Capítulo 16

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Londres, The Boltons Street - Segunda, 21:05PM

     Yara entrava pensativa na casa, não conseguia engolir todos os acontecimentos e todas as informações que haviam quase a atacado naquela noite.
     Não conseguiu deixar de perceber em como Lux parecia bem mais tranquilo com a situação do que ela. Estavam tão perto um do outro, tão próximos e, pior, ambos haviam imaginado e cogitado um beijo entre eles. Quem Yara se tornaria se beijasse Lux Fagan?
     Sem mencionar o fato de que Lux sabia exatamente quem era ela e o que havia quase acontecido entre eles na noite do baile. Sabia que ela havia corrido dele, que havia dançado com ele e, outra vez, quase o beijado.
     Ele sabia daquilo tudo e havia ficado calado todo esse tempo. Calado e misterioso.

     Yara caminhou tonta de pensamentos pela casa, mas quando viu a imagem do irmão, sentiu todo seu corpo gelar e o foco dos pensamentos mudarem.

– Onde esteve? – Perguntou firme. –

     Pensou em uma resposta que parecesse realista, logo se lembrou da desculpa perfeita.

– Na casa da Abby, não te falei? – Tentou manter o rosto sério. – Tínhamos que fazer o trabalho de geometria, acabamos perdendo a noção do tempo.

– Entendi. – Cruzou os braços, se apoiando no batente da porta da sala. – Sabe algo engraçado? Keith e Abby ficaram o resto da tarde toda aqui em casa, mas nem sinal de você. A Abby te deixou fazendo o trabalho sozinha na casa dela?

     Yara sentiu o corpo petrificar e a boca ser colada.
     Como responderia Gregory? Como lidaria com aquela situação? Pior, como diria a ele que estava com Lux, sem fazê-lo pirar?

– Com quem estava, Yara? – O garoto perguntou outra vez, porém, agora bem mais irritado. Sem respostas. – Eu só não grito, por conta da minha mãe, que já está dormindo, então vou perguntar mais uma vez, de forma pacífica. Com quem você estava, Yara? Onde esteve?

     A situação estava sem saída, mas, diferente do que Yara esperava de si mesma, ela não havia ficado aflita, havia ficado irritada.
     Irritada pela forma que Gregory falava com ela, irritada por ele cobrar tanto dela. Quem era ele, afinal? Que tipo de argumento ele tinha para usar contra ela?

– Você não precisa saber. – A garota se irritou também. – Você não é meu pai, não é o meu responsável, não devo satisfações. – Começou a caminhar em direção às escadas, mas viu Gregory tomar a frente. – O que quer?

– Um pouco de confiança, é difícil? – O garoto tentava não gritar. – O que de tão ruim estava fazendo que não se sente bem em me contar?

– Eu só não preciso contar tudo para você! – Colocou as mãos nos quadris. –

– Mas às vezes é bom saber onde esteve até tão tarde assim. – Viu a garota revirar os olhos em tédio, logo, acalmou seu tom de voz. – Dolly, entenda meu lado, entenda como é saber que você pode correr perigo por negligência minha

– Por que? Por que eu não tenho mais ninguém para me proteger? Por que eu sou uma vadia estúpida que confia em todo mundo? Por que eu sou uma ingênua burra? – Interrompeu-o. – Acredite em mim, Gregory, eu sei me virar sem meus pais, sem família! Eu não sou uma estúpida que não sabe nem quando está correndo perigo, eu sei me cuidar, eu tive que aprender a me cuidar.

– Você ainda tem uma família, Yara.

     A garota não respondeu, apenas desviou de Greg e voltou a caminhar, parando no meio da escada para ouvir o que o primo tinha a dizer.

– Você estava com o Lux, não estava? – Perguntou irritado, cerrando os punhos involuntariamente. –

– Ele não é quem você pensa que é, Gregory. – Falou ainda sem olhá-lo. –

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