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Tanta coisa havia acontecido nos últimos dias, semanas e meses, que, mesmo tendo a comprovação de sua veracidade, de que aquela era sua nova vida, Diego ainda não havia se acostumado.

Na realidade, ele acreditava que dificilmente iria mesmo se acostumar. Mais de um milhão de seguidores nas redes sociais, uma enorme quantidade de fãs lhe oferecendo carinho e atenção, projetos de streaming para suas músicas, companhia, respeito, companheirismo. Seus fãs eram lindos, se dedicavam a ele, viajavam todo o país para assistir um show, ainda que fosse pequeno, de menos de uma hora. Mas eles estavam lá, o prestigiando, o celebrando, o admirando.

Ele acabou de gravar seu primeiro EP com cinco músicas, um novo clipe a caminho, revistas disputando para ter o seu rosto na capa. Seu trabalho crescia, seu reconhecimento chegava e ao mesmo tempo em que ele esperou por aquilo por toda sua vida, ele também nunca parou para pensar no que fazer após isso.

Ok, e agora? Qual é o próximo passo?

Amaury entendia, acompanhava e o apoiava. O buscava quase todos os dias que ficou no estúdio gravando as músicas, mesmo que sequer fosse necessário. O prestigiava, os olhos brilhavam, adorava cada música, mesmo que não fossem nada compatível com seu gosto musical.

Ele gostava porque, além da qualidade que compunha toda a arte, era Diego quem fazia.

No dia seguinte ao evento, saíram diversas fotos dele com Amaury, tanto no tapete vermelho como durante o evento, e principalmente enquanto estavam sentados flertando descaradamente um com o outro, naquela bolha que por mais que parecesse impenetrável e invisível, não era.

Uma das fotos claramente demonstrava o olhar baixo de Amaury, o lábio úmido pela própria saliva enquanto a mão era tomada por veias saltadas ao apertar com tanta força a coxa de Diego, ainda que sobre os panos exagerados que a cobriam naquela noite.

Outra foto divulgada e comentada nas redes sociais foi a que Amaury falava em seu ouvido, com os dedos tocando o pescoço em um toque tão lento, suave, mas cheio de intensidade ainda assim. O sorriso que desenhava os lábios cobertos de batom não entregava toda a malícia, mas eles bem sabiam.

Amaury quis reclamar e pedir que as fotos fossem retiradas do ar, mas já era tarde, já estava em toda a internet e Diego sugeriu que deixasse para lá. Ele até que tinha gostado.

Também já fazia algum tempo, muito mais semanas do que era o acordado entre eles, e depois de tanto buscar mais e mais coisas em seu apartamento, chegou o momento em que Diego já tinha buscado tudo, e sobraram apenas os móveis.

"Por que você não leva sua mãe e seus irmãos pra lá?", perguntou Amaury, quando ele se deu conta de que Diego também já tinha aceitado sua permanência ali, e o outro imóvel estava sendo mantido apenas para guardar os móveis, já que não tiveram uma verdadeira conversa sobre o que fazer com isso.

Amaury disse que eles já estavam morando juntos, e não havia necessidade de manter o outro apartamento vazio. Ele estava certo. Diego se encarregou de levar a família para lá, onde eles estariam seguros e confortáveis. Foi a melhor decisão, pois finalmente o ex-padrasto os havia deixado em paz e não sabia onde eles estariam morando, permitindo que todos pudessem viver suas vidas normalmente.

Apesar da distância, e principalmente de ter uma academia inteira e enorme no prédio em que agora estava morando, Diego fez questão de continuar frequentando, pelo menos duas vezes por semana, a academia de antes.

O motivo?

Bruno.

Bruno tinha sido um bom amigo, mesmo apesar dos pesares. Ele se desculpou pelo jogo duplo, e se mostrou genuinamente feliz pelos amigos, afinal, ele realmente amava toda sua ligação e sua história com Amaury, além de ter criado um carinho enorme pelo que começou a construir com Diego desde que o conheceu.

Red Lights | DimauryOnde histórias criam vida. Descubra agora