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Era um domingo quente e portanto, os amigos de Amaury o convenceram de liberar a piscina de sua cobertura. Chegaram com cortes caros de carne e presenças animadas.

Apesar de sua postura tão rigorosa e séria em seu ambiente de trabalho, Amaury era um cara família e que se divertia aos montes quando junto de pessoas próximas, com aqueles que confiava e que tinha um histórico importante.

Alguns eram ainda de seu período de faculdade, outros de encontros da vida, alguns apenas grandes amigos, que acabaram por se tornarem família de coração.

Depois da maioria já estar lá, Felipe, seu melhor amigo, chegou animado em um samba despojado, arrastando o chinelo por toda a casa antes de ir para a área externa, onde o som estava alto, embora não o suficiente para atrapalhar as conversas.

Em seguida seu último convidado chegou, fazendo com que Amaury fosse recebê-lo com um abraço, ainda que estivesse molhado do mergulho na piscina há alguns minutos.

— Achei que não viria.

— Até parece, você me ameaçou.

A voz calma e jovial de Bruno respondia enquanto se soltava do abraço em seguida.

Amaury o pegou pelo ombro e foi o empurrando para a parte externa, com a grande piscina e a área de lazer com seus amigos em comum.

Bruno era irmão da ex esposa de Amaury, Alba. O garoto havia entrado na Eysium quando a agência ainda era algo realmente pequeno, apenas mais um nome entre os demais. Se tornou modelo de comerciais e lojas de roupas no início da adolescência, que foi quando Amaury e Alba se conheceram e começaram a se envolver. Bruno, após alguns anos, acabou preferindo pegar os menores trabalhos possíveis, já que descobriu que não era aquilo que queria de verdade.

Começou então a fazer teatro há alguns anos e desde então era apaixonado pelo que fazia, e quando não estava nos palcos, passava horas na academia, sendo vaidoso e esforçado.

Ainda que o casamento de Amaury e de Alba não tenha dado certo, a relação dele com Bruno nunca se desfez, já que foi até mesmo o empresário quem pagou pela sua faculdade e o ajudou em momentos difíceis de sua vida.

A relação de Amaury também não era ruim com a ex esposa, se falavam, ainda que com baixa frequência. Ela arrecadou bastante dinheiro no divórcio com as participações dela dentro da Elysium no período que permaneceram juntos, e agora usava o dinheiro para viajar o mundo inteiro.

Bruno, portanto, além de ser família, também era ex modelo e com isso, sabia o que a agência escondia, muito embora nunca tenha estado no esquema.

Ele não criticava, assim como também não se envolvia.

Já estavam ali há algumas horas, com o sangue alterado pelo álcool e as barrigas cheias. Deitado em uma das espreguiçadeiras, Amaury olhava por toda São Paulo ali de cima. Apesar disso, o empresário estava constantemente alimentando os próprios pensamentos que o levavam a Diego.

Ele imaginava que o modelo poderia gostar da comida, da bebida, até dos seus amigos. Quanto a música, ele ainda não tinha identificado totalmente o gosto musical de Diego, mas, se ele quisesse e pedisse, Amaury trocaria a rádio sem pensar.

Amaury até achava engraçado pensar já que, alguns minutos atrás um de seus convidados lhe encontrou na cozinha, enquanto espremia um limão para levar até a tábua de carnes. Uma mão úmida tocou sua cintura, passando pelas costas e então, despretensiosamente, voltando a área externa. Quando Amaury o olhou, o homem por cima do ombro o encarava, com um sorriso ladino aos lábios em um flerte velado, silencioso, já conhecido por eles dois.

Red Lights | DimauryOnde histórias criam vida. Descubra agora