Diego acordou tarde no domingo, sentindo-se cansado, como todos os dias pós shows. Os braços se esticaram pelos lençóis caros, percebendo então estar sozinho. Abriu os olhos sonolentos, observando ao redor e reconhecendo o quarto organizado com as cortinas ainda cobrindo as janelas, embora conseguisse notar a luz forte entrando pelas frestas aos cantos.
Após fazer sua higiene pessoal e sair do quarto, sentiu um cheiro bom, fazendo a barriga faminta roncar imediatamente. Possivelmente já era tarde, mas não conseguia se certificar quando sequer lembrava de onde estava o próprio celular.
O cheiro o levou até a cozinha, podendo notar o homem de metro e oitenta sem camisa cortando algo em uma tábua de madeira, de costas para ele. Diego encostou na parede, cruzando os braços e observando enquanto Amaury virava minimamente o rosto para vê-lo também.
— Com fome?
— Morrendo.
Respondeu com um sorriso, se aproximando de um dos bancos próximo a bancada, apoiando os cotovelos no mármore e inclinando devagar o tronco para focar em Amaury. O observava claramente, a maneira que cortava os alimentos, os temperava, como segurava a panela, ou até mesmo como levava a colher gentilmente a boca para experimentar o sabor.
Era estranhamente sensual.
Diego, entretanto, não moveu um dedo. Não porque não quis, embora realmente não quisesse, mas porque na madrugada Amaury lhe prometeu uma boa comida, e naquele momento recusou qualquer ajuda dele. Então Diego se preocupou apenas em colocar uma música e desenrolar a conversa confortável que estavam tendo sobre arte e política.
Ele pôde constatar que Amaury tinha outra bela qualidade: cozinhava perfeitamente bem. Tinha um sabor mais caseiro, de família, confortável. Completamente diferente das comidas congeladas e de restaurantes que estava acostumado, já que tinha preguiça de cozinhar.
À noite foram para o evento prometido, e embora Diego tenha permanecido boa parte do tempo ao lado de Amaury, as pessoas pouco o viam. Estavam obcecados pela presença importante do dono da Elysium Management, que era o tempo inteiro requisitado para uma entrevista rápida, ou para ser apresentado para amigos e familiares de outras pessoas importantes.
Diego, entretanto, aproveitou o evento para ser atrevido. Deslizava a mão pela coxa de Amaury, assim como quando sentados, deixava que o pé roçasse as pernas alheias, subindo até a virilha por debaixo da mesa, escondido dos olhares curiosos, mas fazendo-os se encarar de uma maneira que apenas eles entendiam.
Apesar disso, o modelo fugia de qualquer toque um pouco mais malicioso do outro, esperando-o frustrar o suficiente para que voltasse a provocá-lo, como sussurrar palavras sujas em seu ouvido pouco antes de vê-lo cumprimentar algum executivo ou presidente de grandes marcas.
O olhar que o alcançava era de pura ameaça, e ele genuinamente gostava do que lhe esperava em retorno.
Quando tarde da noite foram embora, os corpos agitados e excitados não aguentaram chegar ao destino, e em uma ansiedade agonizante e a ânsia por continuar a aventura perigosa que perdurava por toda à noite, foderam no meio do parque Villa Lobos sob o vento frio da madrugada, na adrenalina e o tesão latente que os engolia vivos.
゚:*
Apesar do clima ter melhorado significantemente depois dos últimos eventos, Amaury ainda se via sem conseguir ler Diego.
Ele ia até sua casa, pedia, ainda que implicitamente para fazerem amor, mas não tinha coragem de dizer o motivo pelo qual foi lá. Diego continuava fugindo, como se ficar escondido fosse muito mais fácil para ele. E realmente era.
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Red Lights | Dimaury
FanfictionO mundo da moda é repleto de glamour e sofisticação, porém, por trás das passarelas, os segredos que tecem os bastidores podem não ser tão glamourosos assim. Em meio a dualidade desse mercado, Diego Martins, cantor e drag queen, instigado pelos holo...