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Amaury mantinha sua postura imponente, como sempre, firme, preciso e determinado. Não era um pedido, e Diego percebeu isso no instante em que sentiu o peito doer, clamando desesperadamente pelo oxigênio que lhe era esquecido.

A sensação de fraqueza tomou conta, deixando-a ofegante e trêmula, especialmente quando Amaury se afastou, deixando-a sem apoio além do vidro frio contra suas costas, que parecia a única coisa que a impedia de desabar.

Amaury terminou de beber o uísque que restava no copo de Diego, segurando-o com firmeza entre os dedos, deixando o líquido descer pela garganta, uma queimação familiar. Um simples gesto de inclinação da cabeça foi suficiente para indicar que ela obedecesse.

— Vai.

Diego sentiu-se complacente, como se sua essência, sua força, tivesse sido sugada completamente. Mesmo que ainda estivesse montada, não era sua persona dominante que assumiria o controle naquela noite.

Era um consenso.

Após desmontar-se e tomar um banho reconfortante, tomou a liberdade de mexer nas gavetas de Amaury e pegar uma blusa branca de algodão, duas vezes maior que o necessário, como se estivesse buscando refúgio em suas próprias vestes. Os pés descalços retornaram até a sala, onde pôde notar Amaury bebendo mais um gole do uísque.

Apesar disso, ele sabia a hora de parar, e sabia que era aquela, antes que pudesse ter suas decisões influenciadas pelo álcool em vez de sua vontade própria e nítida.

O ambiente agora era tomado por uma música baixa, quase ambiente, se não fosse pelo ar sensual da batida que Diego já conhecia.

I'm gonna feel it, feel it so strong
This is making me alive
We don't even have to say goodbye
I'm gonna feel it, feel it so strong
This is tryna make me alive
We don't even have to say goodbye

— Não achei que você soubesse como procurar playlists sensuais no spotify.

Disse sorrindo, deixando que a mão tocasse o balcão de mármore frio com a ponta dos dedos. Se aproximava devagar do anfitrião, que virado em sua direção, esticou uma das mãos para segurá-lo pela cintura, puxando-o até que os troncos se encostassem.

— Você me subestima tanto.

Reclamou Amaury com a voz baixa, próximos o suficiente para que Diego sentisse o hálito alcoolizado e atraente a poucos centímetros de sua boca.

Ambas as mãos subiam os braços expostos do maior, caminhando pelos ombros e então, o pescoço. Em seguida o abraçava, deixando que os antebraços cobrissem a nuca e os deixassem, portanto, ainda mais próximos.

Diego ficou na ponta dos pés, buscando alcançar com maior facilidade o ângulo direto com os olhos de Amaury, ainda que não fosse o suficiente.

— Tô aqui, como você queria.

Falou em um sussurro, se referindo a maneira em que estava, longe das maquiagens e das roupas milimetricamente costuradas em seu tamanho. Apesar disso, a linha d'água dos olhos ainda era coberta por um lápis manchado difícil de sair, presente, porém suave. Amaury gostava.

Um grunhido em confirmação e um movimento lento de cabeça concretizou uma resposta silenciosa de Amaury enquanto ele se inclinava, deixando as pálpebras pesarem nos orbes escuros, os fechando e grudando as bocas em um beijo lento, deslizando os lábios macios com os seus, encaixando-os.

A respiração era puxada com força aos pulmões, fazendo-os sentir o ar quente em suas respectivas bochechas conforme se conectavam com as línguas macias e úmidas, rodeando-as e compartilhando os próprios sabores para que se tornassem apenas um.

Red Lights | DimauryOnde histórias criam vida. Descubra agora