Londres, St. Mary Hospital - Terça, 05:01AM
Yara andava pelos assustadores corredores do hospital, ansiando pelo momento em que chegaria ao quarto em que Lux estava.
Quando havia chegado no corredor desejado, sentiu o seu corpo paralisar quando percebeu a grande movimentação de profissionais e o barulho agonizante que se repetia. Não deveria estar vindo daquele quarto, oh, não poderia, nem nos piores pesadelos da garota.
Correu até o cômodo em que Lux estava, sem pensar duas vezes.– Lux! – Gritou ao entrar no quarto. Não demorou muito para que fosse agarrada por uma das enfermeiras. – O que aconteceu com ele? O que vocês fizeram com o Lux?
– Senhorita, se acalme! – A mulher puxava a garota para trás. –
– Não! Ele não pode morrer! – Falou em português pelo desespero, começando a chorar, sem tentar se controlar. – Sabe quantos anos ele tem? Dezoito, só dezoito! Ele é muito novo para ir! – Nem sabia como conseguia pensar em outra língua naquele momento. – Sabia que eu falei que ensinaria algumas coisas em português para ele? Eu também prometi que faria coisas do meu país, sabia? Eu não posso deixar esse idiota me deixar aqui!
– Senhorita, se acalme! – Esbravejou impaciente, sentando Yara em uma das cadeiras amarelas do corredor extenso. –
Yara descansou o seu corpo na cadeira e se pôs a chorar, apoiando seus braços na coxa e escondendo seu rosto entre as mãos.
Lux abria os olhos de forma lenta, apenas enxergando um fundo branco e um ponto de luz.
Queria fazer algo para parar o barulho agonizante e a pressão que sentia no peito. Queria fazer algo para mostrar que estava lá.– O aparelho estava desconectado. – Um dos enfermeiros sinalizou, conectando o aparelho em Lux outra vez. – O paciente está bem. – Informou ao escutar os batimentos cardíacos do garoto e olhar para ele, que ainda abria os olhos de forma lenta. – E está acordando.
Yara não conseguia encontrar um ponto de paz em sua mente. Como aquilo foi acontecer? Por que aquilo foi acontecer?
Quando sentiu uma mão tocar o seu ombro, era como se um choque percorresse o seu corpo.– Senhorita. – Ouviu uma voz grave chamá-la. – O senhor Fagan se encontra bem, na medida do possível.
De repente seus sentidos voltaram. Levantou o rosto e olhou vagamente para o médico.
– O aparelho que media os batimentos cardíacos do paciente, havia sido desconectado por acidente, foi apenas um susto causado por um erro, pedimos eternas desculpas. – Mantinha um semblante e um tom de voz sério, que não acalmava nem um pouco Yara. – O paciente se encontra bem e, inclusive, já está acordado.
– Posso vê-lo? – Perguntou cheia de esperança. –
– Claro.
Yara caminhou até o quarto, ainda um pouco chorosa. Quase quis voltar a chorar quando viu o loiro de olhos abertos, – que estava analisando qualquer coisa que estivesse em seu braço – mas apenas correu até ele o abraçou, deixando-o ligeiramente confuso. Mas SaintClair nunca havia ficado tão feliz ao ver aquele tom de azul.
– Você me deu um susto do caralho, seu idiota! – Fungou. – Que bom que está bem, eu fiquei tão preocupada, nem sabia mais o que fazer.
– Você estava chorando?
– Eu quero saber um dia, desde domingo, em que eu não chorei. – Riu ao soltá-lo, enxugando algumas lágrimas que havia deixado escapar. –
– Por quê? – Estava em um misto de surpresa e confusão. – Por minha causa?

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Tenor
Misterio / SuspensoEnquanto o sangue dela se espalhava pelo concreto e sua vida se despedia do mundo, ele sentia a sua alma sair do corpo junto com o morno da pele da amada. Quando Londres é assombrada com mais um assassinato frio, a cidade toda para quando desc...