmo a hora de tomares um café comigo.

- E trouxe o bolo que nós gostamos.

- Uhmm, que bom.

Bernardo pediu à sua empregada para trazer dois cafés, dois pratos, e seguiram para a varanda.
O dia estava meio nebulado mas a temperatura era agradável.

Juliette cortou uma fatia de bolo que entregou a Bernardo e logo a seguir outra para si.

O tempo passa rápido quando a companhia é boa e a conversa flui.  Já eram cerca das 17 horas, ouviram alguém chegar.

- Deve ser o meu filho.  Hoje não teve  plantão.  Foi almoçar com amigos.

- Estou aqui, filho!  Na varanda.

Ouviram-se passos apressados.  Ao ver o pai acompanhado, mostrou o seu descontentamento.

- Quando vais parar de trazer essas piranhas para dentro de casa.  Elas só se querem aproveitar de ti.  Pára de pensar na minha irmã.
Nenhuma delas pode trazê-la de volta.  
Tu  vês  a Bella em qualquer uma.  Já tiveste experiência no passado que essa gente só se quer dar bem à tua custa.

- Foi essa educação que eu te dei, filho?  Pede já desculpa à Juliette.

- Não peço desculpa nenhuma.   Eu sei o que vai acontecer e tu tens experiência do passado.  Essas aí só querem aproveitar-se da tua boa vontade.

- Desculpe Dr. Bernardo.  Já vou indo.  Não estou aqui para ouvir estas barbaridades de gente que nem me conhece e faz julgamentos precipitados.  Essas aí não sou eu.  Piranha é o raio que te parta seu mal educado.

Como pode um homem tão educado e gentil ser pai de um ser abominável?  Reveja as suas falas e não julgue todos por uns.
Deixe de chupar limão logo quando acorda.  Isso faz mal e como cardiologista devia saber.

Juliette deu um beijo na face de Bernardo e dirigiu-se para a porta, não sem antes soltar mais uma.

- Coma duas fatias desse bolo para ver se adoça o sangue.  Deve beber sempre café sem açúcar.   Óh homem azedo da piúla!

Dr. Bernardo, depois conversamos.   Adeus.

- Adeus Juliette.  Desculpa.

Juliette saiu e Bernardo estava possessso com o filho.

- Desde quando te tornaste tão mal educado?  Precisavas de insultar a moça?

- Eu sei o que isso vai dar pai.  Já vi isso noutros tempos.

- Meu filho.  A Juliette é diferente.  Eu só quero ajudá-la com os meus conhecimentos de advocacia.
Sabes que a semana passada salvei-a de casar com um velho nojento?

- E porque ia casar com ele?

- Para livrar o pai da prisão.  O pai contraiu uma dívida elevada de jogo e assinou umas promissórias.  Ela ia trocar a liberdade dela e a carreira para o pao não ir para a prisão.   Ela estuda enfermagem,  até trancou a faculdade.

- Desculpa pai.  Não fui muito correcto, mas eu não quero que tu sofras.  Vou ter que me desculpar com ela.

- Ela é uma guerreira, filho.  Estivemos a discutir os problemas da empresa do pai.  Ela quer ajudá-lo a reerguer-se.  Outrora ele foi um bom cliente do banco.  Vou ajudá-la no que for preciso.

- Desculpa mais uma vez.  Hoje estou um pouco stressado.  Mas esse bolo tem um óptimo aspecto.

- Foi ela que fez, mas não sei se mereces comer.

- Ela disse para eu comer duas fatias, pai!

Riram os dois.

- Depois dás-me o número dela para eu me desculpar, está bem?

- É bom que o faças logo.

Meu lírio roxoOnde histórias criam vida. Descubra agora