Tenor

Capítulo 15

Londres, Westminster School - Segunda, 13:02PM

     Todos os alunos da Westminster já estavam andando pelos corredores e por todo o exterior do campus do colégio, prontos para voltarem para casa.
     Yara, entre toda a multidão que sempre havia odiado, tentava alcançar o loiro, que parecia mais rápido do que o normal. Ela havia percebido Lux tão aéreo durante as aulas de hoje, que preferiu não falar com ele durante aquele tempo, mas agora era inevitável, não poderia deixar o trabalho de lado.
     Então, totalmente fora da sua zona de conforto, Yara começou a se desviar das várias pessoas, que, diferente dela, não pareciam se importar em estar no meio de tantas pessoas. Assim que conseguiu alcançar Lux, Yara segurou-o pelo ombro, chamando a atenção do rapaz, que olhava para ela indiferente.

– O trabalho, precisamos marcar o trabalho. – A garota falou um pouco ofegante, não pelo cansaço, mas pelo sentimento de sufocação. –

     Lux percebeu mais a respiração de Yara do que a sua voz, o que o fez procurar um canto mais isolado e acabar levando-a até o lado de uma das escadas, onde estava mais vazio.

– Repita, por favor. – Ele disse. –

– A gente precisa ajeitar as coisas do trabalho. – Yara tentava recuperar o fôlego. –

– Bem, vai ser depois dos treinos, agora você decide se vai ser na minha casa ou na sua. – Deu de ombros, como se aquilo fosse óbvio. –

     Yara ficou um tempo pensando sobre. Era claro, as duas casas eram opções terríveis, mas SaintClair teria que eleger a mais aceitável.
     Pensou mais um pouco e decidiu que era melhor arriscar mentir, do que dizer a verdade.

– Na sua é melhor, se eu aparecer com você em casa, o Gregory surta. – Revirou os olhos, já imaginando a ceninha que o irmão faria. –

– Ele também surtaria se você soubesse que você esteve na minha. – O loiro retrucou. –

– Não surtaria se ele não soubesse. – Explicou, fazendo Lux levantar as sobrancelhas. –

– Olha para a brasileira, vivendo à risca. – O garoto falou de forma irônica. –

– Ah, sim, eles produziram Velozes e Furiosos se inspirando em minha vida. – Yara respondeu no mesmo tom, fazendo Lux quase sorrir de canto. – Eu tô falando sério!

– Se você diz. – Deu de ombros, tentando voltar ao semblante de sério. –

     O pequeno local ficou alguns segundos em silêncio, parecendo preencher o canto em que Yara e Lux estavam, sufocando-os.

– Bem, me passa o seu endereço, que o horário eu já sei. – A garota tentou brincar, em uma tentativa de esconder sua vergonha. – Eu pego um táxi quando sair do segundo turno.

– Por acaso se esqueceu que eu vou estar aqui também? – Yara olhou-o confusa, não entendendo o que ele queria falar com aquilo. – É só me encontrar no estacionamento, você vai comigo, é estúpido deixar você pagar para ir ao mesmo lugar e na mesma hora que eu vou.

– Não vou te incomodar? – Um aperto nasceu no peito de Yara, fazendo-a lembrar da noite do baile, onde tudo parecia tão estranho. –

     Yara não tinha certeza se Lux sabia que ela e a garota da máscara, a qual ele estava a centímetros de beijar, eram a mesma pessoa. Não que uma máscara mudasse totalmente a pessoa, mas, naquela festa, ela estava irreconhecível para algumas pessoas, poderia estar para Lux. Afinal, Yara achava que ele não reparava tanto nela, não ao ponto de reconhecê-la com metade da face coberta.
     Mas esse era um dos medos que Yara tinha atualmente, que Lux soubesse que era ela naquela festa.