Tenor

Capítulo 13

Londres, The Boltons Street - Terça, 22:15PM

     Yara assistia a uma série qualquer que passava na televisão, com Gregory sentado ao seu lado, enquanto ela estava quase deitada no grande sofá.
     Dividiam um grande recipiente de nachos e um pote médio de molho de queijo parmesão, sem falar uma palavra sequer.

– Yara, não se esqueça que o exame é amanhã. – A mulher de cabelos escuros colocou uma parte do seu corpo dentro da sala, olhando para o sofá onde os jovens estavam. –

– Já deixou avisado para a escola? – Yara virou a cabeça em direção a tia. –

– Já, provavelmente você deve estar lá na segunda aula, no máximo, na terça.

– Ok! – Mostrou que havia entendido e logo após voltou a prestar atenção. –

– Eu estou indo dormir e é bom vocês não demorarem muito para ir também, já está ficando tarde e terão que acordar cedo amanhã, não quero ninguém amanhã reclamando que está com sono!

– Tá bom, tá bom, boa noite, mãe! – Gregory falou sem desviar o olhar da televisão, apenas levantando o braço e acenando para a mãe. –

– Boa noite, madrinha!

– Boa noite, queridos. – A mulher se despediu, subindo as escadas para ir ao seu quarto. –

Londres, South Kensington - Quarta, 07:06AM

     Hadley abria lentamente a porta do quarto do irmão com o molho de chaves reservas da casa.
     Já estava preocupada com a ausência do irmão nesse horário, já que Lux, quase nunca, se atrasava para o colégio. O atraso de Lux já era motivo de alarme para Hadley, que, naquele ponto, nem sabia mais do que o irmão era capaz de fazer consigo mesmo e temia isso.
     A garota adentrou o quarto, já avistando de cara o irmão com apenas uma calça moletom, deitado na cama com o rosto virado para a direção oposta da porta. Hadley se aproximou da cama e tocou a pele quente e pálida do irmão, que abriu os olhos azuis rapidamente.

– Oi? – Falou com a voz fraca. –

– Não vai para o colégio hoje? – Continuou com a mão na testa do irmão, estranhando a temperatura do seu corpo, que parecia mais elevada do que o normal. –

– Não me sinto bem. – Resmungou, escondendo o rosto nos travesseiros. –

– O que está sentindo? – Perguntou. –

– Como se meu mundo inteiro estivesse desmoronando. – Dramatizou, mesmo que fosse verdade. –

     Hadley notou que o irmão tremia, muito provavelmente, de frio. Tirou a mão da testa de Lux, ouvindo um gemido abafado de dor sair dele quando ela, acidentalmente, o arranhou com sua unha. Hadley caminhou até uma das divisórias do grande armário do quarto de Lux e pegou um de seus cobertores.
     Abriu o grande cobertor azul marinho e jogou-o por cima do irmão, que aparentou abraçar o cobertor assim que sentiu-o.

– Parece que está com febre, fique aqui hoje e eu ligo para a mamãe e peço para ela avisar ao colégio.

– Não, não incomoda ela e não perde tempo. – Moveu a cabeça para olhar para a irmã. Estava pálido como um vampiro. – Pode deixar que eu ligo, ao menos desse jeito ela escuta minha voz.

– Tem certeza? – Olhou-o, claramente com dúvida. –

– Uhum.

– Ok, então eu vou indo, vou falar para a nova moça vir dar uma checada em você de hora em hora e quando eu estiver voltando para me arrumar para os treinos, eu passo na farmácia e compro algum remédio para você.